[Notas da autora]
Atualizando esta mini querida antes de começar a trabalhar.
Boa leitura!
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Jungwon ignorou solenemente a própria mãe quando ela lhe pediu para não beber junto dos amigos durante sua despedida. No dia seguinte, ele teria que estar às cinco e quarenta da manhã no Aeroporto Internacional de Minneapolis-Saint Paul e a ressaca tornaria as coisas mais difíceis para si. O aviso foi em vão, Jungwon era muito suscetível quando acompanhado e bastou um pouco de insistência do loiro Josh Evans para que — sem se dar conta — tivesse bebido três garrafas inteiras de cerveja sozinho.
Pela manhã, acordou com uma dor de cabeça cuja sensação Jungwon acreditava ser a mesma de ter uma rachadura se abrindo na superfície do crânio e praguejou a si por contrariar a mãe em seu ato de rebeldia. Não é dessa maneira que se tornará independente dela. Teria sido mais inteligente se dar por vencido e obedecer ao pedido da senhora Yang.
Agora é tarde demais.
Jungwon precisou ouvir ainda o sermão dela no carro durante todo o caminho até o aeroporto, havia sido um porre. A única coisa capaz de deixá-lo aliviado, é saber que aquelas reclamações seriam menos frequentes. Afinal, não descarta a possibilidade de ela usar o telefone para dar-lhe os seus famosos puxões de orelha. Mas, apesar disso, ele pode confessar que talvez vá sentir falta dela e das brigas e do excesso de preocupação, embora esteja ansioso para viver a seu modo.
Ele quer deixar de fazer jus à expressão "filhinho da mamãe".
O pai parece não estar tão comovido com a partida de Jungwon. Mesmo que também seja um pouco preocupado demais consigo, e apesar de nunca ter achado possível algum dia ver nascer nele um desejo de voltar para Seul, entende melhor a necessidade do filho de partir. Contudo, ainda lhe parece inacreditável a decisão de Jungwon, visto que ele havia sido expatriado logo nos primeiros anos da infância e criado praticamente como um norte-americano, absorvendo todos aqueles traços culturais presentes no modo de vida do país e, no final, querendo algo totalmente diferente.
A Coreia do Sul é parte do passado da família, mas, contraditoriamente, mesmo vivendo quase como nativos de uma nação diferente, a mãe de Jungwon ainda têm velhos hábitos de não-nativos e um deles é querer manter o filho em casa até que ele se case — um desejo que nunca foi do próprio Jungwon, mas isso é história para outro dia. O senhor Yang, por sua vez, jamais questionaria o desejo de Jungwon de voltar às raízes ou de fugir de casa. Para ele, era melhor que Jungwon seguisse seu próprio caminho.
Eles estão reunidos em frente ao aeroporto, enquanto os mais velhos envergonham o filho, chorando e tirando fotos. Jungwon não gosta de despedidas e essa cena dramática está lhe custando mais que o normal devido a dor de cabeça ocasionada pela ressaca. Ele não vê a hora de embarcar em sua aventura e se preocupar com a saudade dos pais apenas mais tarde.
— Jungwon, eu quero que você me ligue todos os dias, entendeu bem? — diz a mãe com um tom ameaçador, ainda que esteja com o rosto todo marcado de tanto chorar.
— Mãe, não posso ligar todo dia. Eu vou ter outras coisas pra fazer, não estou mais no ensino médio — protesta Jungwon.
Jungwon tem plena ciência de que, se não deixar tudo às claras desde o início, isso irá virar uma grande discussão por telefone — o que será ainda mais desgastante, como quando havia ido acampar com os amigos no Grand Marais, na região norte do Lago Superior em Minnesota, e um ruído na comunicação entre eles a fez achar que a viagem de uma semana estava restrita a um final de semana.
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Daltônico | Jaywon
FanfictionExpatriado na infância, Yang Jungwon cresceu nos Estados Unidos e por pouco não esqueceu que veio, na verdade, de um lugar um pouco diferente, do outro lado do mundo. Apesar dos anos vividos no estrangeiro, ele não se sente parte do universo da band...