pegadinha

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Finalmente era o penúltimo dia de aula do semestre para a turma de Relações Internacionais. Isso provocava um ânimo excessivo em todos os alunos do curso que já estavam exaustos de se preocuparem com trabalhos, provas e notas. O sentimento não era diferente para Vegas e Pete, uma dupla de melhores amigos que estava no quinto período e viviam juntos o tempo inteiro.

Naquele momento, os dois veteranos dividiam uma mesa no refeitório durante o intervalo, aproveitando o tempo livre para comer e conversar sobre os planos de cada um para as férias. Pete sempre ia visitar seus avós e Vegas aproveitava para viajar com seu irmão mais novo. Além disso, é claro, eles também pretendiam sair com seus outros amigos, talvez ir no restaurante preferido do grupo ou visitar uma balada nova.

Quando o alarme soou pela universidade inteira, anunciando que o intervalo tinha acabado, eles arrumaram as coisas e foram para a sala juntos. Os dois seguiram em um silêncio confortável, Pete pensando no que faria depois da aula e Vegas repassando todas as formas de provocar o melhor amigo. Antes do intervalo ele já tinha feito inúmeras coisas, como colar post-it com cantadas fajutas em seu caderno, sussurrar em seu ouvido e até mesmo esbarrar propositadamente em sua coxa. Era uma coisa que ele fazia constantemente e que, no fundo, ele sabia que Pete gostava. A melhor parte é que esses joguinhos e provocações não afetavam em nada a amizade dos dois, muito pelo contrário, foi a forma que eles encontraram de manter a relação saudável e leve.

Quando chegaram na sala, sentaram-se juntos, com Pete na última carteira da fileira e Vegas na que estava em sua frente. Como o professor ainda não havia chegado, Vegas aproveitou para continuar com as brincadeiras. Ele virou-se para trás e logo começou:

— Cara, eu tive um sonho, nós fodíamos!

Pete revirou os olhos, não se abalando com a fala do amigo. Já tinha perdido as contas de quantas vezes Vegas brincou sobre os dois transarem.

— Cara, foi só um sonho... — Pete murmurou, sabendo que aquilo provavelmente nem era verdade, e sim apenas uma gozação do outro.

Vegas, que tinha uma cantada pronta em sua mente, por um milésimo de segundo, se perdeu na beleza de Pete, que estava ainda mais bonito naquela manhã. Sua camisa florida estava com os primeiros botões abertos, denunciando a linda pele de seu peitoral, e seus lábios estavam mais atrativos, lábios esses que Vegas já selou pouquíssimas vezes quando os dois estavam bêbados e tinham sido desafiados. Quando o maior voltou para a realidade, a cantada tinha evaporado, sumido, pego as malas e ido embora.

— Gay! Eu não foderia contigo... — Vegas respondeu um tanto quanto nervoso e Pete ficou em silêncio por alguns segundos.

Ele está sem jeito?, Pete pensou e decidiu se divertir um pouco com isso.

— Você não foderia? — Ele devolveu, querendo provocar, sua voz saiu extremamente sexy e ele umedeceu a boca com lentidão.

A frase "o feitiço se virou contra o feiticeiro" nunca foi tão real. Vegas sentiu suas bochechas corarem, evento raro.

— Quer dizer, a menos que você queira... — Ele respondeu a primeira coisa que apareceu em sua mente e logo se arrependeu, pois Pete apenas riu e voltou sua atenção para o professor que tinha acabado de entrar na sala.

Vegas respirou fundo e se virou para frente. O que diabos tinha acabado de acontecer!? Ele definitivamente não sabia responder, apenas tentou ignorar a situação e suas batidas cardíacas que tinham aumentado intensamente.

E esse plano teria dado certo se a causa do frio na barriga de Vegas não estivesse bem atrás dele. Consequentemente ele passou a aula inteira pensando no fatídico diálogo e em Pete, que enlouquecia seu sistema todinho. A pergunta que não queria calar era: Pete estava realmente flertando ou era brincadeira?

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