#3

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As pessoas dançavam pelo salão, lordes e ladys vestidos com as melhores roupas e usando as melhores jóias. Jacaerys estava sentado ao meu lado, bebericando seu vinho e conversando com seu irmão, virou para mim e falou algo que não entendi devido a música alta presente, apenas acenei com a cabeça concordando.

Ele se levantou, pedindo licença, mas antes que fizesse algo Aemond chegou até mim, do outro lado da mesa e me olhando de forma objetiva, estendeu sua mão.

- Me daria a honra dessa dança irmã?

Olhei para Jacaerys, o questionando com o olhar se deveria aceitar ou não, minha mãe sempre disse que deveria perguntar ao meu esposo antes de fazer qualquer coisa que pudesse o ofender, ainda mais publicamente.
Ele acenou com a cabeça, se sentando novamente em seu lugar.

- Não precisa me pedir para dançar com alguém, ainda mais com seu irmão. - Seu rosto possuía uma expressão suave e amigável.

- Certo...

Pedi licença aos presentes na mesa, mesmo que não tivessem prestado atenção, imersos em suas próprias conversas.
Enquanto caminhava até o meio do salão Aemond agarrou minha mão, me assustando.
Não pensei que dançar em meu próprio casamento seria tão difícil, o que era pra ser um momento feliz se tornou algo terrível para mim.
O desconforto percorre minhas veias e logo me vejo obrigada a dançar, não estava gostando. Meu irmão parece não se importar ou não repara na minha situação, só continua a fazer os passos como se estivesse se exibindo.

O grande salão parece pequeno, as pessoas parecem mais próximas e a música fica incomoda aos meus ouvidos. Paro de dançar e sinto minhas pernas ficarem bambas, procurei Jace pelo salão, mas minha visão estava cada vez mais turva.

- Helaena! Tudo bem? - Jace apareceu rapidamente, segurando meus braços e me dando apoio. Afastou as mechas do meu cabelo fazendo um carinho.
- Quer sair daqui? - Acenei com a cabeça, meio desnorteada.

- Tenha modos Strong, minha irmã está bem e não precisa que você fique em cima dela. - Aemond reclama chamando a atenção, tentando me puxar para perto dele novamente.

- Ela não está bem, e sugiro que fique afastado de minha esposa antes que eu mesmo arranque seu único olho. - Ambos se encararam com raiva aparente, os convidados começaram a sussurrar e comentar. Antes que tudo virasse uma confusão, Jacaerys agiu.

- Vamos sair daqui, vamos tomar um ar. - Sua mão apertou a minha levemente, um gesto que dizia "estou aqui", e fomos para fora da fortaleza, negando sempre que um guarda oferecia ajuda.
Fui direcionada até um dos sofás próximos para descansar, me sentei e encostei a cabeça no apoio, fechando os olhos por uns minutos.

Ficamos em silêncio.
Não sei exatamente quanto tempo durou, mas foi reconfortante. Logo o pânico e a dor de cabeça foram esquecidos.

- Me perdoe marido, não devia ter feito isso, não se repetirá.

Mais silêncio da parte de Jacaerys. Levantei minha cabeça para o olhar, me deparando com seus olhos fixos em suas mãos, mexendo nervosamente nos anéis em seus dedos. Seu rosto tinha um semblante preocupado e claramente irritado.

- Não é sua culpa, não se desculpe.

- Mesmo assim, eu prometo que não farei novamente... - Me senti culpada por todo o transtorno, não sabendo como fazer para arrumar toda a situação.

Jace suspirou, se virando para mim e segurando minhas mãos, aparentemente um hábito que estava criando, até que gostava.

- Está tudo bem ficar nervosa as vezes, só preciso que me diga sempre que se sentir mal que na hora irei te ajudar. Tudo o que me pedir eu estarei disposto a fazer, eu quero apenas o melhor para você. - Suas palavras soaram totalmente sinceras, não poderiam ser diferente.

Me encontrei sem palavras novamente, ele era maravilhoso e o único que me deixava confortável em qualquer situação. Senti meu rosto esquentar e sabia que minhas bochechas estavam vermelhas.
Seu rosto parecia iluminado e com o sorriso mais lindo do mundo enquanto ele me observava.

