[Notas da autora]
Aproveitando meu horário de almoço pra publicar, rs. Eu acho que já devo ter dito isso... estou postando todos os capítulos já disponíveis no spirit. Vou publicar um por dia até eles terminarem. Esse é o terceiro, então agora faltam quatro, daí quando tiver tempo vou corrigir os outros 13 que já estão escritos também. É isto.
Boa leitura!
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O celular de Jungwon está na mesa de cabeceira ao lado da cama, mas, o seu desejo, após ouvi-lo tocar tão incessantemente, é que o aparelho houvesse ficado para trás, no banco do ônibus que o trouxe até o seu novo apartamento. Talvez seja uma vontade pouco inteligente, visto a dor de cabeça futura para reparar a perda do objeto e tudo o que tem nele, mas, pelo menos, possuiria uma desculpa quase a prova de falhas para não atender ao telefone.
Nenhum outro ser humano no mundo é capaz de estar ligando antes das sete da manhã, quando ele mal se adaptou ao fuso horário local, além da própria mãe. Jungwon põe apenas o braço esquerdo para fora das cobertas quentinhas e puxa o telefone para dentro de seu casulo. Não se dá ao trabalho de abrir os olhos antes de atender, tão acostumado ao movimento necessário para consegui-lo. Rapidamente, confirma suas suspeitas sobre quem pode estar ligando ao ouvir a voz da mulher que tanto conhece.
— Yang Jungwon! — ela exclama, de modo que se percebe facilmente que, mesmo após ser atendida, não está muito satisfeita. — Por que não respondeu às minhas mensagens? Sabe como seu pai e eu ficamos preocupados?!
Com "seu pai e eu", a mãe se refere a si mesma, citando o marido apenas para dar força ao que afirma e para fazer Jungwon pensar que, por não se comunicar com ela, havia incomodado uma dupla, o que seria um problema em dobro e lhe daria duas vezes mais dor de cabeça. Depois de anos, no entanto, ele sabe que não passa de uma ação solitária, do exagero de alguém agindo quase sempre sozinho, uma mãe irrequieta e a quem não teria coragem de contrariar.
— Desculpe! Eu cheguei muito cansado, apenas apaguei — responde Jungwon, com sinceridade.
— Estava dormindo?! — pergunta ela, já parecendo mais calma. Houve um murmúrio de confirmação vindo de Jungwon. — Desculpe, querido! Eu apenas liguei pra saber como estavam as coisas, se tinha chegado bem. Comeu alguma coisa?
— Comi... — responde Jungwon, lembrando-se do bolo e preferindo não entrar em detalhes, mudando de assunto para que ela não pergunte. Mentir não é opção. — Está tudo bem por aí?
— Está! — ela devolve, dando uma curta risada junto de uma lufada de ar, parecendo contente após receber a indagação. — Já estamos com saudade de você! Fiquei olhando algumas passagens pro seu pai e eu, pra ver se poderíamos passar as férias aí. — conta, transparecendo animação. A novidade força Jungwon a abrir os olhos da pior forma possível. Passar as férias inteiras com os pais? Só faltava essa. — Mas depois de ver os preços, acho que é mais fácil você vir nos visitar quando puder. Seria muito caro viajarmos os dois.
Com a mão, Jungwon abafa o microfone do celular e suspira pesadamente, de alívio.
— Que pena, mãe! — É realmente uma pena, embora não para ele. — Como 'tá o pai?
— Está bem. Agora pouco estava aqui na sala, mas disse que ia até a garagem pegar a caixa de ferramentas pra consertar aquele barulho na madeira do chão do seu quarto.
Aquele é um problema antigo, Jungwon passou meses reclamando do barulho no assoalho e, mesmo assim, os pais o ignoraram. Então, não entende porque, apenas quando ele se mudou para outro país, o pai decidiu finalmente dar um jeito naquilo. Não faz o menor sentido para si.
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Daltônico | Jaywon
FanfictionExpatriado na infância, Yang Jungwon cresceu nos Estados Unidos e por pouco não esqueceu que veio, na verdade, de um lugar um pouco diferente, do outro lado do mundo. Apesar dos anos vividos no estrangeiro, ele não se sente parte do universo da band...