-Plano A (Jess Scott)

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As coisas não estavam nada bem. Não entre Bea e eu, é claro. Casar com ela foi a melhor decisão que tomei em toda minha vida e não me arrependo. Mas haviam fantasmas do passado que estavam tirando meu sono e o pior de tudo, estavam pondo em risco a vida das pessoas mais importantes pra mim, meu bebê e minha mulher.

Um pouco depois de voltar com Bea de Paris comecei a receber telefonemas estranhos de um número desconhecido e mensagens anônimas suspeitas. Nos primeiros momentos não foi possível perceber algum tipo de perigo nisso. Nos primeiros telefonemas não diziam nada, eu atendia e ouvia um silêncio mórbido ao fundo por alguns segundos e depois desligavam. Um pouco mais à frente mensagens como "tenha muito cuidado", "as pessoas não são quem você pensa" e até mesmo "olho por olho e dente por dente". Depois disso as coisas se tornaram mais sérias.

Nunca me dei ao trabalho de responder, até mesmo por pensar que estavam enviando ligações e mensagens para o número errado. Até que um dia minha curiosidade foi cessada por uma única frase que ouvi ao atender o telefonema.

"Jessica, fique atenta! Você pode se machucar com as feridas alheias."

Não foi preciso nenhuma explicação para que eu entendesse o recado. Mesmo assim não fazia ideia de quem poderia estar por trás disso. Meu maior medo era que machucassem Bea por minha culpa, eu só queria descobrir quem estava enviando aquelas ameças.

Por conta disso tentava me manter o mais distante possível de Bea,não queria que ela ouvisse alguma coisa que não deveria, não a queria preocupada. Mas a cada dia que passava era mais difícil, parecia que mapeavam meus passos e sabiam de tudo que estava fazendo. Aquilo estava me deixando louca.

A parte mais difícil era mentir para ela. Bea estava quase sempre comigo e esses eram os momentos em que mais me ligavam. Mas excepcionalmente em uma noite que estava sozinha sentada na varanda recebi uma outra ligação anônima.

-O QUE VOCÊ QUER AFINAL? ME DEIXA EM PAZ!- Disse alto e forte rezando para que Bea não tivesse ouvido.

-Queremos uma coisa da qual você tem posse.- A mesma voz grave de sempre. Era um homem.

-Do que está falando?- Perguntei aflita.

-Dinheiro. Sabemos de toda a sua vida então não tente mentir, senão pode se arrepender muito por isso.

-Quanto você quer?- Pus a mão na testa.

-Cinqüenta mil dólares, em dinheiro.- Ele parecia firme e não estava disposto a negociar.

-Tudo bem.- Respirei fundo- Quando e onde posso te encontrar?

-Saia de casa agora, arrume a grana e venha até o antigo cemitério de veículos desativado do outro lado da cidade. E acho melhor vir sozinha, nada de polícia, caso contrário sua mulher vai ter uma surpresa quando sair de casa amanhã.- E encerrou a ligação sem me dar chance de reposta.

Então eu fiz o combinado. Liguei para o banqueiro do meu pai, que estava acostumado a liberar grandes quantias para minha família que sempre teve gostos extravagantes. Usei a desculpa de que o dinheiro seria usado na decoração do quarto do bebê que eu nem ao menos sabia o sexo.

Precisei pensar em uma desculpa parar sair de casa sem levantar suspeitas, não queria Bea envolvida em algo como isso, era perigoso demais. Não foi muito difícil, confesso que atitude de Bea me ajudou bastante.

Ela apareceu repentinamente na varanda me questionando sobre os telefonemas, era arriscado demais contar a verdade. Então fingi me estressar com o assunto e usei isso para sair de casa. Foi extremamente doloroso mentir descaradamente para ela daquela maneira, mas para mantê-la em segurança era preciso. Peguei uma mochila velha no armário de casacos, onde colocaria o dinheiro e a pus nas costas.

I Kissed a girl   Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora