Capítulo 33 <caminhada noturna>

268 42 10
                                    


Graças ao grande escroto da semana anterior, meu braço esquerdo está quebrado.

Uma merda, foi o que eu pensei 3 dias atrás, até perceber 4 coisas:

Primeiro, eu posso usar isso como desculpa para não ir à escola por uns 5 dias

Segundo, posso mentir para qualquer alma viva que queira me ver, apenas falando que eu sai e estou em uma fisioterapia para pegar de volta os movimentos da mão, o que é uma óbvia mentira, mas, que felizmente, funciona.

Terceiro, tenho mais tempo para colocar meus afazeres em dia, tais como a loja, as contas de casa, comida, trabalhos extras, o laboratório, etc.

E, a mais intrigante e incrível:

Meu braço se curou.

Em 4 FUCKING DIAS.

- olha, eu ainda acho que é um efeito colateral da possessão ou algo assim.

Eu me viro, vendo Kai falar enquanto rodava um lápis em sua mão direita, olhos vidrados na folha de pagamento dos funcionários que estava na outra mão.

- será? Eu sei que o corpo da gente se curou milagrosamente depois de nós termos possuído esses corpos mas, duas vezes já é roubado né? Além do mais, foram só quatro dias. Mesmo que não fosse poder nenhum, ninguém consegue curar um osso fraturado em simples quatro dias.

- hmm...

- Kai, você tá pelo menos me escurando?

- claro que to. Só que eu também estou vendo essa folha de pagamento -ele levanta a folha- e estou pensando em como essa regeneração do osso pode ter sido tão rápida. Aliás, já considerou se jogar em uma posição que quebre sua perna para ver se ela se cura rápido também? Talvez seja só o braço.

- uma cura acelerada nunca seria só no braço. Isso envolve ciência básica Kai.

- é, poiser, vacilei. Hmm, talvez você tenha apenas tido um acúmulo de saúde que resultou em um processo de cura acelerado?

- hmm, não. Provavelmente não.

- então a minha teoria está mais próxima de ser a certa. Qualquer coisa amanhã a gente tenta se jogar do segundo andar da loja, pra ver se acontece novamente. Se pá eu tenho cura acelerada também.

- Deus queira que tenha.

- ?

É possível notar um olhar de canto vindo dele, o que eu apenas ignoro. Finalmente me levantando do sofá, após minha quase epifania, decidindo sair para tomar um belo ar noturno.

- vai onde?

- na loja de conveniência.

- às 10 da noite?

- sim.

- nessa chuva?

Dou uma olhada para o lado de fora, pela janela, vendo gotas preenchendo o vidro.

- é só uma chuvinha.

- foi o que Coraline disse antes de ir para o outro mundo e quase ter os olhos arrancados pela Bela dama.

&lt;REESCREVENDO&gt; 1001 formas de surtar (lookism)Onde histórias criam vida. Descubra agora