Sonhos

Capítulo único

Boa leitura ✨
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Corro o mais rápido que consigo, atropelando meus próprios passos e quase caindo na calçada. Não posso demorar, senão tudo estará perdido. Que droga, porque fui esquecer logo o essencial? Vão brigar comigo, certeza.

Viro mais uma esquina e vislumbro ao longe o Edifício Novo Amanhecer, finalmente. Toco o interfone desesperado, enquanto checo meu relógio, 19h23, ela já deve estar chegando. Toco novamente o interfone e bato na porta do prédio com a mão, gritando:

- SIDNEEEEEY! ABRE POR FAVOR! SIDNEEEEEEY!

Após alguns instantes de gritaria, ouço uma voz estridente soar pelo interfone:

- CALMA CARALHO, EU JÁ VOU, MERDA.

Respiro fundo, aliviado, e vejo Sidney, o síndico e também porteiro, vir em passos arrastados, resmungando: - Esses jovens de merda não me dão sossego, inferno.

Sidney é um cara baixinho, gorducho e atarracado, que está sempre usando a mesma regata verde manchada e um jeans surrado e que gasta boa parte de seu tempo comendo salgadinhos de procedência duvidosa e reclamando dos moradores do edifício ao invés de prestar seus serviços e tomar um banho decente. Adoro esse cara.

O síndico abre o portão de forma bruta, me encarando com um olhar mortal. Dou a ele o maior sorriso que consigo (o que o faz revirar os olhos) e entro apressado:

- Valeuzão Sidney, me salvou, te faria um coração com as mãos mas me falta braço. - Digo e vou correndo em direção ao elevador, ouço Sidney me xingar de vários nomes pesados mas o ignoro, verifico o relógio novamente, 19h27, puta merda, tomara que ela atrase um pouco.

Finalmente chego no apartamento, e sou recebido com muitas reclamações do pessoal, sabia que eles iam brigar comigo.

- Po Arthur, que demora cara, pensei que cê não ia vir mais meu querido. - Thiago fala, enquanto coloca vários docinhos espalhados pela mesa. - Trás aqui as velas, vamo ajeitar esse bolo.

- Desculpa pessoal, de verdade. Eu vim andando e no meio do caminho percebi que tinha esquecido as velas, aí fui comprar correndo. - Digo com a voz totalmente melodramática e fazendo biquinho.

- MÉNINO, NÁO TEM PRÓBLEMA! O importante é você vir. - Christopher me dá dois tapinhas nas costas, soltando uma das mãos da escada que estava segurando e quase derrubando Joui, que está pendurando os últimos balões da decoração.

- OPA! Foi mal ménino.

- Christopher-san, por favor, não solte essa escada, em nome de Rakin. - Joui esbraveja e volta aos seus afazeres.

- Ele já soltou a escada umas 5 vezes, e em todas o Jojo quase caiu, coitado. - César se aproxima e apoia o braço em meu ombro, observando Joui por alguns segundos e depois vai em direção a cozinha, antes bagunçando meu cabelo com as mãos, como forma de cumprimento.

Abro um sorriso espontâneo, desacreditado com esse cara idiota, e observo o ambiente. A galera arrasou na decoração, puxaram a mesa de jantar para o meio da sala e decoraram as paredes com vários balões coloridos e fotos zoadas da Liz. O bolo é gigante e enfeitado com glacê marrom e preto, em cima tem as velinhas e uma foto da Liz bêbada dormindo em uma escada que eu imprimi no caminho. Ao redor do bolo tem vários docinhos espalhados e, ao lado, uma garrafa de Jack Daniel’s cheia decorando a mesa. Na parede de trás foi pendurada uma faixa gigante, pintada a mão em letras verdes, escrito “FELIZ ANIVERSÁRIO LIZ”.

- Ficou foda demais, vocês arrasaram na decoração, a veia vai adorar. - Falo empolgado. Joui acena com a cabeça em concordância, desce da escada num salto e vem em minha direção, com suas bochechas mais coradas que o normal.