D-4 | Confissões e um gato da sorte.

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Linda, linda, linda
Tem algo sobre os seus olhos
Me diga que esses sentimentos são recíprocos
Porque é tão difícil de resistir a eles
STUPID IN LOVE - MAX, HUH YUNJIN


Ni-ki não dormiu bem naquela noite. O jovem ficou tão paranóico que até mesmo durante as poucas horas em que cochilou, teve pesadelos em que sua amiga o deixava vendo navios e o pior: nunca mais olhou para ele. Por conta da noite mal dormida, o japonês estava parecendo um zumbi quando se levantou e foi até o banheiro. Os cabelos pretos estavam bagunçados e arrepiados, e ele tinha olheiras embaixo dos olhos castanhos. Qualquer um que o visse daquele jeito sabia que ele tinha tido uma péssima noite, e não foi diferente com sua mãe.

A mulher baixinha de cabelos loiros e olhos de raposa, encarou o filho de cima a baixo. Ni-ki vestia a blusa do uniforme ao contrário, suas meias eram pares diferentes, e ele parecia não estar se importando com o cabelo embolado, visto que ele sequer penteou o mesmo após sair do banho porque sua mente estava em outra coisa. Ela observou o jovem com a mochila nas costas, prestes a sair de casa sem ao menos tomar o café, e deu um grito, chamando o filho para voltar já para a cozinha.

— Onde pensa que vai nesse estado? Parece até que não tem mãe! — ela caminhou até o filho, e segurou seu rosto. — Credo, menino! O que aconteceu? Ontem você parecia bem.

— Não estou bem. Nada está bem. Eu sou o culpado de tudo, não sei o que fazer.

O garoto se sentou em um banquinho baixo, que fazia suas pernas longas doer. A senhora Nishimura pegou um pente e começou a arrumar o cabelo do filho, enquanto escutava os murmurinhos do garoto, que nem faziam sentido para ela.

Assim que estava devidamente arrumado e alimentado, o jovem já sentia um pouco mais de energia, ainda assim, aceitou a carona que sua mãe lhe ofereceu. Antes de sair de casa, o japonês colocou ração para Mi-ki, além de trocar a água e limpar a caixinha de areia. Sua mãe o esperava no carro, e durante o trajeto, ele colocou músicas para tentar relaxar. Ficou fitando a janela e prestou atenção nas coisas que não reparava no dia a dia, e assim sua mente ficou um pouco menos carregada. Mas só relaxou mesmo nesse pequeno espaço de tempo, porque assim que viu a fachada da escola, seu coração acelerou e suas mãos tremeram levemente.

A mãe do japonês não disse nada, mas sabia que algo tinha acontecido entre o filho e sua melhor amiga. Viu o quão nervoso Ni-ki estava, e tirou sua própria conclusão. Ela sabia que eles estavam apaixonados, e torcia para que ficassem juntos. Ela observou o mais novo sair do carro, se despedindo dela com um sorriso contido e suspirou. Adolescentes são difíceis de entender e muito confusos.

A cada passo que dava, Ni-ki sentia que estava caminhando para a beira de um penhasco, e dependendo de onde pisava, poderia se desequilibrar e cair. Passou pelos corredores, e mesmo que quisesse ver Mi-sook, estava muito nervoso e não sabia o que fazer. Passou os olhos pelos rostos dos colegas, procurando inconscientemente pela garota de cabelos longos e sorriso contagiante, e a achou segundos depois, como se ela fosse um ímã que guiava seu olhar. Mas infelizmente, não era o que estava esperando.

Mi-sook estava a poucos metros de distância dele, no meio do corredor onde outros estudantes caminhavam e conversavam. Mas não estava sozinha, ela ria de alguma coisa que outro alguém falava, e esse outro alguém tinha nome e sobrenome, Lee Heeseung.

Conhecido por sua popularidade como jogador do time de basquete, o jovem tinha tudo o que quisesse quando quisesse. E isso se aplicava a qualquer garota em que ele tivesse interesse. Ni-ki sentiu o peito borbulhar de ciúmes, o que ele estava fazendo conversando com Mi-sook? E o pior, ela parecia estar gostando, mesmo sabendo da fama de Heeseung. O Lee estava no terceiro ano, não era lá um aluno muito dedicado, e não tinha nenhum assunto em comum com a Shin, então porque estava ali? Curioso, o japonês se aproximou, ficando atrás da amiga, que não tinha notado a presença dele, diferente de Heeseung, que manteve seu olhar fixo no Nishimura.

CATástrofe | Nishimura RikiOnde histórias criam vida. Descubra agora