Só Você

Capítulo 36

POV: Derek

   Eu definitivamente não esperava encontrar a Milena neste aeroporto hoje, na verdade, eu nunca mais esperava encontrá-la em minha vida; e a forma como a mesma reagiu, nossa, não poderia ser pior, afinal, ficamos sim algumas vezes, porém, era apenas desejo carnal, depois disso cada um seguia seu caminho. Nunca, nunca mesmo, sugeri que poderíamos ser algo a mais, eu nem pensei nisso e sempre fui muito claro sobre minhas intenções e sobre o que erámos; obviamente, ela queria algo mais, achou que com o passar do tempo eu iria mudar ou ela iria me ''mostrar o seu valor'' e com isso ficaríamos juntos, confesso, que nunca entendi seu pensamento, sempre fui muito claro sobre o que queria e o que erámos um para o outro. E agora, minha parceira está irritada comigo e me ignorando, Megan está sentada ao meu lado, estamos aguardando o embarque de sua mãe e parece que sou completamente invisível, já que a mesma nem sequer me olha e para completar o cenário Dona Andreia alterna sua atenção entre uma revista qualquer e eu, como se estivesse aguardando os próximos capítulos, e não sei bem o porquê, mas sinto que ela está desejando que isso vire uma briga feia, talvez, seja só uma paranoia minha.  Ficamos quietos, cada um perdido em seus próprios pensamentos e eu buscando inúmeras formas de ficar bem com minha parceira, igual estávamos antes de tudo isso acontecer, a mesma não está desejando muito me ouvir, porém, farei com que me escute e resolverei isso, afinal, não há nada pior para um shifter do que brigar com seu companheiro, é simplesmente horrível e nosso animal fica louco, completamente descontrolado, é uma dor não só emocional, mas também física e não gosto nem de imaginar algo do tipo, é tenebroso demais. O tempo continua passando e nada muda, minha parceira finge que nem existo, minha querida sogrinha parece ter desistido de esperar por uma discussão e assim ficamos, até que finalmente, anunciam o voo dela , confesso que foi um dos momentos mais felizes da minha vida; após isso, levantamos e a acompanhamos até o portão de embarque, o momento de despedida foi rápido, porém, senti a verdade das emoções nele, me contentei com um aperto de mão e com isso seguimos nosso caminho, entramos no carro em absoluto silêncio, liguei o mesmo e comecei a dirigir de volta para a nossa casa, a única coisa que se escuta é o barulho das nossas respirações e do motor, isso está me estressando tanto que não aguento e rosno alto com tamanha frustração! Percebo que a minha parceira arfa, porém, permanece quieta, realmente, não sei o que fazer, desesperado, a olho rapidamente e falo:

— Eu aceito qualquer coisa sua Megan, por favor, estou te implorando fala alguma coisa, pode até me xingar se quiser. Só não suporto mais este tratamento do silêncio. — minha parceira me encara durante longos segundos e permito nossos olhares se encontrarem rapidamente, pois, ainda estou dirigindo e preciso prestar atenção na estrada. Depois disso, Megan foca seus olhos na janela e responde:

— Quando chegarmos em casa vamos conversar e resolver isso. — suspiro aliviado, ela não tocou nada no assunto de terminar, então, iremos solucionar isso tudo, ah... Um peso saiu de cima de mim com isso.
Respirando mil vezes mais tranquilo comento:

— Ok, o que você preferir! — continuo a dirigir e a sentir a ansiedade indo embora do meu corpo, afinal, vamos resolver.

POV.: Megan

Talvez eu esteja sendo exagerada? Bom, talvez, mas é um talvez bem pequeno. A verdade é que estou insegura, afinal, sei que ele me ama e eu também o amo, somos parceiros; porém, sempre tem aquela pontinha que fica no fundo do meu cérebro me lembrando de todas às vezes que nunca fui o suficiente. E isso é absurdamente apavorante, sei que somos parceiros, contudo, peço que me entenda eu já passei por tantas situações, e agora que confio plenamente nele me sinto tão vulnerável que chega a ser ridículo, acho que isso foi o que me segurou por tanto tempo sabe, tinha tanto medo de ficar a mercê dos outros que me fechei para tudo, até para as coisas boas; Derek ultrapassou todas essas barreiras que criei e isso é assustador como o inferno, pois, significa que ele tem muito poder sobre mim e pode sim me machucar se quiser, acho que Maquiavel estava certo em suas hipóteses, o quê? Eu lia Maquiavel, confesso que era uma criança um tanto quanto estranha, mas isso não vem ao caso agora; estou tão absorta em meus pensamentos que só percebo que paramos quando meu parceiro fala:

