Luz

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Quando fui olhar no relógio, já era uma hora da madrugada, e eu teria que ir trabalhar as seis da manhã. Então, coloco as cartas lidas dentro da caixa e separo as que não li em minha estante.

Quando me deito na cama, muitos pensamentos me vem a cabeça. Tipo; como pude ser tão tolo em perdê-la e como agora não tem mais volta. Rosemary era tão incrível e extraordinária! Não tenho palavras para descrevê-la, talvez por ela ser indescritível. Ela tinha um brilho extremamente forte que ofuscava o de qualquer um que chegasse perto dela. Mesmo de manhã, era possível ver em seus olhos o reflexo das estrelas.

Tento esquecê-la, mas é uma missão impossível!

Como esquecer Rosemary?

{QUEBRA DE TEMPO}

Acordo com o despertador tocando e uma dor de cabeça, sem contar as olheiras enormes. Motivo? Suponho que todos saibam.  

Vou para o trabalho mesmo assim, já que estar de luto não é um bom motivo de falta para meu chefe.

Mas, sabe oque é impressionante? Minha vida girar em torno dela. De Rose.

Des de quando a conheci, até a sua partida para exterior. já que depois que ela viajou eu decide que iria focar mais em mim. Mas agora que ela se foi, parece que tudo voltou a tona novamente. Pareço até um obcecado falando assim mas eu só sou simplesmente apaixonado por ela. Pela sua beleza, pela sua personalidade e pelo seu jeito de olhar o mundo. Ou melhor, olhava.  

{QUEBRA DE TEMPO}

- Olá Léo! Meu querido.

- Bom dia dona Maria. Como posso ajudá-la hoje?

- Olha meu filho... pela sua cara, eu acho que é você que precisa de ajuda.

Abro um sorriso verdadeiro.

- Eu apenas não dormi direito. Só preciso de umas doze horas de sono e tudo bem.

- Pode me contar a verdade meu filho, oque tá' acontecendo? 

- Uma amiga muito especial minha faleceu...

- Eu quero a verdade Léo.

- Mas essa é a verdade dona Maria

- Você a amava não é Léo?

- Claro que s-

- Estou falando no sentido romântico. - Ela me interrompe.

Fico alguns segundos em silencio. 

- Era o amor da minha vida.

- Deixa eu adivinhar, ela não sabia?

- Não fazia a mínima ideia.

Dona Maria dá um suspiro fundo e diz:

- Vou te dar um grande conselho. Eu te considero um filho meu Leonardo. Sabe que o meu sonho era ter um lindo menininho. Mas Deus quis que eu tivesse uma princesa. E eu a amei mais ainda por isso. Lembra da última vez que te vi?

Faço que "sim" com a cabeça.

- Era o dia da minha filha trazer ao mundo o meu netinho, mas teve algumas complicações na hora do parto e minha princesa não aguentou...

- Dona Maria...

Com seus olhos cheios de lágrimas, ela faz um gesto com a mão pedindo um momento.

- Depois que descobri, eu chorei duas vezes.  A primeira foi de tristeza profunda pela morte da minha filha. Ela estava tão feliz! Com certeza seria uma ótima mãe. Ela tinha a vida toda pela frente e em apenas um suspiro se foi... sabe, a mulher que perde o marido é viúva, o filho que perde os pais é órfão. Mas a dor de uma mãe que perde um filho é tão grande que nem nome tem Léo...

Agora, estava nos dois nos derramando em lágrimas.

- A segunda vez que chorei, foi quando me falaram que o bebê sobreviveu. Chorei de alegria e de esperança... 

Dona Maria faz um pausa e bebe um pouco d'água de sua garrafinha.

- Sabe oque é mais hilário Léo? É que quando fui ver o meu netinho, os médicos vieram me falar que não era um menino. Era uma princesinha!

Dona Maria e eu já não sabíamos se sorriamos ou chorávamos com a historia.

- Minha filha iria colocar o nome do neném de Marcus, mas já que veio uma garotinha, fiquei responsável por escolher o seu nome. Aurora. Significa luz, e eu escolhi esse nome porque ela foi a minha luz.

- Quando eu pisei o pé nesta loja, você mesmo viu que eu estava com um sorriso no rosto. Sabe porque?

- Não senhora.

- Porque eu sei que minha filha descansou. Sou uma mulher muito católica e acredito que ela está em um lugar muito melhor do que aqui. Aurora minha luz me fez perceber que a vida nunca acaba. Saiba que sua Rose está bem e feliz em algum lugar. E nesse lugar, ela sabe o amor que você ainda sente por ela. 

Eu estava quase me afogando em minhas próprias lágrimas. As palavras da Dona Maria me reconfortaram muito.

- Depois disso tudo até desisti de comprar a flor! - A senhora de cabelos grisalhos dá uma gargalhada e se despede de mim.

- Muito obrigado mesmo...

- Eu que agradeço meu filho.

Quando vejo dona Maria abrindo a porta para se retirar da loja, eu a chamo.

- Sim?

- Como você sabia o nome dela?

A mesma me dá um sorriso amarelo e simplesmente vai embora da loja. 

As cartas que não enviei para RoseOnde histórias criam vida. Descubra agora