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5.
Estava nervosa por vê-lo novamente. Na sexta-feira depois das aulas, lavei o cabelo. Não comi nada ao jantar.
Os meus pais estranharam, mas não disseram nada. A Jamie tinha bordado as minhas calças com pequenos cogumelos e eu tinha comprando uma camisola azul clara a condizer. Li uma vez que é a cor que os rapazes mais gostam de ver numa rapariga. Despachei-me meia hora mais cedo.
Mal abri a porta, começamos a falar ao mesmo tempo. Olhamos um para o outro, rimo-nos e eu soube que tudo iria correr bem entre nós.
O Michael seguiu-me até á sala.
A minha mãe e o meu pai estavam estendidos no chão, a bordar um tapete - a última criação da Jamie. Bordar tapetes é muito fácil e divertido, mas eu não sabia nem o que o Michael iria pensar. Por instantes, arrependi-me de não lhes ter pedido para se entrarem á frente da televisão.
- Michael. - disse - quero apresentar-te os meus pais. Mãe... Pai... Este é o Michael Wagner.
O meu pai levantou-se e apertou a mão ao Michael. A minha mãe levantou os óculos para o poder ver melhor. Quando os usa consegue ver bem ao perto.
O Michael tossiu para limpar a garganta e olhou á sua volta.
- Isto é realmente fantástico. - disse ele.
A minha mãe gostou do elogio e retorquiu:
- Obrigada... também gostamos.
Tenho que explicar como é a nossa casa. É muito vulgar por fora, mas por dentro é realmente fantástica, como disse o Michael. Todas as paredes estão pintadas de branco e têm penduradas milhares de pinturas e tapeçarias da Jamie, todas elas feitas com cores vivas e lindas. O seu trabalho não é o de uma criança normal de quinze anos. Ela é que se pode chamar uma criança dotada. Quando se combina as plantas da minha mãe com as obras da Jamie, não é preciso mais nada. - a nossa mobília é muito simples, propositadamente tem tons de beige para passar despercebida.
A Jamie desceu as escadas a correr e aos gritos.
- Ele já chegou? Perdi-o? - Quando viu o Michael corou. - Oh, está aqui.
O Michael riu-se.
- Está é a minha irmã Jamie. - disse-lhe. - ... caso não tenhas reparado.
- Olá, Jamie. - disse o Michael.
- Olá. -respondeu ela.
Ainda se nota em várias coisas que a Jamie é uma criança. Ela vê-me como um exemplo a seguir, pelo menos é o que os meus pais me dizem. E acho que não se enganaram.
Demorou bastante até que eu percebesse, e acho que o facto de ter chegado a essa conclusão ajudou-me a ultrapassar os ciúmes que eu tinha de todos os seus talentos. Por vezes, isso ainda acontece, como quando o Michael admirou tudo o que ela tinha feito e eu sei que ele não elogiou só para ser agradável, ele ficou mesmo impressionado.
Mal vesti o casaco, o Michael e eu saímos. Fomos ao Cinema Blue Star e demos as mãos. Mas eu só pensava no " depois" e em estar sozinha com ele.
Depois do filme paramos num restaurante no Route 22.
Quando acabamos de comer, o Michael perguntou:
- Conheces algum sítio para pararmos o carro aqui perto?
- Não. - disse-lhe - , mas podemos ir para casa.
- Os teus pais não se importam?
- Eles preferem que eu leve os meus amigos lá para casa do que estar sentada num carro, algures.
- Está bem, Katherine. Vamos então para tua casa.

Por acaso até sei onde as pessoas param os carros. Há um beco escuro, perto de onde moro, e há também o campo de golfe e a colina. A Erica mora na colina. Esta sempre a encontrar preservativos usados na rua. Não consigo perceber como é que alguém consegue deitar uma coisa daquelas pela janela do carro e esquecer-se dela, os meus pais sempre me avisaram em relação a estacionar carros no escuro quando comecei a sair com rapazes que conduziam.

MENINAS MAIS LOGO COLOCO A CONTINUAÇÃO DO CAPÍTULO. LYALL

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