Patas na estrada

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   Em uma manhã ensolarada, lá estavam eles, derretendo dentro do Bel 57. Estavam indo em direção ao lago, em plena segunda-feira.

-Mello, não corra atrás dos patos! Disse Erick.

-Deixe-o brincar... Assentiu Mônica.

   O cão corria de um lado para o outro, estava feliz por passear dois dias seguidos. Brincara a tarde toda; correu atrás dos patos inúmeras vezes, brincou de frisbee, e recebeu carícias na barriga.
   Com o bater do relógio, o céu começara a cair. Mello cochilava de barriga para cima, vida boa!

-Temos que ir.

-Não consigo, Erick.

-Eu também estou triste, mas precisamos ir embora.

-É maldade fazer isso com ele, sempre foi tão companheiro...

-Mas agora temos alguém, um serzinho de verdade. Respondeu Erick.

-Ele sempre esteve comigo, antes de tudo.

-Você verá que vai valer a pena, juro.

Mônica começa a chorar e diz. -Ele pode ser o guardião.

-Crianças e animais não combinam, ele ficará com ciúmes. Pode acabar machucando o bebê.

-O coitado, tenho tanta pena.

E enxugando as lagrimas do rosto de Mônica, Erick diz abraçando-a:

-Ele vai ficar bem, ele é forte.

   E por conta do ronco do motor, o cachorro acordou desnorteado. Olhou para os lados, e depois percebeu o velho Belair indo embora. O cachorro disparou como um foguete, chegando a tropeçar em uma pedra. Seus pulmões pareciam que ia pular para fora, e sua última visão foi do rosto de Mônica pelo vidro traseiro.

   O pobre cão nunca tinha corrido tanto, sentiu um embrulho no estômago por conta de tanta comida que havia comido. Pós-se a fazer grunhidos, como se estivesse chorando. E ali, no meio do gramado, ele uivou, até cair no sono.

Cinzas ao RelentoOnde histórias criam vida. Descubra agora