III

34 3 0
                                    

Meu cabelo preso ao ralo,
Resistindo à corrente que levou a cor mais quente do seu nome.
E os seus olhos de tigre assustado me esperam nos reflexos empoçados da pia.
Tem alguma coisa presa no meu suspiro,
Tão fria quanto uma música pode ser.
Todo um celular feito de baladas com o gosto do seu brinco,
Com só os meus pés molhados pra olhar.
Minha toalha sempre úmida demais.
Minha camisa sempre leve demais.
Um último olhar breve através do basculante,
Nenhum dente-de-leão me espera lá fora.
Reconheço que nenhuma lonjura deveria ser tão pacífica sob a neblina.
Os fragmentos de outra tempestade chegam da serra;
Ainda não encontrei o desfecho dos seus outros respiros.
Mas há mais suor sujo de neon esperando por eles.
Sua boca de plástico sob outras gargalhadas e letreiros,
Derretendo no ar notívago que os bueiros espiram.
Risadas voejando como fantasmas ingênuos. Eu não respiro.
Eu não entendo. Você costumava saber de onde eu vim,
Vindo com os cadarços embolados na calça desfiada.
Esconde as mãos nos bolsos da jaqueta.
Eu tenho mais perguntas do que você precisa.
Guarde suas tardes leves sem as vertigens delas.
Nem todo ranger de portas se paga com tempo.
Os alugueis encarecem pelos dias em que você se detesta,
Meu parapeito duro cochicha sobre você durante todo inverno,
Mas estou nas rachaduras do asfalto,
Pra além de onde o meu olhar arrebenta sob a chuva
Por uma dúvida que me salve
Da verdade sem curvas sobre a distância entre nós.
Cotovelos ao lado dos meus.
Finalmente me acompanhando e provando
O tempero da banalidade dos prédios sobre as vistas ególatras.
A chuva se inclina pra dentro da minha varanda.
Outra mulher se odeia por estar comigo.

Testemunhar as Mares em Mudança Onde histórias criam vida. Descubra agora