Capitulo12.

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Hoje acordei relativamente cedo. Mentira. Quase que não preguei olho a noite inteira, apenas dormi 3 horas. Hoje vou para a Austrália e volto na segunda á tarde, o meu pai deixou-nos ficar la sábado e domingo inteiros.

Estamos a ir em direçao ao aeroporto, estou prestes a fechar os olhos quando Stephen abana-me e diz-me que já chegamos. Saímos do carro e o nosso pai levou as nossas malas até aos bancos onde ficamos, sensivelmente, 30 minutos á espera do nosso voo.

Despedimo-nos dos nossos pais e entramos no avião. Passei a viagem inteira a dormir ao mesmo tempo que os meus fones produziam som para os meu ouvidos. Por mais ansiedade que tivesse, estava demasiado cansada por isso resolvi dormir um pouco, para alem do mais assim que aterrasse na Austrália queria aproveitar ao máximo.

Hoje é sexta, ou seja, faltei ás aulas tal como farei na segunda. Não sei bem o que o meu pai pretende com tudo isto, talvez esteja mesmo muito arrependido, mas não é apenas uma viagem que irá mudar o que ele fez.

Uma parte de mim, assim que aterrar na Austrália, quer ir a correr para os braços de Emma, mas a outra parte, que está super magoada, nem sequer quer vê-la pintada. Uma lágrima libertou-se do meu olho direito e Steph, que estava sentado ao meu lado, viu e limpou-a. Puxou a minha cabeça colocando-a em cima do seu ombro. Adormeci, instantaneamente.

-Summer... Vaca, acorda!

Como eu adoro a maneira que o meu irmão me acorda, é simplesmente... encantadora.

-Chegámos?

-Ainda não, mas falta pouco. Apenas te acordei para comeres algo.

-Mas eu não tenho fome e estava a dormir realmente muito bem.

-Olha para a frente.

Assim que olhei para a minha frente vi um tabuleiro com um cupcake de chocolate com cobertura de sabor a laranja e um batido de morango.

As vezes olho para Steph e a única coisa que vejo é um idiota chapado, quase inútil que não diz coisa com coisa. Mas depois há outros momentos em que ele demonstra ser um rapaz maravilhoso, um verdadeiro cavalheiro.

Comi o cupcake e bebi o batido tão rápido que não fiz mais de duas pausas para respirar, a fome era bastante visível, aparentemente. Porem, se me perguntassem se desejava algo para comer, eu responderia que não, como faço sempre.

-Como está a tua perna?- perguntei enquanto acabava de limpar a minha boca que estava com bocados de cobertura laranja.

-Melhor... graças a ti.

Desde aquele dia que sou eu quem trata das suas feridas, não porque ele tenha nojo de sangue, por não tem, mas porque eu voluntariei-me para ajudá-lo, dado que somos irmãos e que se não consegui impedi-lo, posso ajudá-lo a remediar.

-Ainda hoje não consigo perceber porque fizeste tamanha estupidez- abanei a cabeça negativamente. Eu não estou desiludida com ele, porque se estivesse não tinha vindo no mesmo avião e nunca mais lhe teria dirigido a palavra, apenas estou triste como é óbvio, ele é o meu irmão, e eu não quero que ele se auto mutile por algo que ele se calhar nem culpa tem.

-Acho que nem eu...

-Tenho a impressão que sabes, apenas não consegues explicar-me os teus motivos.

-Talvez. Sim. Tens razão. Só te queria pedir desculpa.

-Não é a mim que tens de pedir desculpa, apesar de ao te teres magoado também me magoaste.

-Eu sei e lamento, nunca foi essa a minha intenção.

-Começaste há quanto tempo?

-Pouco.

-Precisamente... quantos meses?

-Foi mais ou menos desde que soubemos que vínhamos morar para Londres, entrei numa certa depressão, acho.

-Isto tudo pelo Teo?- encarei-o dando-lhe a mão.

-Também, mas não só. Não sou muito a favor de mudanças, principalmente destas.

-Vamos colocar de parte este assunto, até porque hoje vamos voltar ao sitio ao qual costumávamos chamar de "Lar".

