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culpa

  Uma semana havia se passado. O inverno era persistente sobre Konoha e a cada dia que se passava, a neve se alojava mais pela vila. Para Sasuke, a estação preferida para este era aquela. Ele gostava da sensação fria em sua volta e sentia-se completo quando estava em um local quente e confortável enquanto nevava ao lado de fora. Entretanto, o Uchiha havia recebido uma missão fora do País do Fogo, sendo obrigado a seguir o rumo de suas responsabilidades, porém o moreno adoraria estar de volta para a sensação calorosa de um jantar delicioso em uma noite gelada.

   Durante os dias fora, Sasuke obteve a abertura para refletir suas atitudes atuais com seus companheiros. Seus pensamentos circularam por caminhos desconhecidos por ele. Se arrependia profundamente por ter seguido uma trajetória preenchida de dor, solidão, ódio e vingança. Todos esses sentimentos foram razões para o afastamento do moreno, e esse havia sido o erro dele na adolescência. Após estar crescido, o Uchiha encontrou-se em um deserto emocional, sozinho.

   Os três anos havia sido a sua redenção de tantos crimes e culpa. Atualmente, Sasuke conseguia vislumbrar um futuro onde o rapaz tinha a oportunidade de melhorar. Ele se esforçava para compreender as emoções dos outros em relação à si, igualmente como agir sobre essas. A noite com Sakura havia sido um desafio para o moreno no primeiro momento. Contudo, a leveza que a Haruno proporcionou para o maior lhe parecia como uma ilusão de um oásis salvador. A forma como ela nunca tentou mudar a personalidade do Uchiha o deixou tranquilo ao lado da rosada.

   Sakura era um assunto delicado para Sasuke. A culpa consumia os pulmões do rapaz, havia momentos que o ar faltava, não adentrava normalmente. O pouco oxigênio que sobrava em seu organismo não era o suficiente, dando a falsa sensação de claustrofobia e pânico para ele. As lembranças de tentativas de assassinato contra a garota lhe perturbavam nas situações mais inusitadas. Ver os olhos verdes produzirem lágrimas por ele, ter a memória infinita de sua expressão dolorosa e espantada por sua culpa.

Sua própria mente condenava à si. Sasuke se maltratava mentalmente pelas atrocidades que cometeu no passado e o obrigava todos os dias a seguir o caminho de luz que Naruto o trouxe. O Uchiha não descansava. Sua redenção foi a resposta para toda a agonia que o preencheu após a Quarta Grande Guerra Ninja. O moreno lutava bravamente para recuperar o que rejeitou fortemente, as oportunidades que tinha com seus companheiros eram as lutas que batalhava para vencer. Ele dava tudo de si para ter uma comunicação e relação saudável com os parceiros, apesar de ser um inferno mortífero ultrapassar seus bloqueios.

Haruno Sakura. Os sentimentos que ela havia dedicado esforçadamente ao maior foram pisoteados no passado. Sasuke culpava-se por tanta arrogância direcionada à rosada. Secretamente pedia para os céus que a garota estivesse bem, pedia para uma falsa fé que sua companheira não carregasse o peso da rejeição que o Uchiha proporcionou de forma traumatizante. Eventualmente se questionava se poderia corresponder as emoções profundas que Sakura um dia sentiu por ele. Ou então se perguntava se ela ainda sentia-se assim pelo maior.

   Quando retornou à sua terra natal, Sasuke tivera a certeza de que os sentimentos foram superados. A Haruno mal olhara ou cumprimentara ele. Não sabia se sentia alívio ou insegurança diante da confirmação.

— Já podemos partir - Naruto disse, trazendo o garoto de volta à realidade - Concluímos a missão com sucesso!

— Sim... - o Uchiha respondeu, andando pelas ruas frias da vila onde estavam.

   Os dois caminhavam calmamente pela cidade onde haviam sido encaminhados. Era pequena, poucos habitantes, porém bastante comercial. As feiras se destacavam no minúsculo vilarejo.

— Não é tão longe de Konoha, então podemos curtir um pouco - o loiro comentou, colocando as duas mãos atrás da cabeça - Quero comprar algo para Hinata.

   O garoto sorriu como o sol, quase cegando o Uchiha.

— Certo - respondeu meio mal-humorado - Nos encontramos mais tarde, neste local.

— Não seja grosso, quando você viver o seu romance, será da mesma forma - Naruto mostrou a língua enquanto afastava-se de Sasuke.

   O moreno apenas ignorou as perturbações que o Uzumaki lhe fazia, seguindo seu rumo sem nenhum objetivo, apenas observando os produtos que eram vendidos. As orbes bicolores de Sasuke absorviam a movimentação que circulava as barraquinhas pela cidade, vendo crianças brincarem com seus pais e casais se tocarem de forma íntima em público. Andando por aquele cenário, percebeu como a vida do vilarejo era simplista.

— Ei, rapaz - um tom cansado e antigo chamou pelo Uchiha - Está procurando por algum presente?

   Uma senhora de cabelos grisalhos e pele enrugada tentava arrumar um cliente naquela manhã nublada.

— Tenho jóias que podem lhe interessar - sua mão trêmula apontou para os acessórios expostos em uma mesa retangular - Veja se algo o encanta.

— Obrigado, mas não pretendo...

— Talvez alguém próximo de você gostaria de receber um agrado - ela interrompeu, ainda mostrando seus produtos.

   Sasuke atravessou seu olhar para baixo, onde colares e anéis descansavam por cima de um pano vermelho vivo. O tom prateado que emanava dos adornos delicados faziam o Uchiha dar um pouco mais de atenção para a senhora. As peças eram dispostas suavemente, mostrando sua singularidade nos pingentes e circunferências brilhosos. Ele admirou o ornamento que mais lhe cativou, era uma corrente fina de prata, com um pingente singelo e inocente. Uma flor de cerejeira era arquitetada no metal da qual era feita, sendo detalhada minuciosamente desde suas extremidades ao centro da planta. Era pequena, demonstrando delicadeza em sua estrutura.

— Lindo, não? - a voz sôfrega pronunciou - Eu mesma fiz, levou tempo e dedicação.

— Não posso imaginar o quanto - o Uchiha respondeu.

— Você deveria levar, dê para alguém com quem se importe - a velha comentou em um tom de sabedoria.

   A orbe completamente negra observou por uma última vez o feixe de luz que o pingente exalava.

— Eu levarei.

Um sorriso pequeno tomou os lábios rachados dela. Sua aparência não era muito atrativa.

— Só um momento, irei embrulhar - ela sumiu nas sombras da barraquinha e quando voltou com uma pequena sacola vermelha, Sasuke refletiu:

Para quem irei dar este colar?

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oie, é a tia nanda :)
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sem revisão
[15/06/2023]

𝒔𝒑𝒓𝒊𝒏𝒈  {sasusaku}Onde histórias criam vida. Descubra agora