Tomei coragem e deixei um beijo singelo em sua bochecha,o agradecendo, o que o deixou envergonhado também. Parecíamos dois bobos mas o clima era bom, engraçado e um pouco romântico.
Certamente contaria a Talya depois.
Ele se aproximou, tocando meu rosto com cuidado e fazendo um carinho devagar. Nossas testas se encostaram e podíamos sentir o nervosismo e a respiração pesada um do outro.

- Não se assuste com o que vou fazer agora - Pediu num sussurro.

Seus lábios tocaram os meus, um toque singelo de início, como o da cerimônia. Não sabia exatamente o que fazer, indo devagar com certa dúvida. Sua língua tocou meu lábio pedindo passagem, e eu a cedi.
Exploravamos a boca um do outro, meio receosos mas se soltando a cada segundo, seus braços rodearam minha cintura, me causando arrepios por todo o corpo. Até agora, nunca havia me sentido tão bem em toda minha vida.

O momento, nós, tudo, tudo parecia certo. Embora nem todos achem isso.

Ouço uma tosse atrás de nós e me afasto rapidamente, me deparando com Alicent e Sor Criston, ambos com caras nada boas.

- Vossa graça, posso lhe ajudar? - Jace pergunta com certa ironia, sem se afastar de mim.

- Só queria parabenizar minha filha direito, quase não pude vê-la após o casamento. - Seu tom era falso e seu sorriso mais ainda, característicos dela desde que posso me lembrar.
- Veja só minha surpresa ao encontrá-la nessa situação. Helaena venha aqui com sua mãe por um minuto, temos coisas de mulheres a discutir. - Me chamou acenando com sua mão, com certa pressa.

Com um pouco de receio me levantei e me despedi rapidamente, sabendo que o veria logo. Senti o braço de minha mãe enlaçar no meu, gesto que ela nunca teve comigo, Mas agora estava me arrastando para um corredor.

- Mãe...

- Não, me escute agora. - Se afastou mas ainda assim estava perto demais e hostil demais.
- Você se casou com aquele garoto, então pelo menos servirá de algo. Ouça bem e atentamente, não irei te relembrar de suas obrigações agora. Aegon deve ser coroado assim que Viserys morrer, mas Rhaenyra e seus bastardos não aceitarão facilmente, só os deuses sabem como ela é louca e imprudente. É seu dever ficar ao nosso lado quando isso acontecer, você irá fazer com que aquele garoto nos apoie, ele deverá apoiar o verdadeiro herdeiro do trono. Assim, Rhaenyra desistirá.

Suas palavras não me surpreenderam, afinal, minha infância inteira escutei que minha irmã nos mataria assim que possível para ter seu trono, que éramos ameaças, entre outras besteiras.
Tentei me soltar de suas mãos, o que a fez apertar mais ainda meus braços, pressionando.

- Escute bem Helaena, pelo bem dessa família você deve fazer o que digo! - Seu tom de voz me assustava, tudo o que queria era me afastar.
- Fale algo garota! Você me entendeu? Sim?

- Apenas os verdadeiros herdeiros do trono sabem da profecia, eu sonhei com isso mãe! Aegon não-

Minha bochecha ardeu no mesmo instante e minha cabeça cedeu um pouco para o lado, lágrimas brotavam em meus olhos e a queimação em meu rosto só aumentava. Havia levado um tapa.

- Não diga loucuras garota, esses sonhos que você possuem não passam de delírios. Deveria ter te enviado para Vilavelha para receber uma educação descente.
Talvez hoje agiria como uma princesa.

Seu rosto enojado aos poucos virou uma expressão neutra, como se nada tivesse acontecido. Simplesmente saiu do local, me deixando sozinha com meus próprios pensamentos invasivos.

...

Fiquei um tempo no mesmo lugar, apenas refletindo o que acabara de ocorrer. Seco minhas lágrimas e saio rapidamente, torcendo para que ninguém me veja. Mas para meu azar (ou sorte futuramente), Jace estava no jardim, no mesmo lugar que estávamos antes, me aguardando ansiosamente.

Sonhos de Dragão - Helaena x Jacaerys Onde histórias criam vida. Descubra agora