sem pausa

01

O som do atrito entre meu salto com o chão entrava pelos meus ouvidos, passo as mãos pela minha saia em um ato inconsciente, os olhares que pairam sobre mim me deixam tonta, e, com a sensação de que minha pele estava queimando.

Acelero os passos até chegar em minha sala, não aguentaria ouvir os cochichos dos funcionários sobre mim, não agora pela manhã. Jogo meu corpo na cadeira, me permitindo relaxar os músculos, massageio as têmporas sentindo que uma forte dor de cabeça virá por aí

O fato é que eu sai com minha melhor amiga ontem a noite, fomos em uma boate para beber algumas e dançar até nossos calcanhares dizerem chega, mas é óbvio que um pessoa pública não tem um minuto de paz

Alguns jornalistas filhos da puta resolveram tirar fotos minhas, enquanto eu dançava em um cara aleatório e beijava minha amiga, a publicação veio ao ar com a manchete "Empresaria Delfin Fontana mostra sua vadia interior"

Minha vontade é de dar um soco em cada um que contribuiu para que essa matéria saísse. Eu só queira ser uma mulher normal de 25 anos, pelo menos por uma noite, assim como eu fazia na minha adolescência.

Ficar me lamentando não vai resolver nada, vou encarar tudo o que vim de frente, afinal eu não fiz nada de errado.

Começo a pensar nos meus próximos projetos para a empresa, focar no trabalho agora é a melhor opção.

...

— Pode entrar- Batidas na porta tiram meu foco da tela do computador

— Filha, temos que conversar não acha?- Meu pai entra na sala e logo fecha a porta atrás se si, ele caminha até o sofá que tem no canto da minha sala e me olha sério

— Pai o senhor sabe que eu não fiz nada de mais ontem, só estava querendo me divertir- Já lanço antes mesmo dele falar alguma coisa

— Sim eu sei Delfin, só que você tem que entender que não é alguém anônima, sempre vai ter câmeras apontadas para você. Não estou bravo ou nada, mais quero que você entenda os danos que isso pode gerar para empresa.- Meu pai falou tudo tão rápido, sem pausa para respirar que posso jurar que ouvi ele soltando o ar que estava prendendo

— Está bem papai, não vou errar de novo- Vou até ele e sento ao seu lado — As vezes eu sinto saudade de como tudo era antes.

— Antes do que minha linda?- Ele se faz de desintendido, eu amo meu pai mas que ele se faz de sonso ele se faz.

Olho para ele com a sobrancelha erguida e sua expressão muda na hora— Não sinta então, ela fez a escolha dela. Agora eu tenho aquele almoço com o representante de Miami, cuida das coisas até eu voltar minha linda.

Meu pai me da um beijo na testa e sai da minha sala, não consigo entender o porque dele se privar tanto de falar sobre ela, sei que ela foi uma vaca com ele e comigo mais não entendo a resistência dele para falar sobre nossos momentos felizes.

Automaticamente minha mente viaja para quando eu tinha seis anos, o cheiro de biscoito com gotas de chocolate impregnava a casa toda, ela vinha até meu quarto e me procurava na minha cabana de lençóis, depois nós três comíamos os biscoitos ao som de risadas e histórias, pena que você nos deixou mãe.

Balanço minha cabeça para afastar aquelas malditas lembranças, vozes altas vem de trás da porta e ela se abre e Briana entra em um pulo

— Me desculpa senhora Delfin, eu tentei ligar para a anunciar mas você sabe como ela é, quando dei por mim ela já estava aqui- Viviane, minha secretária  e do meu pai fala rápido se lamentando, a mulher arruma os óculos de armação quadrada em seu rosto, e cruza as mãos em baixo do quadril, um gesto que entrega  que ela está envergonhada

Viviane é uma senhora de 56 anos, com os cabelos loiros que terminam em seu pescoço, ela tem lindos olhos castanhos que deixam seu rosto meigo

— Não tem problema nenhum Viviane, e por favor para de me chamar de senhora- faço careta e a mesma ri e se retira da sala, olho para a mulher em minha frente que tem um sorriso sapeca nos lábios

— Agora você é a vadia de Nova York amiga, esse é um posto lindo- limpa as lágrimas falsas — Eles crescem tão rápido meu Deus

— Por que você é assim Briana?- Digo em tom de risada

— Eu sou única né amor, acorda- Dá um tapinha em minha testa e se joga ao meu lado do sofá — Janta lá em casa hoje vai, minha mãe tá com saudades

— Sinto muito, hoje eu só preciso da minha cama, minha cabeça vai explodir- Ela faz uma cara de ofendida

— Alivia essa dor sentando no meu tio então, vamos vai Delfin- Sua voz carrega pura malicia

Eu e o tio da Briana já nós envolvemos no passado, tudo bem que as vezes rola umas recaídas, mas tudo sem sentimentos. Larry é o nome dele, um puta de um gostoso, ele tem seus 29 anos, a gente se conheceu quando eu tinha 16 e ele 21, Larry é fruto de uma pulada de cerca da avó de Briana

Sei que nosso envolvimento foi algo totalmente errado, eu era menor de idade mas naquela época eu estava fora de mim, com a cabeça fora do lugar, os sentimentos bagunçados. Naquele momento ficar com Larry não me pareceu errado.

— Cala boca piranha, eu não vou sentar no teu tio, parei com essas coisas- ela solta uma risada sincera me fazendo a acompanhar

—  Queria tanto ver vocês dois juntos, a química que vocês tem é surreal

— Linda tá viajando já, já falei pra você parar com a porra da maconha, ela afeta seu celebro- A morena me olha de cima a baixo, debochando de mim, coitada

— Só para de usar quando você parar de usar- seu sorriso sapeca volta aos lábios

— Já parei a anos, agora é sua vez- Falo por fim, levanto do sofá e olho para janela, ela me dá a visão do centro de Nova York, adoro ver daqui de cima a pressa das pessoas e imaginar o porque dela

— Mais então você vai né, ótimo-  Ela diz me tirando do meu transe, antes que eu possa falar algo ela me dá um beijo da bochecha e sai correndo da sala, essa garota tem um parafuso a menos.

Rindo volto ao trabalho, como estamos em junho, mês de férias, muitas reservas estão sendo feitas, oque é maravilhoso porém super corrido.

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Oii gente, sem pausa começou oficialmente, e vem muita coisa por aí

Votem e comentem muito

Beijos na bunda vadias