Counting Bodies Like Sheep - Harry Potter ( Tradução )✔

A salvo da dor

Acontece que beijar alguém enquanto você está doido não é uma boa ideia por dois motivos. Um, sendo que a pessoa que você acabou de beijar vai pensar que você perdeu totalmente a cabeça e não vai te levar a sério. O segundo? A menos que realmente vomitar depois de fazer isso fizesse parte do seu plano...

Sim.

Não é uma boa ideia.

Harry não conseguia se lembrar muito depois do vômito - ele se afastou dos lábios de Tom, virou-se e vomitou nos arbustos em algum lugar perto deles antes de desmaiar. Algo lhe dizia que Tom não achara isso muito atraente.

Quando Harry costumava imaginar seu primeiro beijo com Tom, ele admitia que esperava mais romance ou talvez apenas não o fedor de sangue e dor agonizante, então ele meio que prometeu a si mesmo que enquanto Tom não tocasse no assunto, o próprio Harry iria também não mencione isso. O que na verdade não era grande coisa, já que sua mão e o osso saindo dela ofereciam muita distração.

"Estamos indo para a cidade", disse Tom, quando Harry estava acordando novamente. Ele deve ter carregado Harry até o carro porque até aquele momento Harry não conseguia se lembrar de ter caminhado até lá.

A voz monótona de Tom lembrava vagamente a Harry aquela voz que costumava fazer os anúncios nas estações de trem. Harry desejou ter permanecido inconsciente porque a dor era apenas... Harry só tinha que fazer tudo o que podia para não chorar sempre que Tom passava por cima dos menores solavancos da estrada. Ele nem se lembrava do beijo naquele momento – estava muito ocupado mordendo o interior de sua bochecha e estava apenas vagamente ciente da voz de Tom.

— E você decidiu isso sozinho? Harry havia resmungado. Ele xingou quando Tom passou por um buraco maior na estrada porque o leve movimento sacudiu sua mão dolorosamente e ele o encarou.

'Dado que você quebrou a mão, estamos quase sem gasolina e munição...' Tom sarcasticamente fingiu estar refletindo sobre isso enquanto Harry olhava para ele com irritação, 'sim, acabei de pensar', Tom concluiu.

'Idiota', Harry sussurrou baixinho. Tom não disse nada em resposta.

E agora eles estavam lá.

Tom não estava realmente dizendo nada. A cidade ficava perto da floresta onde eles foram atacados, então não foi uma viagem muito longa, mas se dependesse de Harry, ele ficaria mais do que feliz em deixar sua mão curar por conta própria. Pena que Tom não concordaria com ele nisso.

Harry odiava cidades. Todos pareciam confinamentos - cheios de pessoas apenas passeando pelas ruas, parecendo doentes e desgastados. Os poucos humanos que restavam agiam como os próprios monstros dos quais estavam fugindo, do jeito que mal pareciam cientes de qualquer coisa além de que precisavam apenas sobreviver. Harry manteve o queixo erguido e acelerou o passo, tendo alguns problemas para acompanhar Tom, mas não muito.

As pessoas estavam apenas tentando seguir em frente. Tirar o melhor proveito da vida e ainda esperar, mesmo depois de todos esses anos, que tudo isso tenha sido um pesadelo. As poucas crianças que nasceram nos últimos anos não sabiam de nada – elas nunca teriam a infância que Harry teve.

Tom seguiu cuidadosamente as instruções que foram dadas e Harry apenas olhou, sentindo-se inseguro de alguma forma. Era o fato de os zumbis serem movidos pela loucura e alimentados por uma fome sem fim que os tornava tão assustadores. Foi o fato de que os humanos planejaram seus crimes hediondos que os tornaram demoníacos .

Tom sempre disse que era isso que tornava a Irmandade tão forte. O fato de agirem como zumbis, mas pensarem como seres humanos. Tom nunca explicou a Harry o que a Irmandade havia feito. Ele provavelmente nunca sentiu a necessidade de fazê-lo.