QUARTO-CAPÍTULO - NÃO VOU FICAR AQUI POR MUITO TEMPO

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    Depois daquele momento, Shiro conseguiu me acompanhar, mas não deu uma única palavra.

Antes de chegarmos, começou a chover e fomos correndo para não pegar um resfriado. Quando chegamos na frente do meu condomínio Shiro acabou escorregando, foi muito engraçado.

— Não teve graça, Kuro.– ele reclama enquanto eu me acabo de rir.
— Claro que teve!
— Vamos entrar logo. Esse lugar é bonito, não tinha reparado isso logo cedo, já que eu quase PERDI MEU CELULAR por causa de alguém.
— Nunca te pedi pra ir me ver.
— E ainda é ingrato.– o portão do prédio se abriu e conseguimos entrar.
— QUEM CHEGAR POR ÚLTIMO NO SEU PRÉDIO É O HOMEM DO PADRE!– Shiro saiu correndo na minha frente.
— VOCÊ TEM O QUE? SEIS ANOS!? SHIRO, VOLTA AQUI!
— EU VOU GANHAR! E EU TENHO 17 ANOS. SOU MAIS VELHO QUE VOCÊ.

Eu corri atrás dele mesmo chovendo tanto. Ele não aprendeu com o tombo que levou lá na frente!? Ele só tinha ido para o meu prédio uma vez que foi hoje cedo quando foi pegar meus materiais.Ele tem uma memória boa.

— CHEGUEI– Shiro diz todo ofegante enquanto chego na frente dele, andando bem calmo.
— Você parece morto! Não era mais fácil usar o elevador igual a mim?
— Se eu pegasse o elevador– ele pausa pra respirar– Calma, calma. Tô sem ar– ele dá uma longa inspirada e depois expira.
— Se acalme meu senhor hahaha vamos entrar.– pego a chave na minha bolsa do colégio e abro a porta para Shiro entrar. Ele estava quase morrendo.– Você quer uma água, moleque de seis anos?– ele se joga no sofá de barriga pra baixo e com a cabeça enfiada no meu travesseiro, me responde com um "uhum", dando um joinha.
Assim que volto com o copo de água, vejo ele sentado tentando ligar a tv.– Não é assim que liga, você sabe, né?– entrego o copo com água para ele e sento ao seu lado.– Você tá com o controle errado, é esse aqui.– pego um controle que está no chão, do lado de uma caixa de pizza e uma barca de sushi velha, acho que da semana passada e entrego a ele.

— Valeu. Vem cá Kuro, como você consegue morar num lixão desse? Sem ofensas– eu olho pra ele de cima a abaixo me sentindo bem ofendido!

— Olhe só, deixe meu lixão, viu. Eu não gosto de limpar a casa e tenho nojo de lavar pratos. Tá bem, eu sou impossibilitado de varrer e passar pano pois tenho rinite.
— MANO– ele solta uma gargalhada– MEU DEUS! Já pensou em contratar alguém?
— Eu não gasto o dinheiro que meus pais me dão, não vou ficar aqui por muito tempo, então não é necessário.
— Por isso você dorme na sala? Você vai se mudar?– olho para Shiro com uma cara decepcionada. Como alguém pode ser tão lerdo assim?
— POR QUE CÊ TÁ ME OLHANDO ASSIM!? Tô sentindo até meus antepassados sendo julgados por você!– eu continuo encarando ele pra ver se ele entendia, ele só ficava me olhando com uma cara de um cachorrinho que acabou de sair da chuva. O que realmente aconteceu.

— Deixa, Shiro.
— Você tá falando... ATA, ENTENDI! Nossa, Kuro, não fale isso, por favor.
— UM ANO DEPOIS VOCÊ ENTENDE, SEU BESTA.– rimos da lerdeza dele e então fomos assistir TV, mas acabamos nos distraindo e perdendo a noção de tempo.
— Caramba!
— O que foi?
— São 22:30, já era pra eu tá em casa. Amanhã tenho que acordar super cedo.
— Não vi a hora, você quer dormir aqui? Não tem problema.
— E você ia dormir aonde, Kuro? Nem cama você tem.

— Aff...– ele me olhou com uma cara maliciosa, se inclinou botando a cabeça em meu ombro e chegou perto do meu ouvido– Só se a gente dormir juntinho.– eu virei minha cabeça pra olhar pra ele e ele tava com uma carinha sorridente.... acho que foi coisa da minha cabeça mas dava pra ver estrelinhas ao redor dele. Ele levantou do sofá e pegou o celular.– Tava brincando, eu peço um carro. Vou ver se o motorista dos meus pais está disponível.
— Tá.– esse tempo que ele estava mexendo no celular ficamos em silêncio, não demos uma palavra. Até que o celular dele vibra, ele olha o que é e desliga o celular colocando no bolso.

— Ele disse que já tá vindo. Kuro, amanhã é quarta-feira, né?

— QUARTA!? NÃO, QUARTA NÃO! Que tristeza– me jogo no sofá e fico 100% deprimido. Quarta-feira é o pior dia da semana! As aulas são só sobre negócios e sobre como manipular a empresa e como enganar clientes... é insuportável! Só tiro notas boas pelas experiências que tive com meu pai.

— Amigo, calma– ele solta uma risada –Enfim amanhã quando largarmos você vai pra minha casa e eu vou arrumar o seu apartamento! Sexta-feira você dorme na minha casa e sábado pela manhã a gente vai procurar um lugar melhor pra você morar. QUE TENHA CAMA!

— Shiro, obrigado por cuidar de mim e obrigado por tentar me ajudar? Eu acho, mas não tem necessidade, eu não- –o celular de Shiro toca, ele faz um sinal com a mão para eu esperar 1 min. Depois de certo tempo, ele desliga e diz que um tal de Joseph chegou, era o motorista.

— Kuro, você é meu amigo, então entenda uma coisa, eu não vou deixar você morrer, se você quiser eu soletro pra você. Amanhã você já sabe, você vai pra minha casa. Até amanhã.– antes de fechar a porta, ele acena com um sorriso e então me olha com um sorriso de como falasse que tudo ia ficar bem mas sem dizer uma única palavra e fecha a porta.

Quando Shiro sai, fico alguns instantes sentado, pensando coisas aleatórias e uma pergunta que vem junto desses pensamentos sempre é: como eu fiquei desse jeito?

Levanto, desligo a tv e pego minhas coisas para tomar meu banho. Após o banho, ajeito o sofá e antes de deitar boto meu celular para carregar. Bebo um copo d'água e agora sim vou descansar. Ligo o ventilador e me enrolo no cobertor, fecho meus olhos e apago em um sono que... deveria ser profundo.

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⏰ Última atualização: May 26, 2023 ⏰

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Kuro No ShiOnde histórias criam vida. Descubra agora