Echoes of Fate

Capítulo I.

Anabel havia chegado recentemente à cidade, em busca de um refúgio para sua alma atormentada. Seus olhos âmbar, outrora cheios de vida, agora refletiam as marcas de seus sonhos perturbadores. Desde criança, ela era assombrada por visões que pareciam misturar-se com a realidade, deixando-a confusa e temerosa do seu próprio dom.
Seu refúgio era a pintura, onde ela podia expressar seus tormentos em formas e cores que a cativavam.
Ana era uma artista e tanto, fazia belos quadros, dignos de exposições dos mais diversos e bonitos museus, mas, o mundo não estava preparado para suas criações.

— Anabel, querida, volte para casa antes do entardecer. — sua tia disse pelo outro lado da ligação, Anabel então, se questionou o porquê do entardecer, havia algo que ela não se recorda? Isso apenas aumentava a sede da sua curiosidade...

— Tia, estou explorando a cidade... Logo mais estarei por aí, certo? — ela sorri, sua tia apenas concorda, encerrando a ligação. - Bom... vamos explorar.

Em devaneios, Anabel anda pelas ruas da pequena cidade de Místicalia, ela não era tão vasta e ampla, poucos habitantes, mas muita história... histórias cuja ela não sabia sobre, mas de alguma forma, descobriria.
Seguindo por uma ponte em um lago, apesar de sua beleza inegável, o lago emana uma sensação de mistério e uma aura inquietante, mas então, Ana avista um castelo... o castelo bonito, porém sombrio, se ergue majestosamente em um penhasco rochoso, imponente e imbuído de mistério. Sua arquitetura é um testemunho da grandiosidade passada, com torres pontiagudas que se projetam para o céu, dando a sensação de alcançar as estrelas. As muralhas de pedra, gastas pelo tempo e marcadas por séculos de história, Anabel estava alucinando?

— Mas o que... — ela segue até a entrada do castelo, haviam plantas e musgos por todas as partes, ele parecia muito mal cuidado; eram portas enormes e com uma estrutura antiga. Mesmo sendo um desastre, havia beleza por ali, flores bem cuidadas, um ambiente aceitável e quentinho. Ao entrar no interior do castelo, encontra-se um lugar de grandeza decadente. Salões exuberantes e vazios ressoam eco dos passos, enquanto cortinas pesadas de veludo vermelho balançam suavemente com a brisa do lado de fora. Lustres pendem do teto abobadado, emitindo uma luz fraca que ilumina apenas parcialmente os móveis do local, haviam alguns retratos... retratos que parecem observar os visitantes com olhares enigmáticos.

Anabel sentia a empolgação percorrer seu corpo enquanto se aproximava dos objetos dentro, aquilo despertava uma imensa inspiração. Enquanto caminhava por um corredor estreito, uma porta antiga chamou sua atenção. Ela estava entreaberta, convidando-a a entrar, então, empurrou-a lentamente, revelando uma sala ampla e empoeirada. No centro, havia um objeto brilhante que capturou seu olhar. Ela notou detalhes perturbadores. Pinturas desbotadas retratavam cenas macabras de rituais sombrios, e móveis antigos estavam cobertos por um véu de poeira e abandono, era o único canto nada agradável daquele castelo. No centro da sala, ela viu uma mesa de pedra coberta por velas e um livro antigo, com capa de couro desgastada. Anabel se aproximou, sentindo uma atração irresistível pela sabedoria contida nas páginas envelhecidas.

Enquanto seus dedos percorriam as páginas amareladas, uma voz sussurrou em sua mente, ecoando como um eco distante. "Use o conhecimento com sabedoria, pois o poder contido nessas palavras é tanto uma bênção quanto uma maldição". Anabel sentiu uma conexão inexplicável com aquelas palavras, como se estivesse destinada a desvendar os segredos ocultos no livro.

— Ora, ora... — uma voz ecoou por todos os cantos daquele local, Anabel estava assustada, seu coração estava quase saindo de sua boca.

— Q-quem está aí? — ela pergunta gaguejando por conta do acontecido repentino, olhando aos arredores, a voz então apenas sorria, sua risada era minuciosamente má, havia maldade naquilo.

