Depois da chuva

225 12 7
                                    

Acordo no meio da noite, meus olhos não se abriam direito, meu corpo estava todo dolorido, o relógio indicava 02:09, estava meio zonzo, isso que nem bebi. Baji dormia feito pedra do meu lado.

Eu senti meu corpo esquentar muito, como se uma onda de calor tivesse me tomado, logo em seguida tive um queda de pressão. Esperei eu me recuperar um pouco e fui até o banheiro, lavei o rosto, uma, duas, três vezes. Não adiantou nada.

Eu estava apavorado, tentei me acalmar de várias formas. Como nada adiantava, tentei voltar a dormir, o que obviamente não funcionou.

Comecei a passar mal de verdade, tremer, ânsias, falta de ar. Senti como seu meu peito fosse explodir. Mil coisas vieram a mente, estava prestes a ter um treco.

Não sabia o que fazer, sentei na cama e simplesmente comecei a chorar, tive a sensação de que esse era o meu fim.

Com as mãos rosto, costas curvadas, pernas cobertas, era assim que eu iria partir.

Senti um braço firme me envolvendo com cuidado, comecei a sentir o resto de seu corpo, seu perfume, seus cabelos caindo sobre mim. Ele acordou, ele está aqui.

Deitamos, ele me puxou para uma "conchinha frontal", e claro, fui a menor. Ele começou a acariciar meus cabelos, aquela hora comecei a me acalmar.

Quando consegui me controlar, Baji me olhou, ele parecia tão calmo.

- Quer falar sobre isso? Talvez ajude, não sou nenhum especialista, mas isso parecia uma crise de ansiedade...-Baji

-Não, tudo bem, mas obrigado...Por me ajudar.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, eu estava tão grato por ele ter acordado, e me ajudado.

-Você mudou...Muito.

- O que te faz pensar isso?-Baji

-Você... Amadureceu, quando nos conhecemos, era só um menino com dois propositos, ter boas notas e ser delinquente. Hoje em dia, você é tão diferente.

-Ainda sou eu-Baji

-É, só que não sinto isso.

-As pessoas mudam, é natural, você também mudou-Baji

-Mudei?

-Claro, ou acha que é o mesmo pirralho de 13 anos?-Baji

-Mas faz tanto tempo, não deveria ser assim.

-Sinto em lhe dizer, essa é a merda que chamamos de vida. Era realmente muito bom, não era?-Baji

-Realmente, era demais.

Eu te amo, mas não consigo dizer. Por algum motivo, não consigo externar meus sentimentos, pelo menos não os que tenho por você. Mas eu te amo muito, você não tem ideia.

Ficamos conversando por horas, eu não queria voltar a dormir, queria ficar alí para sempre, que o tempo parasse para nós dois, pelo menos por aquela noite.

Ando pensando muito, sobre mim, sobre Baji, nosso passado, o que será do meu, ou nosso, futuro?

Tudo o que passamos até agora, do que serviu tudo isso? O que aprendemos? Ou o que deveriamos aprender?

Eu realmente quero um futuro com ele, e não me canso de dizer.

Como o tempo passou voando, já eram 09:17 da manhã, viramos a noite acordados. Não me arrependo de nada.

Hoje será um ótimo dia, eu sinto isso.

Algo muito bom está por vir, não sou vidente nem nada, mas essa sensação me tomou de uma maneira.

Após almoçarmos, Baji e eu estávamos andando pelo jardim.

Ele parecia agitado, talvez empolgado, ansioso, não sabia ao certo.

-Olha que linda! Eu amo violetas! O que acha delas?

-Hã? Acho sobre o que?-Baji

Ele estava meio disperso.

-As violetas.

-A claro, as violetas...O que tem elas?-Baji

-Você gosta?

-A sim, sim, com certeza, são...bonitas?-Baji

-Você ao menos sabe o que é uma violeta?

-Não-Baji

-Hahaha você não tem jeito mesmo em Baji.

-Porque diz isso?-Baji

-Deixa para lá...Você não entenderia.

-Tudo bem então-Baji

Um tempo se passou, e o nervosismo dele aumentou.

Enquanto caminhavamos, segurei sua mão e me escorei em seu braço. Aquilo meio que foi uma tentativa óbviamente falha de tentar acalma-lo.

Momentos depois, ele me soltou de seu braço e entrou na minha frente.

-Chifuyu...Eu...Quero te dizer uma coisa-Baji

Confesso que naquele momento, o medo me tomou e me arrepiei, será que ele iria me expulsar de lá?

-P-pode falar...

- Faz um tempo que nós nos reencontramos, e conforme o tempo passava, fomos ficando cada vez mais próximos. E eu gosto disso, eu gosto de você...Mas do jeito que está, não dá para continuar. Olha você me conhece e sabe que eu nunca fui bom com palavras, então vou ser direto...-Baji

Ele respirou fundo, senti seu desespero imediato.

-Chifuyu, me daria a honra de ser seu marido?-Baji

Eu não podia acreditar no que estava ouvindo, meu rosto se cobriu em pranto. Eu queria gritar, sair correndo, esconder meu rosto corado a qualquer custo, mas não.

-Sim, eu quero que você seja meu marido! Porque mesmo depois de 12 anos...Ainda é você! Que eu amo, que eu quero, que desejo loucamente, eu sou L-O-U-C-O por você Baji, eu te amo, mas do que você pensa...

Queria dizer mais coisas...Mas a alegria me sufocou em um beijo longo...

Fim.

Como gatos  (Baji x Chifuyu) Onde histórias criam vida. Descubra agora