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Lua White

A dor de cabeça era uma cadela mal humorada.

Apertei minhas têmporas e esperei Judy terminar de se arrumar para a aula. A noite do trote havia sido o caos completo. A vergonha, o choro, a dor.

Eles haviam conseguido nos amedrontar, principalmente, por que usaram da violência para isso. E mesmo que tenha acontecido há uma semana, eu ainda me lembrava de tudo, como se vivenciasse todos os dias aquela agonia.

Não era apenas pelo trote em si, mas pela dominância que aquele garoto usou sobre mim. Uma escuridão divertida que me fez querer olhá-lo debaixo daquele capacete. Ele não saiu da minha mente em nenhum dia sequer.

— Sem dúvidas essas vão ser as melhores aulas do semestre. Posso me exercitar sem ter que ir na academia. — Judy comentou.

Olhei para nossas roupas e praguejei quando percebi que eu não poderia fugir disso. Judy Mirrors estava vestida com um short esportivo, uma blusa folgada e um tênis mega chamativo, enquanto eu vestia uma legging preta, um tênis branco e uma camiseta simples do nirvana.

Hoje, escolheríamos qual esporte faríamos parte e não estava nenhum pouco animada.

— Se não fosse matéria obrigatória, eu nem iria. — resmunguei e ela riu de lado.

A UIC tinha políticas de engajamento bem complexas e entre elas, estava a que obrigava todo aluno a participar de alguma modalidade esportiva. A ideia era boa, mas não quando eu estava evitando, incansavelmente, os atletas.

— Não está com medo? — me atrevi a perguntar e Judy me olhou por cima do ombro. — Sério, nem um pouco?

— Não. — respondeu rápido e estirou as costas. — Mas não fui eu que desafiei o cara na frente de todos.
Sua gargalhada ao ver meu rosto foi estrondosa, Judy se abanou rindo e me puxou para fora do quarto.

— Isso não é nenhum pouco engraçado.

— É, sim. — acenou enquanto amarrava seus cabelos loiros. — Fica tranquila, eles não vão mexer mais com a gente.

Judy era uma loirinha de altura mediana que colocaria qualquer modelo no chinelo. Sua cintura era fina e parecida com a minha, seus seios médios e suas coxas grossas eram o que mais atraíam a atenção, ainda assim, sua personalidade descontraída combinava comigo.
Ela era como eu.

— Se eles mexerem, provavelmente, eu vou para a detenção rapidinho.

— Não use seu senso heróico, Lua. Ele não nos ajudou muito da outra vez.

É, ela estava certa. Só ganhei uma bunda ardida e uma vergonha maior que toda a Chicago.

— Nossa, obrigada pelo apoio.

A passos apressados, caminhamos em direção ao ginásio coberto e seguimos rindo enquanto conversamos sobre os esportes que não faríamos. Antes de conseguir entrar na área externa da universidade, a mesma ruiva que ria e ordenava no dia do trote nos parou. Com o dedo indicador no meu peito, ela maneou a cabeça e me indagou, zombeteira.

— Já se recuperou do corretivo que Bryan te deu?

Bryan. Esse era o nome dele.

— Não é da sua conta. — respondi e tentei passar por ela.

Ela não permitiu.

— Pare de bancar a garota descolada. Você é nova aqui, você não tem nada.

— Eu não diria isso. — Judy a respondeu antes de mim. — Aqui é uma universidade, não o exército. Ninguém manda em ninguém. O trote foi uma brincadeira, agora não venha querer ter voz em cima de qualquer uma de nós.

Broken Rules - Livro 1 (degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora