Lado B - Um

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Sinto que minha vida está prestes a piorar.

Minha mãe está se casando de novo e quer que eu vá morar com ela e o novo marido, queria ter ficado com meu pai como sempre foi, mas ele nunca está em casa - essa parte que eu gosto - ele está terminando de montar o restaurante dele e nunca fica em casa, ele tenta ter uma relação boa comigo, mas não é nosso forte.

Eu também vivo me metendo em encrenca e acho que ele se cansou disso, minha mãe também se cansou e agora estou a caminho do aeroporto para ir pra Los Angeles, onde ela mora com meu irmão mais velho, Luke.

Tom, o cara que minha mãe vai se casar parece ser legal, ele tem um filho da minha idade. Espero que eles não me obriguem a fazer a ser amigo dele, isso já seria demais.

Entrei no avião e me sentei no meu lugar, o voo de Seattle pra Los Angeles leva algumas horas, eu poderia simplesmente sumir do mapa e nunca iriam me achar. Quando o avião posou em no aeroporto de Los Angeles, peguei minhas malas e saí, Luke estava me esperando perto do carro.

- Oi - disse ele.

Fiz um leve aceno com a cabeça e entramos no carro, Luke estava arrumado para o casamento que iria acontecer daqui umas horas, meu smoking estava na parte de trás do carro.

Seguimos em silêncio até o local onde iria ser o casamento e a festa, eu não estava animado com isso, acabei de chegar e já vou ter que conhecer amigos e parentes que nunca vi na minha vida.

Quando chegamos, Luke me levou para um sala pra eu poder tomar um banho e me arrumar logo, eu estava pronto e só faltava a gravata que não sei fazer, Luke me ajudou com isso.

- A mãe quer ver você - disse Luke.

Fomos até onde nossa mãe estava e entrei, ela estava se arrumando ainda, dei um abraço rápido nela.

- Como foi a viagem? - perguntou.

- Normal - disse sem animo.

Conversamos brevemente sobre meu pai e depois que saímos, estava seguindo Luke, ele parou numa porta e bateu, e a voz mandou entrar. Luke abriu a porta e vi ele, pele bronzeada, cabelos castanhos cacheado e olhos castanhos escuros.

- Daniel, esse é o meu irmão Gael - disse Luke ao meu lado.

Então esse era o Daniel, ele não se parece com nada do que pensei, fiquei olhando para ele e algo nele me fez mudar, isso vai ser mais difícil.

- Escutei muito sobre você - murmurou ele.

- Legal - respondi. - Eu vou andar por aí.

Sai do quarto deixando eles lá, ele me fez sentir algo que não sentia a muito tempo, eu estava com o rosto corado e minha respiração acelerada, parece que acabei de correr uma maratona. Saí para um lugar aberto e pude respirar e me acalmar.

- Tudo bem? - uma cara mais velho se aproximou de mim. - Está passando mal?

- Estou bem agora - respondi. - Valeu por perguntar.

- Você deve ser o Gael - disse ele me olhando.

- Sim - concordei.

- Sou o Tom - esse é o cara que minha mãe vai ser casar. - Prazer em te conhecer.

Afirmei com a cabeça, ele não era o que pensei. Ele me ajudou mesmo não sabendo quem eu era, um cara legal pelo menos, deve ser um pai ótimo também, presente na vida do filho.

- Quer um copo de água? - perguntou ele.

- Já estou melhor - murmurei. - Nem sei porque fiquei assim.

- Se precisar de alguma coisa, me procure ou sua mãe - disse ele. - Tenho que ir agora, foi um prazer te conhecer.

Ele me olhou mais uma vez pra ter certeza que eu estava bem e me deixou sozinho de novo, respirei fundo e caminhei pra longe dali, só uma pessoa tinha me causado isso na vida, mas faz muito tempo que me senti assim.

Os convidados estavam indo para o local da cerimônia, todos estavam sentados, fiquei em pé ao fundo. Luke que iria levar nossa mãe até Tom, não me importei muito com isso.

Depois da cerimônia, começou a festa, estava sempre no canto vendo todos ali se divertirem, vi ele de novo indo até uma mesa onde tinha um garoto, deve ser um primo dele, me aproximei e vi como o garoto olhava pra ele, amigos ou namorados.

Ele namora então, isso fez meu peito apertar. Peguei uma garrafa de champanhe e saí dali, não queria ficar olhando eles ali. Eu estou com ciúmes de uma pessoa que acabei de conhecer, que mexeu comigo e que não posso ter ao meu lado.

Bebi a garrafa quase toda de champanhe, eu estou bêbado, espero que minha mãe não perceba, dei outro gole e fiquei olhando por nada, até que a garrafa foi tomada da minha mão.

- Você tinha que fazer alguma coisa né? - a voz dele me deixou arrepiado.

- Ninguém sentiu minha falta, ninguém me quer aqui - falei todo embolado.

- Você pode não acreditar, mas sua mãe quer - ele me olhou.

- Ela prefere o Luke, ele é o favorito - me levantei e me virei na direção dele. - Acho que ela prefere até você, do que eu que sou o filho dela.

- Não fala merda - ele se aproxima pra me ajudar.

Se ele ficar perto de mim, posso fazer algo que não vai acabar bem, preciso manter ele longe de mim, mesmo que eu tenha que ser um babaca para isso. Pode doer, mas isso vai ser necessário.

- Tira a mão de mim! - exclamei. - Pensa que não vi como você me olhou mais cedo, viadinho.

- Quer saber de uma coisa? - Ele me olhou sério. - Ninguém quer você aqui mesmo, eu juro que prometi tentar ser legal, mas acho que não vale a pena tentar.

Escutar ele dizendo isso doeu, não esperava que ele fosse dizer algo assim, mas foi preciso, ou eu teria beijando ele aqui agora e isso teria sido pior. Daniel me deixou sozinho novamente, respirei fundo, limpei as lágrimas do meu rosto e me sentei novamente.

- Droga - escutei Luke. Isso só podia ser brincadeira. - Vamos arrumar alguma coisa pra você comer, e vai beber muita água.

Ele me levou para a festa, me deixou sentando e voltou com comida e água, tive que comer contra minha vontade, Luke não saiu mais do meu lado até a festa acabar, vi Daniel com o garoto novamente.

A festa acabou e estava sentado, todos na mesma mesa. Eu, Luke, Daniel e o amigo dele. O silêncio eram bem constrangedor.

- Robert pode ir embora - murmurou Daniel para o amigo.

Ele não iria embora, se ao menos Daniel soubesse. Os dois se levantaram e foram embora, Luke ficou comigo e fomos pra casa juntos, chegamos em casa e entrei no meu novo quarto, tomei um banho antes de me deitar e depois me joguei na cama.

Odeio Te AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora