2_ Uma vida para recordar

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Querido diário, quinta feira, 20 de março, o dia está lindo, estou tão contente, hoje começa o primeiro semestre da universidade. Eu, com muito esforço e dedicação, consegui uma vaga na Sorbonne. O Ilyan e eu estudamos muito e, enfim, conseguimos, mas infelizmente não iremos para a mesma universidade, ele não quis me contar para qual vai, estou curiosa.

A verdade, era que Ilyan não havia passado no exame, por isso, aceitou um emprego como fogueiro em um navio, mas eu não fazia ideia. Ele partiu no mesmo dia que eu, mas com destinos diferentes e, a partir desse dia, não nos falamos mais. Eu já estava sem esperanças, quando recebi uma carta que dizia:

"Querida Margot, estou com tanta saudade, os dias parecem não passar, espero que não me odeie, depois do que lhe direi. Não fui para a universidade, sempre soube que não conseguiria, mas não tive coragem o suficiente para lhe contar, estou trabalhando em um navio, não é tão ruim, pois conheci muitas pessoas, uma delas é um italiano, seu nome é Pier. Agora estou viajando pelo mundo, conhecendo lugares incríveis. Você não vai acreditar onde estou agora, estou na Austrália, aqui é muito lindo. Estou sempre pensando em você, espero que não tenha esquecido de mim, eu voltarei e estaremos juntos novamente.

Com carinho, Ilyan."

Depois de ler aquela carta, eu entendi sua frustração, mas não me conformava que tivesse mentido para mim, estava com um sentimento de tristeza e raiva, como haveria de perdoá-lo? Ainda assim, tinha sentimentos por ele e esperava sua volta. Resolvi não responder a carta, a menos que ele mandasse outra, só aí, eu saberia se ele realmente se importava.

Querido diário, o Ilyan não me escreveu mais, já é agosto e não sei nada sobre ele. É verão, fim do primeiro semestre, vamos todos para casa. Não vejo a hora de rever a minha mãe, faz um mês que ela me escreveu, disse que estava tudo indo bem na fazenda, havia contratado ajudantes para a produção, tudo estava calmo por lá. Meu aniversário está chegando, farei 20 anos em breve, não vejo a hora.

Ao voltar para casa, vejo que tudo está como antes, minha tia Lucy, agora morava lá, ela me recebeu com abraços e beijos, como sempre. Minha mãe estava linda, seu semblante era de felicidade, parecia mais viva. Fomos a cidade comprar roupas novas, minha tia eu fomos á loja de roupas, enquanto minha mãe foi á joalheria. Depois de comprar as roupas, também fomos até a joalheria, vimos minha mãe sorrindo e acenando para o joalheiro, achei aquilo estranho e logo perguntei:

- O que foi isso, mãe?

- Ora, não foi nada. - Disse ela, com um sorriso envergonhado.

Aquele, com certeza, era o motivo para ela estar tão sorridente e vívida. Até que enfim, minha mãe estava tentando ser feliz novamente, depois da morte do meu pai, eu estava feliz por ela. Fomos para casa, fizemos o jantar, jantamos e nos recolhemos. Eram quase três da manhã, quando escuto estalos incessantes em minha janela, me debruço para ver o que era e não pude acreditar, era o Ilyan, ele havia voltado e queria conversar.

- Venha até aqui, precisamos conversar... -Sussurrou.

- Como...? O que está fazendo aqui, á essa hora...? Quando voltou e por quê não me escreveu mais...? Santo Deus! - Disse eu, aos berros.

- Calma, assim vai acabar acordando todos... Venha, desça, por favor. Sussurrou novamente.

- Tudo bem... - Disse eu.

Desci as escadas na ponta dos pés, abri a porta e lá estava ele, sujo, fedido e descabelado, assim como na primeira vez que nos vimos. Nos abraçamos como se só houvesse nós dois no mundo, sentamos e começamos a conversar.

- Eu tenho tantas perguntas. - Disse eu

- Eu sei... Eu sei, lhe contarei tudo, mas antes, deixe-me dizer o quanto está linda, sua beleza enche os meus olhos... Eu vim correndo para cá, assim que desembarquei, por isso estou todo sujo... Precisa te ver, eu te amo, Margot. Me perdoe.
- Disse ele, com os olhos cheios de lágrima.

O Diário De Margot DurandOnde histórias criam vida. Descubra agora