Parte 7 jantar na casa de Amaral

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Sr. Felippe pergunta se estou melhor eu digo que sim e ele diz: "Que ótimo, então arrume-se, pois hoje á noite vamos jantar na casa de Dom Firmino, meu grande amigo. Quero que vá muito elegante e porte-se bem á mesa". Me arrumei á caráter, terno, gravata borboleta, cabelo com gel penteado por meu Sr. de lado, o visual de costume, levava um presente: uma caixa de charutos novíssima, mesma que o meu dono também usava. Ao chegar ao local D. Firmino não nos recebera, mas sim, seu filho, Amaral, tamanha foi sua decepção ao ver que Sr. Phillgrin chegava não sozinho como ele esperava mas sim acompanhado de mim, e logo desfez o sorriso de seus lábios assim que me viu, minha decepção também não era pormenor quando ele falou que o pai estaria indisposto e não poderia descer, imediatamente liguei os pontos: de certo D. Firmino se quer sabia desse nosso jantar, Sr. Felippe quis ir embora, mas o rapaz insistiu para que o fizéssemos companhia, ajudou Felippe á tirar o blazer e na mesma hora me entregou, ordenando-me que o guardasse em segurança. Sr. Phillgrin como sempre inteligente e sagaz percebera que a atitude, no mínimo incoveniente havia sido proferida como tentativa de me humilhar e logo retrucou:

-"Daniel está aqui como meu convidado Amaral, então o trate como um de seus convidados, não como seu empregado"

-"Perdoe-me Sr. é que eu pensei que..."

-"Pensou errado (interrompeu Sr. Felippe) ele está comigo e como tal, exijo que seja tratado da mesma maneira com a a qual eu for nessa casa"

-"Sim senhor, não tem problema, mandarei um de meus criados guardar seu paletó"

-"Oras Amaral, deixe disso, já me conheces tão bem, de certo teus criados tem afazeres mais importantes por cumprir, guardas tu meu casaco já que queres tanto que eu fique"

Com raiva e sentindo-se humilhado, Amaral leva o paletó de Sr. Phillgrin para guardar, não posso negar que adorei a cena principalmente por ele ter me defendido, embora não fosse qualquer humilhação guardar um pertence seu pois estou acostumado á fazer isso o tempo inteiro na casa dele, porém ali meu senhor que queria que fosse tratado cordialmente. Prosseguimos para a mesa de jantar, Amaral cada vez mais inseguro tentava de todo modo parecer superior á mim, primeiro foi na hora do jantar pele perguntou se me sentaria á mesa com eles, Sr. Felippe mais uma vez fez questão de dizer que ali era eu um convidado tal como ele, depois foi na hora em que a comida fora servida, Amaral não esperava de certo que eu iria saber usar tão corretamente os talheres e me portar á mesa como um verdadeiro cavalheiro, boquiaberto ele comentou:

-"Vejo que ensinaste muita coisa á teu criado Phillgrin, e ele aprendeu pelo visto muito depressa, o que não é comum em certos criados a aprendizagem rápida"

-"De facto Daniel aprendeu deveras rápido porém para mim não foi surpresa alguma pois sempre soube que era digno de uma inteligência fora do comum, admirar-me-ia se ele não o tivesse aprendido tão depressa"

Eu estava cada vez mais constrangido aquela mesa, e não ousava pronunciar qualquer palavra que fosse, corava cada vez que Sr. Felippe me olhava com admiração ou fazia-me elogios pois temia alguém suspeitar que entre eu e ele houvesse algo além da simplória proteção e esmero. Amaral deu então a última cartada da noite: começou á falar dos lugares que frequentava e das viagens á qual havia feito, e atreveu-se á perguntar em que lugares já havia ido, mas antes que lhe respondesse Sr. Felippe acudiu e disse: -"Ainda não tive tempo de leva-lo á nenhum desses lugares, entro de Férias esse mês, certamente faremos alguma viagem mas ainda não tivemos o tempo de decidir para onde", fiquei um pouco mais aliviado principalmente porquê o jantar estava acabando, fomos para a sala e conversamos, Amaral em certa instância, derramou um pouco de licor em cima de mim tentando fazer parecer que tudo não passara de um mero acidente, dirigi-me ao lavabo irritado, Sr. Phillgrin percebendo a artimanha dirigiu-se evasivo á biblioteca de D. Firmino como se de facto estivesse interessado em seus livros, oras, ele teria uma muito maior em casa com um número muito mais significativo de livros em sua coleção, a desculpa era apenas para esquivar-se de Amaral, mas o rapaz era persistente e foi só Sr. Felippe dirigir-se á biblioteca que ele foi atrás, sua esperteza aqui o traía se ele entendera a entrada no recinto como um convite para ficarem ainda mais sozinhos.

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