Então a imagem de uma mulher se formou por aquela área, como uma sombra, ela estava muito bem arrumada, sua vestimenta era exata para uma ocasião social. As velas ao redor no centro da mesa foram acesas, ela já não podia se mexer mais, mesmo insistindo, não havia possibilidade de mexer um músculo sequer.

"Como ela está fazendo isso?" Anabel pensou, então a mulher ri, ela apareceu da escuridão, cabelo longo; ondulado por um profundo preto, o que destacava sua personalidade, sua estatura era robusta, sua pele pálida, sua boca avermelhada como sangue e uma sombra enigmática em volta de seus olhos junto aos mesmos... um olhar sem vida, cheio de impiedade e antipatia, eles estavam vermelhos e brilhantes, não era uma cor comum. Por um momento, Anabel não teve reação.

— O que faz aqui? — Teodora perguntou sorrindo maliciosamente, possuía um ar irônico em sua fala. — Onde estão seus pais para não lhe darem a devida educação de não mexer no que não te pertence e convém?

Teodora posicionou um dedo sobre o queixo de Anabel, ela o levantou para observar diretamente o rosto de Ana. Sua pele rosada pelo calor, o olhar sereno mesmo em uma situação como aquela, seu longo cabelo castanho brilhante, a cor de seus olhos se assemelhavam a âmbar.

— Patético. — ela vira o queixo de Anabel com uma certa força. Não parecia nada satisfeita com as atitudes da mesma.

Teodora olhava fixamente nos olhos de Anabel, com um brilho malicioso em seu olhar. Ela rodeava a garota, a expressão no rosto de Teodora era uma mistura de desdém e divertimento, como se estivesse brincando com Anabel como uma presa indefesa.

— Você realmente achou que poderia desvendar os segredos deste lugar sem as consequências? — Teodora disse, sua voz ecoava pelo local, enchendo o ambiente com uma presença macabra. — O que você procura está além da sua compreensão, e você está brincando com forças que não pode controlar.

Anabel sentiu um calafrio percorrer sua espinha, mas manteve-se firme, mesmo diante da ameaça iminente. Ela se recusava a ceder ao medo, sabendo que estava no caminho certo para descobrir a verdade sobre o castelo e o poder que ele guardava.

— Eu sei que há mais do que aparenta neste lugar. — Anabel respondeu, sua voz firme, demonstrando sua determinação, quase cuspindo toda sua coragem sobre ela.

Teodora soltou uma risada cínica, como se estivesse se divertindo com a coragem de Anabel.

— Muito bem, então continue seu pequeno jogo de descobertas. Mas saiba que as consequências podem ser devastadoras. Você está brincando com magia ancestral, com um poder que ultrapassa sua compreensão humana. E, no final, você pode se arrepender de ter se envolvido nisso tudo.

Anabel olhou para Teodora, sem vacilar.

— Eu estou disposta a enfrentar qualquer desafio para descobrir a verdade. Não importa o que aconteça, eu não vou desistir.

Teodora sorriu sombriamente, como se estivesse satisfeita com a resposta de Anabel.

— Muito bem, Anabel. Seja corajosa, mas lembre-se de que tudo tem um preço. A estrada que você escolheu pode ser perigosa e solitária. Mas se você estiver disposta a pagar o preço, talvez encontre o que procura.

Com essas palavras enigmáticas, Teodora desapareceu na escuridão, deixando Anabel sozinha na sala repleta de mistérios. A garota se sentiu ainda mais determinada a prosseguir em sua busca, sabendo que o caminho à sua frente seria repleto de desafios e perigos.

Ela pegou o livro antigo novamente nas mãos e olhou para as páginas cheias de conhecimentos proibidos. Apesar dos avisos de Teodora, ela sabia que estava no caminho certo. O poder contido naquele livro poderia ajudá-la a desvendar os segredos do castelo e a encontrar respostas que há muito tempo estavam perdidas.

Com uma mistura de excitação e apreensão, Anabel fechou o livro e o guardou com cuidado. Ela sabia que a jornada estava apenas começando, e estava pronta para enfrentar o que viesse pela frente.

Enquanto Anabel se preparava para sair da sala, uma última frase ecoou em sua mente:

"O destino está entrelaçado diretamente com suas escolhas, Anabel. Cada passo que você dá, molda o caminho que você seguirá..."

Essas palavras ressoavam em sua mente enquanto ela se retirava do castelo, agora, mais assombroso.