Segunda Chance (RESET)

Ch XI - Segunda Correção

A loira podia ver o choque e a surpresa no rosto de ambos os pais, o que era de se esperar. Da última vez que isso aconteceu, Clarke nunca saiu para avisá-los que estava ouvindo a conversa deles, apenas quando seu pai foi fazer o vídeo que ela revelou a ele que sabia disso e mesmo assim, a conversa deles era definitivamente diferente da que eles estavam prestes a ter. Clarke não estava ansiosa por isso, mas ela teve que fazer o possível para desalojar a ideia de tornar pública essa informação da mente de seu pai. Não havia outra maneira de isso acontecer.

"Clarke, o que você está fazendo aqui? Eu pensei que você estava com Wells," sua mãe perguntou preocupada, alternando entre olhar para o marido e para a filha.

Clarke olhou para ela. "Eu estava por um tempo, mas ele teve que ir ver o pai dele por causa de alguma coisa e eu voltei aqui para ler. Eu estava no meu quarto quando ouvi você também falando e vim ver do que se tratava", explicou ela.

"Quanto você ouviu?" Jake perguntou aceitando que eles não poderiam esconder a verdade dela. Ela definitivamente estava acima deles.

Clarke respirou fundo antes de repetir: "O sistema de suprimento de oxigênio está falhando e a Arca não tem mais do que dois anos de suprimento de oxigênio. E isso significa que em dois anos ou menos, todos morreremos de asfixia se não encontrarmos uma maneira de pará-la, o que aparentemente não existe."

"Mas não é isso que me assusta sobre o que acabei de ouvir." Ambos a observaram enquanto ela se virava para olhar para Jake. "O que realmente me assusta é que, aparentemente, você está tentando se matar," ela continuou sarcasticamente, cruzando os braços na frente do peito.

Ao ouvir sua resposta, Jake suspirou, balançando a cabeça. "Pequena, isso não é..." ele tentou dizer, mas ela o interrompeu.

"Sim, é sim papai. Isso é exatamente o que você está planejando fazer. Você está tentando se matar. É a única razão pela qual você pensaria que ir contra as ordens do Conselho é uma boa ideia." Ela descruzou os braços, caminhando dois passos mais perto dele. "Vamos, pai. Você sabe que mamãe está certa. No momento em que você desobedecer ao conselho, ou se eles suspeitarem que você está pensando em desobedecê-los, eles vão te flutuar e me prender por saber o que eu sei. Eles não farão nada com a mamãe porque precisam muito de suas habilidades para a flutuar também." Ela o olhou diretamente nos olhos. "É isso que você quer fazer?"

"Você não entende, Clarke. Isso não é algo que pode ser consertado. Nunca fomos feitos para durar tanto tempo neste lugar, nem foi projetado para acomodar tantas pessoas quanto nós. Mesmo com a regra de um filho por casal, crescemos duas vezes mais do que seria seguro." Jake respirou fundo, passando a mão no rosto antes de continuar: "A Arca está morrendo e não há nada que eu possa fazer para impedir, mas se as pessoas souberem, se contarmos a elas, mais mentes trabalhando nisso, podem realmente nos ajudar a chegar a uma solução. Além disso, eles merecem saber. Isso afeta eles, e suas vidas. Eles não deveriam ter uma palavra a dizer sobre isso?"

Clarke podia entender de onde ele vinha, mas era óbvio para ela que o idealismo de seu pai não foi tocado pela feiura do que realmente significa liderar um povo. Jaha estava certo quando a lembrou que pesada é a coroa. Seu pai, para o bem ou para o mal, não passou pelo processo de aceitar isso. Mas ela sim.

Ela o olhou diretamente nos olhos, antes de começar a falar o mais seriamente que pôde: "Pai, eu entendo o que você está dizendo, de onde você vem. Eu sei que você quer acreditar que o melhor pode sair das pessoas se elas souberem a verdade e talvez isso aconteça. Talvez isso nos una como um só povo e a situação possa ser resolvida pacificamente, talvez possamos encontrar uma solução se nos dedicarmos a isso. Talvez você esteja certo."