Capítulo 4 - A pousada

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Cascão

Magali e Cássio pegam a chave do quarto que passariam a noite e seguem para o cômodo. Era um aposento simples com um ar condicionado que parecia não estar nas melhores condições, uma janela no centro da parede sem cortinas, uma cama de casal pequena e um banheiro minúsculo.

A chuva continuava e se intensificava. Logo, os amigos puderam ouvir trovões e ver alguns relâmpagos pela janela.

Cascão notou que Magali parecia estranha desde que eles entraram no quarto. Tinha perguntado se ela já ia querer comer o sanduíche que eles haviam comprado na estrada quando souberam que teriam que passar a noite numa pousada, mas ela pareceu indiferente. Disse que estava sem fome. Magali sem fome? Isso não existe. Então indaga à menina, preocupado.

- Tá tudo bem, Magá? Notei que você tá meio estranha... não quis comer o sanduba que a gente comprou... tem alguma coisa te incomodando?

O garoto achava que era o fato de terem que dividir a cama... realmente era uma situação complicada, mas ele estaria disposto a jogar alguns lençóis no chão e terminar por ali mesmo se isso fosse deixar a amiga mais à vontade.

- Olha... eu não preciso dormir na cama com você... - ele diz hesitante - Me viro bem no chão, coloco uma manta e durmo sem problemas! Se for isso que está te incomodando...

Ela para um instante, depois olha em seus olhos e diz.

- Não, Cas. Não é isso. Eu até prefiro que você durma comigo... é só que...

Ela não completa, deixando Cássio preocupado.

- O que é então? - pergunta.

- É bobagem... você vai rir... - ela diz meio insegura.

- Claro que não! É algo sério? Eu fiz alguma coisa?

- Não! Não tem nada a ver com você. Eu só... - ela para alguns instantes, depois toma coragem e completa - Eu tô com medo da tempestade...

Os dois param por alguns segundos se olhando. Cássio fixa o olhar em Magali e logo em seguida começa a rir.

- Ei!! Você disse que não ia dar risada! - diz a morena fingindo estar afetada pelo riso, e então dá um empurrãozinho no ombro do amigo - Seu bobão!

- Aí, Magá... eu até te entendo. Também tinha medo da chuva quando era mais novo, mas agora que eu cresci vi que é bobagem. Chuva é só água!

- Fala isso para esses trovões que estão me apavorando! - a garota se espanta e dá um gritinho fraco quando ouve uma folhagem bater na janela, e acaba se aproximando do garoto.

Cascão nota que Magali fala sério então diz.

- Não se preocupe, Magá, eu vou cuidar de você - fala enquanto a puxa para mais perto em um abraço - Nada vai fazer mal ou machucar você. - A garota então esboça um sorriso singelo.

Cascão tinha suas mãos em volta da cintura fina da morena e a garota havia repousado seus braços no ombro do amigo, chegando até o pescoço.

Eles ficam assim imersos numa bolha, pelo que parece nunca ser tempo suficiente. Abraçados, juntos. Era como se o mundo inteiro pudesse cair aos pedaços, se despedaçar, implodir..., mas contanto que ainda tivessem um ao outro, tudo ia acabar bem no final.

Estavam tão próximos que o rapaz conseguia ouvir os batimentos acelerados de Magá, cada vez mais fortes quando o vento fazia barulho ou quando a árvore, que tinha do lado de fora da janela do quarto, batia no vidro. Ele conseguia sentir o cheiro da garota. Ela cheirava a lavanda, a flores, a primavera, conseguiria sentir esse mesmo cheiro para sempre. Era inebriante. Então, tomando conhecimento desses fatos, um arrepio sobe pelo seu corpo, mas ele nem liga. Estava perdido, rendido, aos toques e ao corpo de Magali.

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