CAPÍTULO 5

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O avião, se é que se poderia chamá-lo assim, aguardava lá fora, no pátio do aeródromo. A carcaça da aeronave parecia ter vivido muitas vidas e enfrentado inúmeras batalhas. A fuselagem estava desgastada, com a tinta descascada e manchas de ferrugem que serpenteavam como veias ao longo de sua estrutura. As hélices estavam paradas, mas até elas tinham uma aparência cansada. As janelas empoeiradas ofereciam vislumbres de um interior escuro e apertado.

Se "Denise" fosse uma mulher, estaria com cerca de 80 anos em estado avançado de uma doença degenerativa.

Você hesitou, a insegurança se refletindo em sua expressão. As mãos apertaram involuntariamente as alças da mochila, e uma sensação de pavor subiu pela espinha. Mas não havia escolha; aquela era a única saída.

Ao seu lado, as vozes familiares de Soap e Ghost cortavam o ar pesado, tentando aliviar a tensão que pairava sobre o grupo. Soap, com um sorriso meio torto, virou-se para Ghost e disse: "Aquele seu rifle, o que tem uma caveira. Se você morrer, eu quero ele pra mim."

Ghost riu fraco: "Você comeu seu próprio cérebro, Mactavish? Nós dois estaremos lá dentro. Se essa lata velha cair, nós dois morremos."

Soap soltou uma risada curta, mas insistente: "Talvez, mas se eu sobreviver, aquele seu rifle é meu."

Ghost balançou a cabeça, seu tom ficando ainda mais sério. "De forma alguma. Quero ser enterrado com ele."

Você não pôde evitar revirar os olhos diante da mórbida troca de palavras. Aqueles homens tinham uma estranha habilidade de transformar qualquer situação em uma piada sombria. Antes que pudesse responder, a voz rouca de Nikolai ecoou, puxando você de volta para a realidade.

"Vamos lá, garotas, o voo de primeira classe está pronto," ele disse com um sorriso sugestivo, direcionando seu olhar para você. "O que acha de ser minha copiloto?"

Antes que você pudesse responder, Price se aproximou, seu olhar duro deixando claro que não estava para brincadeiras. "Seu desespero é tão grande que precisa se atirar no primeiro rabo de saia que vê pela frente, Nikolai?" Ele perguntou, suas palavras carregadas de desprezo. Sem dar tempo para protestos, continuou: "Vamos, não temos tempo para suas nojeiras. Temos um trabalho importante pela frente."

Com um aceno firme, Price indicou a aeronave. A urgência em sua voz não deixava espaço para hesitação. Vocês caminharam em direção ao avião, com Price ocupando o assento do copiloto. Roach sentou-se ao lado de Soap, enquanto Alejandro e Gaz ocupavam o outro lado. Você e Ghost se acomodaram logo atrás. O tenente permitiu que você se sentasse perto da janela, mas logo se arrependeu ao notar o estado lamentável em que ela se encontrava.

"Vá dormir um pouco, eu te acordo quando chegarmos", ele disse, ajustando-se no assento ao seu lado.

Você soltou uma risada leve. "Morrer dormindo não é tão ruim, não é?" Você brincou, mas ele não pareceu apreciar a piada, lançando-lhe um olhar repreensivo. "O que? Você e Soap podem conversar sobre morrer durante a viagem e eu não posso?"

"Só dorme, Davis," ele murmurou, cruzando os braços e se recostando no banco. Seus olhos se fecharam lentamente, indicando que ele não queria mais discutir. Com um suspiro resignado, você fez o mesmo, tentando encontrar algum conforto na posição desconfortável.

A vibração do motor começou a tomar conta do ambiente, e a aeronave lentamente ganhou vida. O som do metal rangendo e a leve turbulência tornaram difícil relaxar, mas você sabia que precisava descansar, mesmo que fosse apenas por alguns minutos.

Enquanto o avião subia, você olhou pela janela, observando as luzes da cidade ficando menores e mais distantes. O estado decadente da janela não era nada tranquilizador, com rachaduras minúsculas e marcas de uso intenso. Ainda assim, o céu noturno se estendia além dela, uma vastidão de escuridão pontuada por estrelas brilhantes.

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