Disappointment

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Vi minha cortina se mexendo com o vento. Merda, esqueci de fechar a janela.

Levantei da cama e fui realizar o ato esquecido, mas antes de fazer isso, uma coisa preta passou pelas minhas pernas. Julgo que a mesma coisa que eu vi no jardim a uns dias atrás.

Dei um pulo para trás, e soltei um grito estrangulado. Não queria acordar ninguém, afinal, ainda era noite.

Abri a primeira gaveta da minha cômoda, e peguei o canivete que meu tio Norm me deu. Apontei para lugares aleatórios, já que aquela coisinha estranha era preta, e meu quarto estava escuro.

Subi na cama olhando ao redor, não tinha movimentação.

Quando eu sentei na cama, escutei um barulho, como um miado, vindo de trás de mim.

Posso dizer que eu encarnei o Flash naquele momento.

Fui da cama à porta em questão de milésimos de segundos.

Tentei achar o interruptor para acender a luz, falhando miseravelmente.

Quando finalmente consegui acender, vi que era um gato preto enrolado no meu cobertor, dormindo profundamente.

Abaixei o canivete, e andei até lá.

- ei! - chamei o animal traiçoeiro - psss

Ele nem sequer movou um músculo.

- garoto, ei olha pra mim

Ele mandou um chiado em minha direção, como se repreendendo minhas palavras.

- em? é garota então?

Finalmente eu consegui chamar atenção dele, ou dela.

- é garota né? isso - sorri pra ela, me abaixando  - vem cá

Quando a gata se aproximou, vi que ela estava mancando e tinha algumas cicatrizes pelo corpo.

- você tem dono? coleira? sei lá

Ela se esfregou na minha perna pedindo carinho. Passei a mão pelo seu pelo sujo.

- não tem casa, né?

Era uma gata de rua, solitária.

- olha, eu não sei o que eu faço com você. Não pode ficar nas ruas, mas também precisa de uma casa.

Ela ronronou pelo meu carinho em sua nuca.

- você deve estar com fome, quer comida?

Ao ouvir essa palavra, suas orelhas se levantaram em animação.

- tá né, fica aqui que eu vou lá em baixo pegar alguma coisa.

E lá fui eu atrás de comida para um gato desconhecido.

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Já era de manhã quando meu pai bateu na minha porta.

- Neteyam - disse ele, entrando em meu quarto - acorda, quero falar com você. Sua mãe saiu.

Me remexi na cama com a intenção de ficar mais um tempo nela, mas sabia que não podia.

- já vou, senhor

- te espero lá em baixo.

Saio da cama, e acabo pisando em algo vivo. A gata.

Meu Deus. Eu esqueci completamente dela. Ela estava deitada em cima de um casaco meu que estava no chão.

- bom dia, menina - falei com ela - como você tá?

Esses seus olhos - Aonunete/Netenung [em pausa]Onde histórias criam vida. Descubra agora