Meia entrada

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- Ela olhou para mim com aquela cara de cínica e disse; "Você é muito pintuda".

Rose ri novamente enquanto segura a seu peito em busca de fôlego.

- Seu humor é um lixo! - Começo a rir junto com a loira.

- Você sabe que a quinta série ainda hábita em mim Léo. Mas se coloque no meu lugar, você está discutindo com uma pessoa, vocês estão trocando ofensas uma para a outra, aí vem a tal pessoa e te chama de pintuda do nada! Você realmente acha que eu não iria começar a rir?

- Consigo imaginar a cara dessa mulher...

- Acho que não viu, ela fez um contorcionismo com aquela cara de bode velho dela que vou ter pesadelos. - A loira começa a rir mais ainda.

- Vamos ver se eu entendi. Você explicou que a mulher queria pagar meia entrada no cinema né?

- Sim.

- E você não deixou porque ela é adulta?

- Óbvio, a parte mais básica do meu trabalho é isso.

- Então a mulher começou a brigar com você?

- Uhum.

- Vocês começaram a se xingar, e a mulher te chamou de pintuda?

- Sim. E eu esqueci de falar com você, que eu respondi ela falando que era grande e grosso mesmo. - Coloca a mão na boca para segurar a gargalhada.

- Jesus...

- Foi engraçado, confessa.

- Muito. - Balanço a cabeça em um sinal de sim.

- Eu sou muito pintuda e você é muito sarcástico! - Ela fala enquanto vai até a minha cozinha se servindo um copo d'água.

- Olha, eu acho que ainda não entendi com oque ela quis dizer com pintuda.

- Ela iria falar peituda, mas ficou tão nervosa que saiu errado. E bom, não seria uma ofensa. - Fala se gabando.

Rose realmente é bem provida em questão de, você sabe... peitos.
A loira vivia reclamando de dor nas costas por consequência disso. A mesma me conta que sofria muito quando era criança por ter os seios maiores do que das outras crianças. Bom, oque era um problema no passado virou uma super qualidade agora no presente.

- Faz mais sentido mesmo.

- Como assim?

- Achei que era por causa das suas pintas.

Rose ergue umas de suas sobrancelhas.

- Eu tenho pinta?

- Sim, você não sabia?

- Não... aonde?

- Nas costas. Você tem três, até parece tatuagem. Elas estão na horizontal, uma na frente da outra. - Tento me lembrar de cada detalhe.

- Uau! Como você sabia e eu não?

- Acho que você não tem olhos nas costas ainda. - Vou até sua direção e dou um pequeno beliscão em suas costas.

- Pervertido! - Fala com um tom de indignação. Obviamente brincando comigo.

- Eu!? Eu não sou nenhum pervertido! A senhorita que é muito peituda! - Entro na brincadeira.

- Além de pervertido, não sabe falar. É senhorita pintuda pra você!

Começamos a rir feito dois idiotas.

- Mil perdões, a senhorita pintuda aceita ver um filme de terror com minha pessoa?

Estendo minhas mãos em um gesto cavalheiresco e Rose as segura.

- Claro!

Assistimos três filmes, estava muito bom mas também estava ficando tarde e Rose tinha que ir para casa, já que a mesma mora longe.

- Muito obrigada por hoje Léo, o dia foi muito divertido. - Fala se despedindo, no lado de fora do meu apartamento.

- Sempre é bom ouvir seus desabafos como balconista de cinema. - Lanço uma piscadela.

- Te vejo amanhã?

- Com certeza!

Rose se aproxima mais de mim e me dá um beijo na bochecha de despedida.

- Tchau Léo.

- Tchau Rose...














Para: Rose

Como pode uma pessoa ser fã de filmes de terror e se assustar com eles mesmo assim, né querida Rose?
Bom, estou surpreso que você ainda não foi demitida daquele cinema. Você é linda, inteligente e especial... mas não sei qual é o nome do doido que colocou você para trabalhar com o público.
Aliás, preciso dizer como você estava linda hoje? Sem contar aquela sua risada que melhora meu dia e faz a minha noite.
Um dia eu ainda te direi o quanto eu te amo.

De: Léo

As cartas que não enviei para RoseOnde histórias criam vida. Descubra agora