LUZ QUE BRILHA EM MIM

🍁CAPÍTULO III- LIAM🍁

Liam está em pé no meio da sala do seu mais novo lar, com mais aquele novo apartamento já perderá as contas de quantas vezes se mudou de um para o outro nos últimos anos. Depois de uns meses que se mudava, sempre era expulso pelos donos por conta das reclamações dos moradores, mas ele não os culpava, ele provavelmente agiria do mesmo modo se um louco ficasse gritando no meio da noite atrapalhando seu sono.

Já cansado de tanto procurar um novo lugar para ele ficar sempre que é expulso, o pai de Liam fechou um contrato com o dono deste novo imóvel, onde Liam não poderia ser expulso do apartamento mesmo se alguém se queixasse, e em troca ele pagaria um valor de aluguel mais alto que os demais. O dono óbvio, aceitou. O novo apartamento onde Liam ficará fica no sexto andar, e lá mora apenas um homem e sua filha, e agora ele.

Liam soube pelo dono que o homem era viúvo, e advogado, deduziu então que provavelmente o homem dava muito duro para cuidar sozinho da filha e trabalhar, e por isso teve pena deste por ter suas noites atrapalhadas com suas crises.

Liam as odiava! cada crise que tinha, seja de ansiedade ou pânico, odiava cada uma delas. No entanto apenas odiá-las não as fariam sumir, ele sabia bem disso, nem mesmo seus remédios estavam fazendo direito. Não era todos os dias que as tinha. Os gritos eram durante algumas noites por conta de pesadelos com a noite do acidente, as crises de pânico em dias de chuva e as de ansiedade em maioria antes das chuvas. Era só uma nuvem cobrir o sol e pronto, elas já estavam prontas para atacar.

Já tinha quatro meses que havia começado a viver ali, por algumas vezes viu os vizinhos. O pai, Vicente, não parecia ter muito mais do que trinta anos, era bonito, estiloso, e também ocupado. A filha se chamava Luci e adorava brincar no corredor, às vezes ela ia até perto de sua porta, mas só isso, devia ter de sete a oito anos, não se parecia com o pai, provavelmente puxou a mãe. Tinha também uma mulher mais velha, Rosa, ela trabalhava para eles e cuidava da menina até um certo horário, depois disso ela levava a menina para algum lugar. Liam notou tudo isso nas vezes que saía do apartamento, o que não acontecia com frequência, às vezes ia até a rua comprar algo, mas a maioria de sua saída era até às escadas, ia até lá sempre que sentia que o apartamento o estava sufocando. Ele não gosta muito de interagir com as pessoas, isso evita estresse, e também com o passar dos anos sozinho ele ficou ruim nisso. Então sempre que queria um ar diferente ia até às escadas e desenhava. Desenho era a única coisa que gostava de fazer, ele era bom nisso, também gostava de música; pintar e cozinhar.

Há cerca de uns quatro anos saiu de casa, mas necessariamente, o seu pai o tirou de casa depois de um ano da morte de sua mãe, e o fez pular de apartamento para apartamento desde então. Ele arcava com cada despesa de Liam, todo mês um valor era depositado na conta para gastos com suprimentos e outras coisas que Liam necessitasse, o aluguel ele mesmo ficava responsável por pagar. E esse também era o único compromisso que tinha com o filho, depois de deixar Liam no apartamento só aparecia quando este era expulso e precisava ser levado á outro.

Quando estava na metade do mês de Setembro, os dias mais temidos por Liam começaram, os dias de chuva. E quando veio outubro elas aumentaram, e as noites caóticas de Liam também, sempre que percebia que ia chover bebia logo seus remédio para dormi, caso as chuvas vissem antes tomava remédios para se acalmar, esses que de nada servia nos dias de tempestade.

O vizinho provavelmente o odiou ainda mais neste mês, e Liam teve certeza disso quando este quase avançou em cima dele outro dia nas escadas. Luci o seguiu até ali sem o pai saber, e esse chegou bem no momento em que a menina caiu e ele acabou entendendo tudo errado, também, como não entender? aos olhos de Vicente Liam era certamente um louco, um perigo para sua filha. Depois daquele dia uma semana se passou e neste tempo não escutou mais a menina brincar no corredor, o pai provavelmente a proibiu, apenas um dia se cruzou com Luci no corredor, a menina parece que estava sozinha em casa, por isso saiu rapidinho. Eles conversam por um momento, a pequena como uma boa curiosa, assim como são as crianças durante sua idade, quis saber seu nome, e também o porque dele gritar tanto durante a noite. Lhe contou também que a professora havia lhe dito que ele era doente e não louco. Liam se divertiu enquanto falava com Luci já que não conversava com ninguém além dos objetos inanimados de sua casa, entregadores e vendedores, ou com ele mesmo, durante a curta fala percebeu que a menina parecia ser bem esperta.