"Mais um de meus pesadelos", tenho certeza que é só mais de um meus pesadelos. Estou no parquinho enferrujado atrás da casa. Sentada no brinquedo que gira lentamente, mas aumenta a velocidade. A cada girada, uma criança aparece e fica parada ao lado de Dylan. A garota loira é a terceira a aparecer. Totalizaram sete quando pararam de aparecer. Todos os garotos seguem o mesmo padrão, olhos claros e cabelos escuros, aproximadamente seis para sete anos. Duas meninas loiras e também com os olhos claros, aparentam a mesma idade que os meninos. "Uma, duas, três giradas", não sei o porque, mas talvez isso não seja um pesadelo. Está sendo divertido rodar nesse brinquedo. Então meu sangue corre frio.
Uma imagem se cria atrás das crianças, um homem alto com cabelos cumpridos, seu rosto é branco, não pálidos, mas brancos. Duas manchas pretas se arrastam abaixo de cada olho. Uma de suas mãos vai no ombro de Dylan e a outra no pescoço de um garoto ao lado.
-Seu filho pertence a mim.- Ele sussurra sem ao menos abrir a boca. Não, ele não tem boca.
Sua mão lentamente vai erguendo sem parar de tocar na pele de Dylan. Forço meu pé contra o chão, mas o brinquedo não para, apenas continua rodando e rodando cada vez mais rápido. A mão da criada fecha com força no pescoço de meu filho e eu grito, grito para que ele pare, mas o sangue começa a escorrer do pescoço pela camisa branca, desvio meu olhar para os outros, que também estão sangrando, do mesmo jeito, mas sem a mão na frente, consigo ver o ferimento abrir no pescoço das crianças, como se uma faca cortasse o local. E então todos os corpos caem no chão.
...
Acordo ofegante. Esses pesadelos estão me torturando. Esfrego minhas mãos contra meus olhos tentando acordar cada parte de meu corpo. Como de costume, faço as coisas matinais e vou ao quarto de Dylan, ver se está tudo bem, depois vou para o quarto onde Charlie está dormindo, não mais. A cama está bagunçada, mas tem um bilhete em cima do colchão. Sento sobre o lençol e pego o papel.
" Obrigado pelo café e pela hospedagem, eu tive que voltar para o vilarejo, tenho muito trabalho. Nos vemos outro dia."
Sábado, finalmente Isaac vai vir me visitar. Arrumo o café da manhã e dou uma leve arrumada pela casa, tantos cômodos desocupados, alguns eu nem mesmo entrei. Hoje decidi que vou passar por todos os cômodos dos quais eu nem tentei entrar. Um vazio no corredor de baixo, outro vazio ao lado do banheiro, no segundo andar e um terceiro trancado. Não tento abrir, estou realmente cansada, então tomo o café da manhã sozinha, já que o garoto estava dormindo. Me deito no sofá com uma xícara e tento ligar a TV, mas não tem sinal algum aqui. "As fitas", dou mais uma checada que Dylan está dormindo e volto a organizar as fitas, as espalhando pelo chão. As de minhas consultas à esquerda, as que achei aqui à direita. Cada sobrenome etiquetados nas minhas, está presente nas da casa, mas com o primeiro nome. Isso para na décima segunda consulta, desde a minha primeira, em ordem cronológica. Assisto a fita com o nome "Cathrine D'Lyne", pois é o primeiro que me lembro das consultas. Menina problemática, desde pequena matava os próprios animais de estimação por puro prazer.
Sem ir para o sofá, continuo sentada no chão com os olhos vidrados na tela. A menina entra em um quarto normal, com alguns pôsteres de bandas espalhados pela parede, algumas roupas jogadas pelo chão. O vídeo está sendo gravado pelo janela e vez ou outra a câmera se esconde, mas não demora muito para voltas. Ela se senta na beirada da cama e tira algo do bolso, e passa pelo braço. Uma lamina, pois o sangue começa a escorrer por sua pele, e aos poucos seu corpo fica mole e cai no chão. Uma imagem rápida distrai minha atenção e eu tenho que voltar algumas vezes para conseguir enxergar o garoto que aparece por um momento, antes dela cair no chão.
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Welcome
TerrorUma casa enorme, quieta, distante da agitação e dos crimes da cidade grande. O sonho de qualquer pessoa que já respirou demais do ar poluído de Londres. Bem, pelo menos era o sonho de Madeline Argent, ou simplesmente Dra. Argent, uma psicologa. Junt...