-Esta viagem em certa parte é boa...

-Eu sei, mas pronto, nem tudo na vida tem de ser bom. Olha, queres ir comigo á casa deles? Eu sei que te vai custar, tal como a mim, mas eu não sei se estou bem preparada para o que estou prestes a ver, ou a ouvir.

-Posso ir. Mas referes-te ao que?

-Tenho medo do que ela possa ter andado a fazer este tempo todo para cortar relações e contacto comigo... como por exemplo, ter seguido o caminho do irmão.

Mudamos de assunto, pois não era coisa que nos agradasse a ambos falar. Começamos a planear ao pormenor o que íamos fazer em conjunto e aquilo que precisávamos de fazer individualmente. São poucos dias para o que temos para fazer, por tanto é mais rápido e mais fácil começarmos a planear. E depois se nos restar tempo, o que é um pouco provável, fazemos coisas aleatórias, ou nada importantes.

Aterrámos. Senti uma sensação estranha, como se o alivio de ter regressado se transformasse no medo do que possa acontecer aqui. Tenho saudades de imensa gente, cuja eu tenho de combinar um encontro, mas Emma... Emma é diferente, nunca gostei de nenhuma outra/outro amiga/amigo como gosto dela, daí a chamá-la de melhor amiga. Tantas promessas, tantos juramentos... para quê? Para quê iludirmos alguém que nos ama e que está disposto a fazer tudo por nós? O que realmente ganhamos em desiludir a única pessoa que este sempre lá independentemente de tudo? Nada. Não ganhamos absolutamente nada!! Apenas perdemos. Perdemos a confiança que essa pessoa tinha em nós, provavelmente vamos perdendo aos poucos o verdadeiro amor que elas sentiam. Porque nós as desapontámos, deixamos-as sozinhas sem porto de abrigo, pois nós éramos o seu...

Esperem... afinal nós ganhamos qualquer coisa... Nos ganhamos solidão, ficamos totalmente sozinhos, porque eles podem ter perdido um porto de abrigo, mas nós perdemos o nosso mundo, provavelmente a nossa razão de acordar todos os dias com um sorriso na cara.

Não digo que Emma me tenha perdido definitivamente, apenas digo que não vai ser o mesmo. Se estou arrependida de ter feito a tatuagem? Óbvio que não, eu nao fui obrigada a fazê-la, e tinha a perfeita noção que iria acontecer o que está precisamente a acontecer, para alem do mais a tatuagem está linda, sempre gostei imenso de tatuagens. Agora penso é que se calhar ela não tem o mesmo valor para Emma como tem para mim.

Estou agora a caminho de sua casa, já passei pela minha e deixei la a minha mala tal como Steph. Sinto um aperto no coraçao, eu sei que isto vai acabar mal. Nao vai ser apenas daquelas discussoes parvas que nós, gajas, temos. Vai ser a discussao mais feia que eu ja tive. Se me vai magoar? Sim, vai, isso tenho a certeza. Se vou falar com cuidado para nao magoá-la? Não, não vou, porque ela de certeza que ainda não parou para pensar em como eu me sinto.

Eu já me coloquei vezes sem conta no seu lugar, praticamente todos os dias, e não é uma posição agradável, mas heis a questão... Será que ela já se colocou no meu?

Eu tive de abandonar tudo e todos para viver num monte de merda, cheio de pessoas super complicadas, onde nada faz sentido. Sinto-me perdida, então se não tivesse Stephen do meu lado não sei o que seria de mim.

Cansei, sabem... Sempre fiz tudo por todos, sempre os coloquei á minha frente, preferia estar mal do que as outras pessoas não estarem bem, e no fim eu acabei sozinha, quase sem ninguém para me apoiar.

Onde andam vocês que me disseram que nunca me iam abandonar? Onde estás tu agora, Emma?

Realmente, nem quero saber...





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Hey meninas, este capitulo foi mais concentrado nos pensamentos da Summer, espero que tenham gostado, e desculpem a demora.

Beijinhos xx


SOCIOPATH «NH & HS Fanfic»Onde histórias criam vida. Descubra agora