𝑪𝒂𝒑𝒊𝒕𝒖𝒍𝒐 𝟑

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Recapitulando¡

- Você ia casar... criar uma nova família, não vem com essa, tá?

- Eu sei, João. Eu precisava, recomeçar. Mas você sabe que eu nunca te troquei.

- É difícil acreditar nisso quando você me deixou de lado falando que não estava pronto pra ter algo comigo, mas depois de 1 ano estava com a pessoa mais ingrata e sem noção do mundo.

- Eu entendo como você se sente, João. Eu realmente entendo. Mas eu não posso negar o que sempre senti por você. Você é meu melhor amigo e eu te amo de uma maneira que não posso explicar...

- Eu... Eu não sei o que dizer.

- Eu não estou pedindo para você voltar para a minha vida de uma vez, nem estou esperando que você mude seus sentimentos de um dia para o outro. Mas eu gostaria de ter você ao meu lado nessa viagem.

- Eu tenho medo, Ferreira. Medo de me machucar de novo, de me iludir com a ideia de que podemos ser mais do que amigos.

- Eu entendo os seus medos, João. Eu tenho os meus também. Mas eu quero tentar. Quero reconstruir nossa amizade e talvez, quem sabe, descobrir se há algo mais entre nós. E se não houver, eu estarei bem em ser seu amigo, porque você é importante para mim.

Bitello olhou nos olhos de Ferreira por um momento, vendo a sinceridade em suas palavras. Ele sabia que o amor que sentia por Ferreira não ia desaparecer facilmente, mas também não queria deixar o medo controlar sua vida.

- Tudo bem, Ferreira. Vamos fazer essa viagem juntos.

- Obrigado... -Ferreira sorriu genuinamente.
- Há mais algo pra discutir, Bita? Eu quero ir com o coração limpo, sem nenhuma pendência entre nós.

- Não, não há nada que precise ser discutido. Estamos bem, Ferreira.

Embora Bitello tenha respondido com calma, no fundo de sua mente, uma onda de emoções conflitantes se agitava. Ele sentia uma raiva contida, uma frustração que o fazia querer xingar Ferreira como nunca antes xingou alguém. Mas, naquele momento, ele decidiu guardar esses sentimentos para si, pelo menos por enquanto.

Ferreira sorriu afetuosamente e estendeu a mão sobre a mesa, buscando um gesto de proximidade com Bitello. No entanto, ao notar o receio no rosto de Bitello, ele recuou a mão, deixando-a cair de volta em seu colo, enquanto abaixava a cabeça, desapontado com a reação do mais novo.

Com um suspiro pesaroso, Ferreira deslizou o olhar para o copo de gin à sua frente. Sentindo-se desanimado, ele pegou o copo, levantou-o e virou seu conteúdo de uma só vez. Em seguida, colocou o copo vazio com força na mesa e pediu ao garçom outro gin.

Bitello disse com cautela:

- Já está bom de bebida, Fer. Não acho que seja uma boa ideia você ficar bêbado.

Ferreira ergueu os olhos, encarando Bitello, e um sorriso triste se formou em seus lábios.

- João, enquanto eu tiver você ao meu lado, nunca precisarei me preocupar com nada.

A declaração de Ferreira tocou o coração de Bitello, mas ao mesmo tempo, ele sentiu o peso da responsabilidade. Ele sabia que Ferreira contava com ele, não apenas como amigo, mas como um porto seguro. Essa consciência o fez questionar suas próprias emoções e as complexidades de seu relacionamento com Ferreira.

Bitello sentiu um nó se formar em sua garganta, Ele percebeu, naquele momento, o quão tóxico aquela dinâmica se tornara. Ele não queria ser apenas uma opção na vida de Ferreira, ele queria ser uma prioridade. No entanto, por medo de confrontar essa realidade dolorosa, Bitello preferiu permanecer calado.

Ele abaixou os olhos para seu suco, mexendo-o lentamente com a palhinha. Sentia um misto de tristeza e resignação em seu coração.

Ambos os amigos permaneceram em um silêncio pesado, carregado de tensão não expressa. Cada um com suas inseguranças e incertezas, ansiando por uma resolução que ainda parecia distante.

Ferreira olhou para Bitello com um olhar esperançoso e sugeriu:

- E se a gente deixar isso de lado por agora? Podemos voltar para casa, abrir um bom vinho e assistir o jogo do Tottenham juntos. O que acha? Começa às 17:00.

Bitello hesitou por um momento, sentindo-se desconfortável com a ideia de se envolver em mais momentos íntimos com Ferreira. Ele queria manter uma certa distância para proteger seu coração, até a viagem. Então, ele respondeu de forma cautelosa:

- Ferreira, acho melhor eu te levar para casa primeiro e depois voltar para a minha. Não quero me envolver em algo que possa complicar ainda mais as coisas entre nós.

Ferreira olhou nos olhos de Bitello, mostrando sua determinação em convencê-lo:

- João, eu te prometo que não vai acontecer nada demais. Será apenas um momento descontraído entre amigos, como nos velhos tempos. Vamos apenas curtir o jogo, o vinho e a companhia um do outro. Nada além disso.

As palavras de Ferreira mexeram com Bitello, despertando memórias de momentos divertidos e despreocupados que eles compartilhavam juntos. Ele suspirou e finalmente cedeu:

- Tudo bem, vamos fazer isso então. Mas só um jogo e um vinho, e depois eu vou voltar para casa, está bem?

Ferreira sorriu, sentindo-se aliviado por Bitello ter aceitado sua proposta:

- Está perfeito, João!

Os "amigos" pagaram a conta e saíram do bar juntos, caminhando em direção ao carro, partindo para casa de Ferreira.

Meu Deus, eu esqueci que tinha que trabalhar aqui tbm 😭

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Meu Deus, eu esqueci que tinha que trabalhar aqui tbm 😭

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