Capítulo 7-suas espadas de beligerância

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Harry olhou para o sangue que se acumulava sobre o chão de pedra. O sangue de Rosier, brilhante e vermelho e cobrindo todo o seu corpo. O menino estava desmaiado e havia um silêncio sonoro na sala que parecia que durava horas. Harry sentiu sua mão se contrair, embora ele segurasse firme em sua varinha. O movimento ao seu redor sacudiu Harry de seu estupor chocado, alguém havia gritado e outra pessoa estava agora ajoelhada na poça de sangue ao lado de Rosier. Harry soltou um fôlego arrepiante, afastando-se da cena. Ele tinha feito isso, tinha feito o menino sofrer, sangrar e desmaiar. O que era pior do que isso, pensou Harry, era que ele tinha gostado do olhar de horror no rosto de Rosier e da satisfação de vê-lo cair.

Havia algo ainda pior do que a satisfação. Era a fome, a ânsia por mais sangue. Algo sobre a vermelhidão chamou-o, pediu-lhe que se aproximasse e quebrasse o corpo. Era muito inteiro, muito vivo. Era o chamado da Morte, ele sabia disso.

Ele mal percebeu os rostos ao seu redor, continuando a se afastar do corpo. Harry podia ouvir seu coração batendo, tentando bombear sangue ao redor de seu corpo aparentemente entorpecido. Bateu em uma parede, sem perceber que tinha recuado até então, e ficou lá. Uma presença sólida, uma barreira, que fez com que ele não caísse. Fechou os olhos, tentando, esperando, recuperar alguma semelhança da realidade à sua frente. Ele não tinha matado ninguém, não é? Não, com certeza. Rosier ainda estava se mexendo, embora não muito, mas quanto tempo isso duraria...

"Calma, Adriano. Ele vai ficar bem", disse alguém, com a voz tão próxima e quente em seu pescoço. "Você está ferido, deixe-me curá-lo."

Harry não conseguia ver quem estava falando, mas acenou com a cabeça.

"Sente-se." Sentou-se em uma cadeira trazida a ele pelo guia prestativo.

"Respire." Ele respirava lentamente, entrando e saindo, até que seu cérebro voltasse a funcionar corretamente. Harry lutou para manter os olhos longe da mancha de vermelho na arena de duelos.

"Levante o braço, devagar." Ele levantou o braço, embora mal sentisse a dor. Deve não ser nada comparado ao que Rosier sentia, ou não estava sentindo, agora. Harry deu uma olhada em seu braço, observando a varinha apontada para um gás profundo, pingando sangue vermelho. Pelo menos seu sangue estava vermelho, e ele não havia se poluído agindo de forma tão tola. Tão cruelmente.

"Você aguenta?" Não, não podia. Ele não faria.

"Não feche os olhos, você não quer adormecer aqui." Era difícil não se deixar levar pela emoção, pelo medo e pelo ódio de si mesmo. A voz estava certa, para lembrá-lo disso.

"Vou te ajudar, Adriano. Voltaremos juntos para o dormitório." Harry permitiu que as mãos frias o agarrassem, uma em seu braço e a outra enrolada em sua cintura. Ele tinha certeza de que cairia, sem a ajuda da pessoa.

Harry conseguiu falar, fazer uma pergunta. "Foi ruim? Rosier. Ele vai ficar bem?"

"Foi magnífico, Adriano. Ele vai viver, você não o feriu tão mal quanto deveria. Eles vão desconfiar de você, agora. É uma coisa boa."

"Isso não é reconfortante." Harry se engasgou, olhando para seus pés enquanto eles pareciam subir alguns degraus.

A voz não respondeu.

"Sente-se." Sentou-se na cama macia, olhando fixamente para ele.

"Oh deus", Harry sussurrou, "O que eu fiz? O que está acontecendo?"

"Foi um duelo, Adriano. Félix sabia no que estava se metendo. Foi apenas um corte na barriga. Ele está sendo cuidado pelo nosso melhor".

"Ele não vai morrer, vai?"

Good night, darlingOnde histórias criam vida. Descubra agora