𝟏𝟖

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Vinícius Júnior

Lizzie havia machucado o pé feio. Eu quase desmaiei, mas precisei manter a calma e ajudar ela. Coloquei gelo no pé dela e liguei para minha mãe.

– Mãe, me ajuda! – falo desesperadamente assim que ela atende o telefone.

– Menino, o que foi!? – minha mãe se desespera antes de saber o que aconteceu.

– Eu estava  com Lizzie, ela caiu da escada e torceu o pé feio – explico – Mãe, vem rápido, eu tô quase desmaiando só de olhar a perna dela.

– Pera aí, você falou que está com quem? – a mais velha pergunta.

Droga, esqueci de falar para minha mãe que estou com Lizzie novamente.

– COM A LIZZIE. MÃE, VEM LOGO! – fico mais desesperado ainda.

Minha mãe murmura "em cinco minutos eu estou aí" e desliga. Agora eu preciso me acalmar e acalmar ela até minha mãe chegar. Minha mãe não mora tão longe, então não vai demorar muito.

– Vini, tá doendo – ela se encolhe no sofá.

– Calma, princesa, minha mãe tá chegando, aguenta só mais um pouquinho – tento acalmar a garota.

Se eu estou desesperado, imagina ela com o osso fora do lugar e a perna inchada. Isso já aconteceu comigo quando estava jogando e eu passaram um analgésico, mas aqui não tem, então a única opção foi o gelo.

– Ei, hoje nós podemos ir naquele restaurante japonês que você queria ir um dia desses – tento destraí-la, mas foi uma péssima ideia.

Eu sou burro? Devo ter algum problema, como que nós vamos sair com o osso da garota quase saindo pra fora?

– Mas se bem que... – tento pensar em outra coisa mas a garota me interrompe.

– Ótima ideia! – ela se anima, agora ferrou.

– Mas você tá machucad- – ela me interrompe novamente.

–Não interessa! Você falou e agora você vai me levar – aonde eu fui me meter? Eu tinha tantas oportunidades para levar ela e decido levar quando ela acaba de torcer o pé. Acho que eu preciso ser estudado.

Ouço batidas na porta e vou correndo abrir, minha mãe finalmente chegou. Quando eu abri a porta pensei que a primeira coisa que ela ia fazer era me cumprimentar, mas não.

– Liz, meu amor, que saudade – ela vai em direção a Liz e dá um abraço nela – você está bem?

– Oi tia, também tava morrendo de saudade – ela retribui o abraço – eu tô bem, só tô sentindo dor.

– Esse tapado desse Vinícius nem te ajudar soube – ela fala fazendo a garota rir, me humilhar é o passatempo favorito delas – Vamos lá, querida.

[...]

Já estava de noite, Lizzie estava com uma pequena faixa no pé e nós estamos nos arrumando para ir até o restaurante que eu prometi levá-la. Já tô até preparando meus músculos, já que hoje eu vou ser o burro de carga dela.

Ela está linda, está usando um vestido preto justo que valoriza bem as curvas do seu corpo. Seus cachos estão super definidos, brilhantes e sedosos. Sua maquiagem não é tão exagerada, afinal, ela nem precisa disso.

– Vamos? – pergunto para ela.

– Só um minuto – ela pega o perfume e passa em seu corpo – agora sim, vamos.

Pego ela no colo estilo noiva novamente, desço as escadas e coloco ela no banco do carro. Faço a volta e entro no banco do motorista, ligo o carro e dirijo até o tal restaurante.

Se a comida de lá não for boa vai ser uma decepção, a garota está indo machucada, imagina só. Mas eu estou colocando expectativas, muita gente que vai fala muito bem.

Nós chegamos no restaurante, é muito chique, não quero nem imaginar o valor da conta. Lizzie conseguiu caminhar até a recepção, mas tínhamos que subir as escadas para ir até a mesa que nós reservamos.

– Vamos, minha dama – pego ela no colo novamente e nós subimos as escadas.

Pedimos uma barca de Hot Roll,  Salmão e Hot Filadélfea. Também pedimos um Temaki frito para cada. Percebo que durante o jantar Liz estava rindo muito para o celular e quase não falava comigo, ela sequer olhava para mim.

– Vou ao banheiro – ela comenta saindo da mesa e indo.

Ela deixa o celular em cima da mesa e ele vibra, olho e vejo que tem notificações de Marcos: "Hahahaha você é demais". Tinha que ser. A minha vontade era de desbloquear seu celular e ver as conversas desde o início, mas não quero invadir a privacidade dela.

Ela volta do banheiro depois de alguns minutos e volta a comer. Ela pega o celular e começa a rir novamente.

– Já chega – fico irritado – vou pedir para embalar essas coisas e nós vamos embora.

– O que? – a garota fica confusa.

– Você mal olhou na minha cara durante o jantar, não tira a cara do celular, você fica aí de conversinha com esse Marcos enquanto eu tô igual burro de carga te carregando para lá e para cá – coloco tudo para fora, chamo o garçom e peço para ele embalar o que sobrou – Vamos.

Ajudo ela a descer as escadas e nós entramos no carro, ela não falou nada desde então.

Caralho. Eu faço de tudo por ela, levei ela aqui mesmo com a perna dela machucada, levei ela no colo, paguei a conta, tudo isso para ela mal olhar na minha cara? E ainda era porque ela estava com esse tal de Marcos, se fosse algo familiar eu entenderia, mas ela podia deixar essa conversa para depois.

Vamos para sua casa, eu vou ficar aqui, ela não tem condições de ficar sozinha aqui com a perna machucada, ainda mais que a casa dela tem uma escada para ir até o seu quarto.

Lizzie também não falou nada o caminho todo, ela chegou em casa, eu levei ela até o seu quarto e desci para a cozinha. Precisava ficar sozinho. Eu estava sentindo algo que não sentia faz tempo, ciúmes.
O ciúme é uma coisa boba, mas dói

Comecei a pensar inúmeras coisas quando ainda estava de cabeça quente.
"Ela gosta do Marcos"
"Ela vai me trocar por ele"
"Será que ele é melhor do que eu?"
E agora que estou mais calmo cheguei a conclusão de que não, ele não é melhor que eu e eu não sou melhor que ele, somos apenas diferentes. Se eu agir assim com cada cara que Liz conversar eu vou ficar louco.

Subo até seu quarto e quando olho para a cama vejo que ela está dormindo agarrada no travesseiro. Nesse momento eu penso que não deveria ter falado com ela daquele jeito, ela quase nem comeu as coisas que eu comprei. Tiro o travesseiro dos seus braços e coloco no lugar que vou deitar, abraço ela e tento pegar no sono também.

– Vini, me desculpa – ela está com muito sono, acho que só acordou porque eu mexi a cama. Ela diz isso e volta a dormir novamente, abraçada comigo.

Eu amo essa garota.

𝐂𝐇𝐀𝐌𝐏𝐈𝐎𝐍𝐒 - 𝐕𝐈𝐍𝐈 𝐉𝐑Onde histórias criam vida. Descubra agora