Quando a gente acha que vai ficar tudo bem, a vida vem e dá uma rasteira.

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VERKLEMPT:
Do iidiche: tomado pela emoção. situação em que lima pessoa é incapaz de se comunicar devido ao seu estado
emocional

                            LYIAH DEVERAUX

As meninas e eu acordamos cedo e tomamos café juntas. Elas me conhecem bem e sabem que embora eu não diga, odeio fazer qualquer refeição sozinha. Talvez seja reflexo de alguma ausência na infância, mas não sou especialista em traumas para dizer com certeza.

Noite passada meu sono foi tranquilo, mas ainda assim povoado de assuntos mal resolvidos que eu não queria lembrar, mas que o retorno de Haven trouxe á tona. Não que eu a esteja responsabilizando ou algo assim, ninguém aqui está no controle desse tipo de acontecimento.

— ... ele é lindo, muito lindo mesmo. E bom de cama! — isso é Chelsea falando sobre o seu novo romance — vocês precisam conhecê-lo!

— não sei não hein... você costuma ter o dedo podre e só aparece com lixo radioativo por aqui.

Ela me fuzila com o olhar e levanto minhas mãos em sinal de rendição.

— isso é mentira, Hav. — ela se defende.

— ousadia sua — eu digo, erguendo uma sobrancelha. Heaven sorri, divertindo-se com nosso impasse. — da última vez, estávamos na praia e ela encontrou um hippie britânico que não tinha nada além da roupa do corpo. Ele ficou uma semana dormindo no sofá dela e tomando café aqui.

— Ei! — Chelsea me dá um empurrão com o ombro me repreendendo, mas rindo também — ele tinha um sotaque bonito, ué. E sabia fazer uns negocinhos bons com a boca.

Haven joga a cabeça para trás em uma risada sincera enquanto eu estreito os olhos para Ches, que ri.

— dessa vez é diferente! — ela argumenta e eu finjo bocejar. — eu juro! Ele é um príncipe.

Duvido da sua palavras até que fatos sejam apresentados.

— onde se conheceram? — Heaven pergunta, dando ainda mais corda para a matraca que não para de falar um minuto.

O ponto é que fiquei presa em minha própria cabeça durante o resto da refeição enquanto Chelsea e Haven tagarelavam como se suas vidas dependessem disso, hora ou outra eu assentia com a cabeça para confirmar alguma interação delas comigo.

Ligamos a TV no canal de noticiário enquanto organizamos a cozinha. Presto um pouco de atenção no novo caso de assassinato nas ruas de nossa cidade, o quarto só nessa semana. A matéria mostra a foto do sujeito enquanto os jornalistas explicam como o crime foi sangrento.

Acreditam que um serial killer esteja solto por aí, as investigações ainda estão muito no início e não confio muito na polícia regional para resolver. Daqui para que o FBI decida tomar frente vai demorar horrores.

E não é como se essas vítimas tenham sido almas bondosas nessa vida.

— então? — não é a voz de Ches que me desperta e sim um pedaço de pão que acerta meu rosto e duas risadinhas infelizes em seguida. — vamos ou não?

Partindo o pedaço de pão em dois acertando-as como fizeram comigo, confirmo, sem fazer a menor ideia do que era.

Isso me fez parar aqui onde estou nesse momento, uma fila gigante de super mercado, depois de ter rodado o lugar inteiro para procurar álcool e frutas para passar a tarde inteira entupindo nossos traseiros de batidas alcólicas e drinks de procedência duvidosa.

Chelsea me arrastou enquanto Haven ficou fazendo petiscos e preparando a área de lazer da minha casa.

— acha que esquecemos de algo? — a pergunta de Ches é destinada a mim, mas o pescoço está virado em 360 igual o de uma coruja analisando as prateleiras do local.

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