Cap. 00 < dia cinza>

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  Durante uma tarde chuvosa acinzentada, quando o Sol já estava sendo trocado pela Lua, em um momento de epifania, eu havia finalmente aceitado.

   Eu morri.

   Então por quê?

   Por que eu ainda estava viva? Onde eu estava? E, mais importante...

   Porque esse arrombado ainda tá aqui?

- qual é? Precisava me xingar até no pensamento?

- Dá para calar a boca? Eu estou tentando raciocinar!

- Credo bixa, já tá dando coice. Pelo menos espera algumas horinhas antes de me xingar. Fresca.

- Fresa o teu cu! To tentando raciocinar aqui tudo o que acabou de acontecer e tu tá aí, me atrapalhando! Vê se fecha o bico atazanado!!

   Sim...

   Eu morri... E o meu amigo imaginário veio junto. Que ótimo.

   Bom, pelo menos não é tão ruim assim, já que ele estando aqui me ajuda a manter o pingo de sanidade.

   Estranho pensar isso sabendo que eu estou falando de um amigo imaginário. Relevemos.

   Agora... Mais importante. Eu preciso saber que lugar é esse, e, o porquê de eu estar com uma aparência que não é a minha.

   Reencarnação?

   Não, se eu tivesse reencarnado eu não estaria tão velha, a menos que eu tenha sofrido um acidente e me esquecido de todo esses anos. Mas, ainda é um não. Se fosse realmente isso, eu deveria ter me esquecido de que eu morri, não é?

   Humm... Possessão então?

   Por enquanto, essa é a opção mais adequada à minha situação atual.

   Se for realmente isso...por qual motivo eu, justo eu, possui esse corpo? Vamos ver...

   Bom, não tem motivos, eu sou-

   ...Eu era uma mulher normal, tinha acabado de chegar na casa dos 30, era solteira, morava no Norte do Brasil...

   É, definitivamente, não há motivos para eu ter possuído esse corpo...

   Espera... Eu ainda to no Brasil?

   Merda... Eu nem ao menos sei onde eu to...

   Vou deixar isso para depois. Primeiro, eu preciso saber que corpo é esse.

...

   Após uma rápida análise nesse corpo, eu noto algo "interessante".

- hummmm.....

- Que foi bixa?

- eu acabei de perceber... Essa garota que eu possuí, cometeu suicídio... Ou, foi assassinada tendo os pulsos cortados. Mas essa hipótese está longe de ser a correta, essa casa tá imunda, mas, não há sinais de luta. Olha aqui.

   Aponto para um de meus pulsos, que possuíam um grande corte, aparentemente já cicatrizados.

- espera... Cicatrizados? Cadáveres não conseguem cicatrizar feridas... Né?

&lt;REESCREVENDO&gt; 1001 formas de surtar (lookism)Onde histórias criam vida. Descubra agora