— Quer ir ao banheiro ou comer algo? — desperto de um transe que estava e noto que estamos em uma parada com posto de gasolina, lojinha de conveniência e restaurante/lanchonete. Respiro fundo, percebendo que realmente estou faminta, afinal, não comi nada desde que saímos da nossa casa, olho para meu parceiro, que me encara ansioso, provavelmente esperando uma negativa e respondo:

— Eu adoraria. Admito que preciso esticar meu corpo. – seu suspiro de alívio foi tão alto que aposto que algumas pessoas que estavam ao nosso redor escutaram. Seguro minha risada, afinal, ter um homem, ou melhor, um macho imenso agindo assim, tão sem jeito e pisando em ovos por minha causa é, sem dúvidas, engraçado; Derek sai, rapidamente contorna o carro e abre a porta para mim, me oferecendo a mão para descer, pois o veículo é um tanto quanto alto, aceito e assim saímos em direção ao restaurante. Assim que entramos, viro para meu parceiro e digo:

— Eu vou ao banheiro. — ele acena e comenta:

— Ok, eu também vou, depois sentamos e comemos algo, pode ser?

— Claro! — com isso, cada um foi para o seu respectivo sanitário. Quando entro já percebo que está bem cheio, com uma pequena fila para cada cabine, quase gemo de frustração, afinal, estou apertada e ter que esperar não é muito o meu ponto forte; porém, como não posso fazer nada, entro na fila e começo a aguardar minha vez. De repente, sai uma mulher grávida de uma das cabines, pelo tamanho de sua barriga, passa uma sensação que ela irá entrar em trabalho de parto a qualquer momento, afinal, que barriga grande, será que são gêmeos? Por que estou pensando nisso? A resposta surge em minha mente: pois um dia quero estar  grávida e apesar de não saber quem é essa mulher o meu subconsciente rapidamente associou isso ao meu desejo de ser mãe; sem me conter, a olho torcendo para fazermos contato visual e conseguir puxar assunto, afinal, tenho algumas perguntas para ela. Finalmente, ela me encara e eu sorrio e falo:

— Oi, tudo bem? — ela fica um pouco surpresa a princípio, mas, depois retribui o sorriso e responde:

— Tudo sim e com você? — é o meu momento, penso alguns segundos e começo:

— Estou bem também, obrigada, só esperando minha vez. Meu nome é Megan e percebi que está grávida, como é? — fui cara de pau, com toda a certeza, mas não tenho muita vergonha há um bom tempo. Claramente, a mulher ficou em choque, porém, para minha felicidade ela ri e comenta:

— Bom, meu nome é Eva e sou mãe de primeira viagem. Então, acaba sendo uma descoberta entende, se tem algo que posso te garantir é que é único e completamente diferente de tudo que já viveu, é maravilhoso na verdade. Mas doi bastante e seu corpo muda muito. Você quer ter filhos?

— Entendo, confesso, que nunca pensei muito nisso. Sempre estive focada em outros setores sabe. Porém, conheci meu parceiro há um tempo e ele me faz considerar ser mãe, na verdade, tem momentos que imagino como seria uma criança com nossos traços correndo pela casa e quebrando tudo. — rimos juntas e Eva responde:

— Então, acho que você quer sim ser mãe.

— É, eu quero.

— Que bom! Uma dica, não fica se pressionando em relação ao quando, apenas, se preocupe com o como. — eu não aguentei e ri alto, sendo acompanhada pela mesma, é... Parece que encontrei uma mulher parecida comigo. Não me contenho e falo:

— Pode deixar! Hahaha.

— Foi muito bom te conhecer Megan, agora, preciso ir pois senão acho que meu parceiro irá entrar aqui para me procurar. — com isso, escuto algumas batidas na porta e uma voz masculina dizendo '' Eva, aconteceu algo? Vocês estão bem?''; Eva me encara e balança a cabeça, rindo e sussurra — Eu não falei? — depois aumenta o tom de sua voz responde — Está tudo bem sim querido, já estou indo! — eu aceno concordando e falo:

— Muito obrigada Eva!

— De nada! E boa sorte!

— Para você também! — desse modo, nossa conversa se finaliza e ela sai para encontrar seu parceiro que realmente estava a esperando na porta e parecia preocupado, quando a viu, alívio tomou sua expressão e eles saíram abraçados. E eu bom, tomei uma decisão: quero sim ter uma família com o Derek e conversarei com ele sobre isso, obviamente, depois de o fazer pagar um pouquinho pelo o que aconteceu no aeroporto; se bem que, não aconteceu nada demais, porém, gosto de um bom drama de vez em quando e além disso, ele não me contou sobre ela, tudo bem que não tínhamos muito tempo, mas, minha insegurança ainda existe, por isso, iremos conversar, claro depois de ter  brincado um pouquinho. Pois, a roupa está separada e tenho um plano maravilhoso em minha mente, um plano que ele não esquecerá nem tão cedo.