𝟐𝟒

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Lizzie Martinez

Vini estacionou na frente da casa do meu pai. Eu estou tão nervosa que quero ir embora. Não sei como ele vai reagir ao me ver, não sei como eu vou reagir ao ver ele e não sei se vou aguentar ficar 5 minutos sem jogar na cara dele o quão ruim ele foi ao ter nos deixado.

– Você tem certeza que é isso que você quer? – Vini pergunta em um tom de preocupação.

– Não, mas nós já estamos aqui, então...

– Não tem problema, nós podemos ir embora de quiser – ele me interrompe.

– Não, eu vou – digo saindo do carro.

Vini vai junto comigo, nem morta que eu vou ficar sozinha lá dentro com ele.
Ele pega minha mão e eu toco a campainha.

Se passam alguns minutos, cheguei a pensar que ele não estava lá. Quando estávamos indo em direção ao carro, a porta abre. Era ele. Ele tinha os cabelos lisos e castanhos bem claros, seus olhos são cor de mel e sua pele é branca. Ele é totalmente o contrário de mim.

– Filha – ele parece surpreso ao me ver.

– Oi – não consigo chamar ele de pai, eu queria ir embora, mas vou encarar isso.

– E você é o tão famoso Vinícius Júnior – ele sorri olhando para Vini.

– Eu mesmo – Vini força um sorriso.

Não culpo Vini de guardar rancor do meu pai, ele está mais que certo. Provavelmente ele sabe tudo que passamos na ausência dele, eu não vou ignorar tudo isso e, pelo visto, ele também não.

Vinícius Júnior

Olhar para a cara desse cara me da vontade de soca-lo até ele perder todos os dentes da boca. Sinto Liz apertar minha mão enquanto entra na casa dele.

– Fiquem a vontade! – Alejandro diz e nós nos sentamos em uma cadeira que tinha na nossa frente.

O mais velho coloca café em três xícaras e trás para a mesa.

– Aqui, eu fiz agora, está quentinho – ele empurra a xícara até nós. 

– Obrigada – Liz agradece.

– Eu não bebo café, obrigado – minto.

O homem começa a falar sobre como sentiu falta de Lizzie e blá blá blá. Quanta conversa fiada, se ele sentisse mesmo falta dela, ele iria visitá-la, iria procurar manter contato. O jeito que ele fala me irrita. Talvez eu guarde mais racor dele do que a própria filha.

– Eu também senti sua falta, muita – Liz diz com uma pontada de ódio em sua fala.

– Eu sei que fui um péssimo pai, Lizzie, mas eu quero mudar, eu quero fazer parte da sua vida agora – ele diz.

Meu Deus, não pode ser. Esse filho da puta deixou elas em uma situação totalmente fudida e agora que elas estão bem, Liz está fazendo sucesso e Tereza está em um emprego bom, seguindo a própria vida, ele volta. Interesseiro do caralho.

– E qual faculdade você está seguindo? – ele pergunta.

Lizzie, me desculpa, mas eu não consigo segurar minha língua.

– Ela está em uma empresa de fotografia, saberia disso se fosse mais presente na vida dela – digo encarando o mais velho.

– Como? – ele parece indignado.

– É isso mesmo que você ouviu – continuo – você nunca fez nem questão de saber da sua família e agora que Liz está fazendo sucesso, Tereza conseguiu um emprego bom e estão bem, você apareceu. Qual seu plano? Estragar tudo e ir embora novamente?

– Você não sabe de nada, Vinícius – ele diz.

– Eu sei bem mais do que você, e só quem realmente sabe do quão foi difícil seguir a vida sem um pai é Lizzie. Você não passa de um interesseiro do caralho – falo.

Vejo o rosto de Alejandro ficar vermelho, ele levanta da sua cadeira e parte pra cima de mim. Ele tenta me derrubar, só tenta mesmo, revido e empurro ele para trás, fazendo o velho cair no chão. No mesmo momento, começo a descontar todo o ódio que estou sentindo nele, acerto seu rosto com socos e mais socos.
Paro apenas porquê escuto Lizzie gritando, pedindo para eu parar, mas eu poderia ficar ali o dia todo.

Olho para o rosto da minha namorada e vejo o desespero em seus olhos. O homem levanta do chão.

– Desgraçado! – ele me xinga.

– Já chega! Vini, vamos embora daqui – ela me puxa para fora e eu apenas a sigo.

Ela entra no carro, e eu logo em seguida. Reparo que a garota está se segurando para não chorar na minha frente. Odeio quando ela fica insegura assim perto de mim.

– Vida, está tudo bem chorar – digo colocando a mão no ombro da garota.

Eu puxo ela para um abraço e ela chora ali mesmo. É um choro desesperador, como se ela estivesse segurando aquilo que estava entalado em sua garganta a muito tempo.

– Me desculpa – peço, se eu não tivesse causado a confusão, talvez ela não estivesse assim.

– Eu não devia ter vindo aqui – ela diz ainda chorando – Podemos ir para minha casa? – ela pergunta, saindo do abraço ainda com lágrimas nos olhos.

– Claro, meu amor – respondo e dirijo até a residência, fazendo carinho em sua coxa.

Quando chegamos em casa, tento reconfortar o máximo minha garota. Não quero que ela fique pensando muito nisso, ou se sentindo culpada pelo que aconteceu.

Ela foi trocar de roupa e enquanto isso, preparei pipoca e chocolate quente para tomarmos. O frio em Madrid estava intenso eu só queria ficar agarradinho com ela.

Ela desce e quando vê o filme que coloquei (a Princesa e o Sapo) ela sorri, me fazendo sorrir também. Esse é um dos seus filmes favoritos.

Ela deita ao meu lado e eu a abraço, solto o filme e nós assistimos enquanto comemos.
Por incrível que pareça, a noite foi tranquila, achei que ela ficar pensando sobre isso a noite toda, mas assim que o filme acabou ela pegou no sono.

Estou feliz por ela estar bem, o que eu mais temia não aconteceu e, pra ser sincero, aquele velho mereceu aquelas porradas.

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Oii gente, tudo bem com vocês?
Me desculpem pela inatividade esses últimos dias, prometo que vou tentar sempre voltar com novos capítulos.

Obrigada pelas 7k de leitura. Também não posso deixar de agradecer pelos votos e pelos comentários que minha fanfic vem recebendo. Muito obrigada, vocês são incríveis 🤍

𝐂𝐇𝐀𝐌𝐏𝐈𝐎𝐍𝐒 - 𝐕𝐈𝐍𝐈 𝐉𝐑Onde histórias criam vida. Descubra agora