Capítulo Dois

33 4 26
                                    


FAZ UMA SEMANA DESDE QUE CHEGUEI
na Califórnia, e para falar a verdade minha adaptação está sendo tranquila.

Tanto na alimentação como no fuso horário — Bem, aqui as pessoas não almoçam como no Brasil, sabe? Arroz, feijão, um bife acebolado, batata frita e um suco (ou refrigerante). As vezes apenas lancham.
A diferença de horário do Brasil para San Diego é de quatro horas, e isso às vezes ferra o meu sono.

E sobre Liam?

Eu ainda não tive coragem de abrir minha janela ou de entrar em contato.

Também não sonhei com ele essa semana.

Andei um tanto quanto fissurada pela lenda do fio vermelho, horas na frente do computador vendo relatos em foros da internet.

Para falar a verdade parece fanfic, sério.

Pessoas destinadas umas às outras, sonhos realistas com pessoas reais? Isso é loucura.

Às vezes ouço sons de guitarra vindo do quarto dele, devo admitir que fico bisbilhotando pelas frestas da minha janela, e ouço com frequência o ronco da moto (que deduzi ser dele).

Ainda deitada, ouço o papai batendo em minha porta. Ele sempre faz o mesmo, bate três vezes e espera dez segundos, depois abre lentamente a porta sem fazer barulho e vai até a cortina, abre devagar para eu não me acordar com susto, papai sabe que fico com dor de cabeça.

— Bom dia, raio de sol — sussurrou, se aproximando.

— Bom dia papai.

Levantei e o abracei.

— Já estava acordada, princesa?

— Poucos minutos...

— Eu e sua mãe estamos de saída para resolver as questões da escola onde você vai estudar. Deixei seu café na mesa

— Obrigada Papai.

A ruga no meio de sua testa o denunciava: Estava preocupado com algo.

— Filha, já faz uma semana que chegamos aqui. — Sentou-se na cama. — Você não quer sair? Conhecer alguém sabe...

— Não se preocupe comigo pai, eu estou bem e irei fazer amigos. — Lhe lancei um sorriso.

Ele suspira e então se aproxima, me envolvendo em um abraço.

— Desculpa minha vida, é que eu te amo tanto e quero te proteger e te ver feliz — Sinto meu peito apertar, sei do que ele está falando.

— Prometo que vou sair de casa pai.— Um sorriso de alívio tomou seu rosto.

— Tenho que ir querida, voltaremos para o almoço. — Me deu um beijo na testa. — Tenha um bom dia minha Flora.

— Bom dia para você também papai.

Papai saiu do quarto, e tenho que lutar contra a vontade de voltar a dormir. Alguns segundos se passaram e ainda de olhos fechados eu o ouço.

Uma guitarra começa a soar, e conheço a música.

I Wanna Be Yours...

Meus olhos se enchem de lágrimas. Passei tanto tempo tentando encontrá-lo, ele está ali a alguns metros de mim e sou tão covarde de não conseguir abrir a janela.

Gemi e levanto da cama, vou até a janela, e lhe observo pelas frestas. De regata preta com uma guitarra nas mãos, de olhos fechados e com uma expressão...

Ele e a música eram apenas um só.

Minutos se passaram. Ele se levantou e saiu do quarto.

Fui até a cozinha, tomei meu café e voltei a organização do meu quarto. Desencaixando todas as roupas e acessórios, decoração que tenho um apego emocional. Como um quadro com quatro mãos, duas azuis e duas rosas, com uma frase da nossa música favorita do Chorão.

Meu Destino (Uma história de amor) Onde histórias criam vida. Descubra agora