Em pedaços

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"Acho que encontrei o abismo que devo saltar, espero encontrar você a minha espera do outro lado."
Maxon  - A Seleção

No momento me sinto como se fosse um quebra-cabeça, aqueles que tem mil peças, e no momento não tenho força nenhuma para juntar peça com peça, e é assim que me sinto em pedaços, completamente dilacerada. Achei que nunca passaria por esse tipo de situação, sempre acreditei que minha vida seria um verdadeiro conto de fadas, onde me casaria com o amor da minha vida, e seríamos felizes para sempre. A amargura desse rompimento e de tudo que me aconteceu me traz um nó na garganta que eu nunca pensei que fosse sentir. Aqui nesse quarto escuro eu só consigo enxergar uma coisa, é hora de seguir em frente, ele está seguindo, e eu não posso continuar na mesmice, não posso me jogar no abismo e esperar que ele esteja do outro lado me aguardando. Seguirei e não quero me apaixonar nunca mais.

Perdida em meus pensamentos acabo me assustando com a campainha tocando. Desço as escadas correndo loucamente com minha blusa do Capitão América que parece mais um vestido. Abro a porta e vejo Nicoly.

— Não acredito que você ainda não está pronta.-fala com um olhar de questionamento.

— Desculpa, me perdi em meus pensamentos e acabei me esquecendo e eu nem quero ir, se quiser pode ir sozinha.-falo coçando a cabeça.

— Mulher vai arrumar, ou eu não me responsabilizo pelos meus atos.-fala sorrindo e apontando o dedo para as escadas.

— Tá, vamos subir para o meu quarto então.-falo puxando o seu braço ao longo da escada.

Subo para meu quarto, coloco uma música, tomo uma ducha e escolho vestir um vestido soltinho floral pegando pouca coisa acima do meu joelho, passo algo no rosto para tirar a cara de detonada, e coloco um tênis branco.

— Você tá linda, ele vai amar.-Nicoly fala batendo palminhas.

— Ele quem?-pergunto saindo do quarto.

— Aa... Hum, ele, o sanduíche do Mc Donalds.-fala falhando a voz.

— Nicoly se você estiver aprontando alguma, eu fico com o seu brinquedo do Mc Lanche Feliz.-falo e ela faz beicinho.

Chamo um táxi e saímos de casa, ao longo do caminho vou observando a paisagem e vejo que o mundo é grande demais e que sou um pedaço mínimo disso tudo, e que meu problema não era nada comparado ao que algumas pessoas tinham. E finalmente chegamos no nosso destino, pagamos o Uber e descemos do carro e avisto o nosso novo colega logo a frente, e lanço um olhar mortal para Nic.

— Breno?-falo.

— Olá, Liz, que bom que você aceitou o convite, pensei que não viria.-diz corando e olho diretamente para Nicoly que dá um sorriso vitorioso, como nossos braços estão próximos acabo beliscando a mesma.

— Aaaaaaaai Liz, não precisa disso.-fala esfregando o braço.

— Então vamos comer, já que estamos aqui para isso.-falo e puxo a Nicoly comigo.

Fazemos os pedidos, conversamos sobre assuntos aleatórios e o tempo passa muito rápido, descobri nisso tudo que Breno cresceu na Fazenda, que mudou para Minas Gerais porque o seu pai tem outra propriedade aqui e que ficariam uns dois anos por aqui. Ele disse ser competidor em prova do laço e ama animais e máquinas agrícolas. Com isso tudo me lembrei da época que fazia prova do tambor, e me lembrei também que desde que comecei a namorar Leonardo parei de ir fazenda dos meus avós para treinar e competir com as meninas. Acabei me perdendo e dessa vez preciso me encontrar. No fim percebi que Breno é legal, preciso de pessoas positivas a minha volta nesse momento, acredito que esse será o início de uma bela amizade.

— Bom, vocês querem carona para casa?-Breno pergunta se levantando.

— Mas você dirige? Você não é menor de idade?-digo preocupada.

— Vamoooos, por favor, Liz, odeio os taxistas.-Nicoly diz implorando.

— Sou menor de idade, porém sei dirigir melhor que muito marmanjo mais velho, meu pai me ensinou desde cedo que tem três coisas que um homem não pode deixar de ter, a primeira é um bom carro, a segunda é dinheiro no bolso, e a terceira eu ainda não conquistei.-Breno diz olhando para mim.

— Tudo bem, vamos.-digo revirando os olhos.

Entro no carro e Breno segue as coordenadas de Nicoly para deixá-la em casa primeiro já que fica mais perto. Não demora muito para chegarmos ao destino, ela se despede e me olha como quem diz "aproveita" reviro os olhos e seguimos caminho.

— Então Liz, fico muito feliz por aceitar o convite, pensei que não iria.-diz sorrindo.

— Então Breno, tenho uma coisa para te contar, na verdade, a Nic não me falou que você que havia nos convidado.-digo corando e ele solta uma risada.

— Na verdade, minha intenção era convidar somente você, porém Nic disse que você não estava muito bem e te convenceria a ir.-diz me olhando e aperta a mão no volante.

— Na hora que cheguei eu queria matar a Nic, porém foi uma noite agradável, podemos ser amigos.-pisco para Breno que apenas assenti.

O resto do caminho passamos calados e enquanto o carro andava, eu observava as casas, as cores, o céu, a lua, as estrelas, sou uma grande admiradora das criações divinas, e sei que mesmo as coisas feitas pelo homem, tem as mãos de Deus ali. Quase chegando em casa avisto uma sombra no portão, continuo olhando mesmo distante e não acredito quando olho novamente e não acredito. Não pode ser, o que ele estava fazendo aqui? O carro para e desço rapidamente.

— O que o senhor quer?-pergunto já estressada.

— Estou aqui à procura da sua mãe, se toca garota.-fala enquanto olha para Breno.

— O senhor não deveria estar aqui, deveria ter vergonha, eu vou chamar a polícia.-digo exasperada e o mesmo mete um tapa no meu rosto, me fazendo cair nos braços de Breno que me segura e olha assustado, começo automaticamente a chorar.

— Você acha mesmo que esse frangote do seu "namoradinho" pode te defender? Estou aqui para falar com sua mãe e vou falar, a polícia está longe de ser o maior dos meus problemas.-diz soltando uma gargalhada.

— Com licença, vou levar a Liz para dentro!-diz Leonardo já me arrastando e batendo o seu ombro com o dele.

Entramos e fecho o portão logo atrás, corro para o meu quarto e Leonardo me segura.

— Tá tudo bem? Posso ir embora se sentir mais confortável.-diz e eu o pego de surpresa lhe dando um abraço.

— Por favor, fique comigo até minha mãe chegar, estou com medo. -digo receosa, e ele me aperta mais em seus braços.

— Tudo bem, mas quem é esse homem? Se quiser posso ir agora mesmo dar uma surra nele, e por qual motivo você ameaçou chamar a polícia?-pergunta afagando meus cabelos.

Eu nunca contei essa história para ninguém, será que devia confiar em Breno? Somente a Nic sabe o que realmente aconteceu.












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Um amor inesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora