Três bebês??

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Escutei minha mãe gritando:
- Filha?! Filha?! Cadê você?
~ Eu não respondi.
- Filha? - Ela disse entrando no meu quarto. - Porque você não me respondeu?
- Precisei de mais alguns segundos pra me preparar psicologicamente!
- Preparar psicologicamente pra que?
- Pra bronca e pro castigo que a senhora vai me dar.
- Ah, entendi.. olha... - Ela disse pegando na minha mão e levando pra sentar na cama. - O que você fez foi totalmente errado e eu estava pensando que, você morar aqui não está te fazendo bem!
- O que você quer dizer com isso mãe?
- Nós vamos voltar pra casa!
- Mas aqui é a nossa casa agora! É aqui que eu quero ficar!
- Mas, foi lá que você morou a vida inteira e antes de nós viajamos você não queria nem sair de lá.
- Sabe mãe, eu aprendi muita coisa aqui, eu aprendi que isso aqui sim é família, e que por mais que eu tenha que aturar a tia Josy, O senhor Hanry, a Annie e os novos irmãos dela, ah, esqueci do primo dos novos irmãos dela, e agora você, olha quanta gente mãe! Eu ainda tenho a Zoe e o.. e o Thomas.. e agora conheci mais três pessoas muito especiais, que se não fosse eu fugir de casa eu não conheceria eles..
- E quem seriam essas três pessoas?
- Meu... meu Namorado Kevin, sua irmã Alexia e sua mãe Elizabeth! Eles são tão legais e..
- Pera, pera, pera.. Kevin? Alexia? Elizabeth? Namorado?
- Sim.. porque? Você os conhece?
- Não.. não.. só achei que tinha ouvido falar nesses nomes antes.. Mas, namorado?
- Sim, namorado!
- Olha, tudo bem, mas, como você conheceu eles?
~ Contei tudo pra ela.
- Então você conheceu ele por coincidência?
- Sim, não foi o que eu disse?!
- É.. só queria confirmar..
- Porque toda essa curiosidade agora sobre eles mãe? - Eu perguntei.

Isso está meio estranho, minha mãe faz caras estranhas e fica mechendo muito na mão enquanto fala sobre eles, e ela está fazendo muitas perguntas.. será que? Não! Não, não.. isso não é possível...

Resolvi perguntar logo de uma vez..

- Mãe, eu tenho um irmão e uma irmã que eu não conheço?
- Que? Haha claro que não! - Ela disse e olhou pra baixo.
- Mãe?! Tem certeza?
- Tenho, tenho sim! - Ela disse.
- Olha, eu não quero saber.. mas, eu não vou voltar pra aquela casa!
- Porque? Você adorava tanto lá..
- Mas eu não gosto mais! Mãe, será que você não entende, desde quando você me vê com amigas e reunida com a família? - Eu perguntei cruzando os braços.
- Á muito tempo.. - Ela disse com uma expressão triste no rosto.
- Então?! Como você acha que essa vida daqui está me fazendo mal? Eu to feliz aqui mãe!
- Ah, me desculpe. É que eu não sei mais o que fazer, pra você tirar essa ideia de vingar a morte do seu pai da sua cabeça!
- Mãe, em quanto eu não conseguir o que eu quero, eu não vou parar! Eu já tenho 18 anos!
- Eu não quero te perder! Você é tudo o que eu tenho!
- Mãe, você não vai me perder!
~ Ela começou a chorar.
- Eu não quero fazer a senhora ficar mal, eu não quero você chorando.. me desculpe por isso tudo!
- Filha, eu não vou mais dizer nada pois eu sei que não vai adiantar, mas eu quero saber de tudo que você souber a respeito desse homem!
- O.K
Nós abraçamos e depois ela foi pro quarto dela.

Assim como era difícil de me convencer a desistir de algo, era muito difícil convencer a minha a desistir de algo também..
Eu sabia que ela não iria desistir de tirar aquela ideia da minha cabeça.

Fui até o quarto da minha mãe pra perguntar se ela não queria ir a sorveteria comigo, pra eu colocar o papo em dia, mas ela não estava no quarto. Eu vi uma caixa do lado da cama com senha e como eu não sou uma pessoa nada curiosa eu fui abrir e ver o que era!

Qual será a senha?.. hum.. deixa eu pensar.. Aha!! Já sei!
****** (A data do meu aniversário)
Não era..
****** ( A data do aniversário dela)
Não era..
****** (A data do aniversário do meu pai)
Não era...

- Vou ficar aqui por horas.. - Eu pensei alto. - Pode ser tantas coisas.. - Eu disse.
~ Senti uma pessoa se aproximando. Coloquei a caixa no lugar e sentei na cama como se eu estivesse esperando alguém.
- Ah, oi filha, o que faz aqui? - Minha mãe perguntou.
- Ah, nada mãe, eu só estava te esperando pra saber se você não queria ir tomar sorvete, mas lembrei que tinha combinado de ir na casa da Zoe! Deixa pra próxima!
- O.K - Ela disse.

Fiquei a noite toda tentando pensar em senhas que pudessem abrir aquela caixa!
Mas, nada me vinha a memória..

De manhã, eu fui até o quarto da minha mãe e pra minha sorte ela não estava!
Entrei no quarto e tranquei a porta, corri em direção a cômoda, peguei a caixa e sentei na cama.
****** ( A data em que meu pai morreu)
Não era..

Sabe, talvez não seja data de aniversário. Pode ser, o número do CPF dela.. ou pode ser, o número de um telefone.. ou pode ser... Já sei o que é!!!!

****** (A minha idade + A idade da manhã mãe + A idade do meu pai)
~Abriu.
- CONSEGUI! ABRI! UHUUUL! - Eu gritei, não contive a empolgação, quando percebi que eu tinha gritado, tampei a minha boca com as mãos.
Fiquei em silêncio por um momento, pra ver se alguém estava vindo. Mas graças a Deus não tinha ninguém.

Dentro da caixa tinha várias roupinhas de neném, 1 mantinha amarela com o meu nome bordado, dois macacões um azul e outro rosa, um sapatinho Branco de crochê, entre outras coisas como, chocalho, boneca, um ursinho com uma fita azul enrolada no pescoço, e fotos..
Peguei as coisas e estavam com cheiro de guardadas, estavam ali dentro daquela caixa desde que eu era pequena?! Porque a minha mãe nunca me mostrou essa caixa? E porque ela deixa isso trancado?
Eu peguei as fotos e vi meu pai e minha mãe mais novos, eles no dia do casamento, minha mãe na maternidade segurando um bebê, que pare ia ser eu.. acho que era eu mesma, eu estava com a mantinha amarela com o meu nome bordado, e na outra foto o meu pai me segurava todo sem jeito e com os olhos cheios de lágrimas, a nitidez das fotos não eram muito boa, mas dava pra perceber que minha mãe tinha acabado de chorar.
Tinham tantas fotos que eu nunca tinha visto. Em uma das fotos tinha a minha mãe e meu pai sentados em um sofá, com três bebês em carrinhos.. e eles transmitiam felicidade pelo olhar.
Uma das crianças segurava o ursinho com o lenço azul. Fiquei observando aquela foto, e não fazia ideia de quem eram aquelas duas outras crianças, uma delas parecia ser eu, mas e as outras?
Guardei a bagunça que eu tinha feito, menos aquela foto dos meus pais com três crianças.
Tranquei a caixa novamente e guardei.
Fui até a porta, abri devagar pra não fazer barulho, corri pro meu quarto e fechei a porta.

DeterminedOnde histórias criam vida. Descubra agora