APÓS SER INÚMERAS vezes iludida por homens, Circe, uma deusa feiticeira, tornou-se um nome bastante citado nas orações de mulheres que sofreram nas mãos de seus homens e quando finalmente consegue escapar da ilha e andar livremente pela Terra, ela a...
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ZERO.
ponto de partida
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ILHA AIAIA; anos atrás.
A cabana da feiticeira se erguia em um local estratégico da ilha. Oferecia vistas deslumbrantes do mar azul-turquesa e exalava uma energia mágica palpável, com suas paredes de madeira escura gravadas com símbolos místicos e velas acesas espalhadas pelo ambiente. Dentro, os elementos da natureza se entrelaçavam harmoniosamente, com plantas exóticas que brotavam do chão e feixes de luz solar que atravessavam as janelas cobertas por cortinas de tecido bordado.
Diante de uma estante de recipientes, Circe leu as etiquetas e escolheu pássaro lendário, a raiz da árvore enfeitiçada e folhas de palmeira. Andou para o centro da cabana, onde um caldeirão de bronze repousava sobre um fogo crepitante, e colocou os ingredientes adentro. Em uma tigela, despejou óleo de coco, uma colher de mel, duas colheres de terra fértil da floresta e escama de dragão e esmagou com um socador. Logo derramou o líquido no caldeirão.
Esperou uns dez segundos e colocou o osso antigo de um habitante da ilha, observando-o derreter. Por último, adicionou uma pitada de areia da fonte de desejos enquanto repetia seu desejo em sua mente.
Eu quero sair. Eu quero ser livre. Eu quero fugir.
Liberta-me dessa ilha.
Pegou uma enorme colher de pau e mexeu a bebida heterogênea, murmurando uma canção sobre uma garota ingênua que pensou que seria amada, mas apenas sofreu decepções e traições, quando pensou que poderia confiar no sangue de seu sangue, quando pensou que poderia confiar no que enxergava, quando pensou que poderia seguir seu coração. Sobre o quanto os homens eram mal caráter e apenas pensavam com sua genitália. Sobre o quanto a garota ingênua sofreu para compreender e quando compreendeu jurou vingança e eliminar qualquer um que cruzasse seu caminho.
Um vapor púrpura flutuava suavemente acima do caldeirão, carregada de uma energia intensa. Encarou adentro e a bebida estava em sua fase homogênea. Estava quase pronta.
