Ghost's Shadow

CAPÍTULO 2

Assim que a reunião chegou ao fim, a equipe se dispersou, e você se afastou para um canto, ansiosa por arrumar suas coisas. Embora a partida estivesse marcada para daqui a apenas três dias, o desejo de escapar daquele galpão era avassalador. A atmosfera arenosa do local evocava lembranças do deserto amaldiçoado onde você havia sido enterrada viva, um pesadelo que ainda assombrava seus pensamentos.

Enquanto afastava as memórias sombrias e se concentrava em organizar seus pertences, você mal notou a chegada furtiva de Ghost. Ele era habilidoso na arte de se mover pelas sombras, como um espectro misterioso que surgia nos momentos mais inoportunos.

Após alguns instantes, um arrepio percorreu sua espinha, um sinal inequívoco de que ele estava presente.

"Alguma novidade, tenente?" indagou você, continuando a guardar suas coisas na bolsa.

"Tenente?", questionou ele.

Você sentia sua presença se aproximando cada vez mais, até que ele parou logo atrás de você. Um suspiro escapou de seus lábios, enquanto percebia que ele estava determinado a ter uma conversa agora.

"Sim, tenente", respondeu você de forma sucinta, sentindo um arrepio percorrer sua nuca enquanto sentia sua presença dominante.

"Você não me chama assim", disse ele, com um tom pensativo e até provocativo.

"Agora eu chamo", você respondeu brevemente dando de omros.

"Por qual motivo?", ele perguntou, dessa vez mais próximo. Você podia sentir sua presença quase pressionando-se contra você, enviando calafrios por todo seu corpo.

"Eu só... tantas coisas aconteceram ultimamente..." você começou, sentindo o peso do mundo nas suas costas.

"E você acha que se isolar e agir como se tudo estivesse bem é o melhor caminho?"

Você suspirou, sentindo a irritação crescer dentro de você. Essa era sua maneira de agir desde sempre. A quem poderia recorrer nos momentos difíceis? Sua mãe? Já falecida... Seu pai? Seria ele realmente seu pai a essa altura do campeonato?

Você não tinha amigos, e os poucos que tinha seguiram em frente com suas próprias vidas enquanto você se dedicava ao trabalho que, ironicamente, não permitia criar laços sociais.

Seus únicos contatos neste momento eram com esses homens, criminosos de guerra, e agora um deles estava ali, logo atrás de você, questionando suas escolhas.

Ah, você era teimosa demais para admitir que talvez ele estivesse certo.

"Eu estou bem", você falou brevemente.

"Você está?" Ele perguntou, mais próximo agora. Seu corpo pressionado contra o seu. "Price me contou sobre o que..."

"Price exagera muito as coisas" Você cortou, enquanto tentava organizar seus pensamentos e voltar para o mundo real "Ele fez um verdadeiro drama quando perdeu seu cigarro uma vez..." você conclui, dando um passo à frente, tentando criar uma distância "segura" entre vocês.

"Eu acreditaria, se não tivesse visto com meus próprios olhos, Anne", ele falou, cortando a distância entre vocês. Dessa vez, ele segurou firmemente seu braço e fez com que você se virasse para encará-lo, seus olhos frios analisando seu rosto. "Acredite em mim, se isolar em um momento como esse só piora as coisas."

"Obrigada pelo aviso, tenente. Vou marcar minha terapia assim que tudo isso terminar", você disse sarcasticamente, tentando se soltar. No entanto, ele te segurou firmemente no lugar, encarando você com os olhos semicerrados. "Me solta."

Ele se aproximou ainda mais, mantendo sua mão firme em seu braço. "Não... Você tem fugido por tempo demais... Não dessa vez."

"Por que isso importa para você, huh? Nós não somos..."