Capítulo 1: Amigos

2 0 0
                                    

Nunca imaginei que aquilo aconteceria

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Nunca imaginei que aquilo aconteceria.

Jamais esperei que ele pudesse fazer isso: matar. Ele tirou a vida de alguém.

— Como pode? — Arranquei-o de cima do corpo.

Suas mãos cobertas de sangue assim como sua camisa.

— Ele merecia! — retrucou se afastando do meu toque. — Você foi uma vítima dele, como pode me perguntar isso? Mataria qualquer um que fizesse mal a você.

— Isso é loucura, Zac! Não podia matá-lo. Justiça! É isso que se precisa para pessoas como ele.

— Justiça? Não há justiça no nosso país Isabel.

— Existe! Esse homem conheceria a vergonha e DESEJARIA morrer. Você tirou essa justiça de mim e eu...


Meus dedos travam no meio da frase. O toque do celular me arranca da história e do meu mundo particular. Respiro fundo e torço para ser algo importante, se não seja lá quem for, vai ouvir.

"Ligação de Júlio"

A voz robótica anuncia e um sorriso brota no meu rosto.

— Atender. — ordeno ao sistema integrado da casa. — Oi Júlio!

— Oi, está ocupada?

Noto um barulho tremendo ao fundo, ele deve estar na obra.

— Estava escrevendo o livro novo — digo, esticando o braço até a garrafa de água. — Minha cabeça ainda está meio longe. Tudo bem?

Tiro a tampa e viro a garrafa, mas nem um pingo de água cai. Encaro a porta e só de considerar ir até a cozinha já canso.

— E dá pra ficar bem? — Ele quase grita do outro lado. — Meu trabalho está uma loucura! Estou me sentindo uma toupeira depois de tanto cavar.

Não posso deixar de rir com seu sofrimento. Sei que sua reclamação é só da boca pra fora, já que seu sonho era trabalhar construir casas ecologicamente corretas. Ir para o Paraná abriu portas a ele, até o dia em que foi contratado como um dos engenheiros das casas subterrâneas. Era um grande projeto e a realização desse sonho. Protegeria as pessoas do frio noturno e do calor que se torna pior a cada dia.

Assim como eu, ele trabalha no que sempre quis, então os desabafos eram só isso.

— Que horror, Júlio. — Brinco.

Pego o celular no painel de carregamento e levanto, decidida a encher minha garrafa. Poderia falar com ele pelo fone ou pelo sistema? Sim, mas gosto da sensação vintage de segurar o aparelho contra a orelha.

— Onde aprendeu a ser tão dramático? — pergunto.

Sigo até metade do corredor, e subo a pequena escada até a cozinha.

Te encontrarOnde histórias criam vida. Descubra agora