𝐀𝐔𝐆𝐔𝐒𝐓𝐈𝐍𝐄 𝐆𝐑𝐀𝐇𝐀𝐌

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🏒

— 𝐄𝐔 𝐅𝐈𝐙 𝐔𝐌 𝐏𝐄́𝐒𝐒𝐈𝐌𝐎 𝐀𝐂𝐎𝐑𝐃𝐎. 𝐉𝐄𝐒𝐔𝐒!

      Estou parada na frente da grande porta de madeira. Sinto meu sangue ferver. Merda! Connelly é um mentiroso do caralho! Quando a porta é aberta, Brenna Jensen Connelly sorri calorosamente para mim, seus lábios vermelhos são receptivos e seus braços me apertam com certa força. Então, o rostinho bonito do seu filho surge na escada, ele está descalço e com os cabelos molhados. Chad desce as escadas animado e seus braços me puxam para um abraço, não me oponho embora meus pensamentos de homicídio.

— Você está linda — Brenna diz, não percebo de imediato, mas seus olhos estão nos meus pés. Ela me oferece um sorrisinho de lado, e parece animada com a situação.

        Minhas botas da Prada não são condizentes com meu estilo preguiçoso, uso meu moletom do time e meus jeans estão gastos. Eu queria estar bem apresentável, só não quis parecer algo que não sou. E, segundo a Eva, botas da Prada são um elixir de autoconfiança e talvez me ajudassem a não soar rude ou me dessem um motivo para fazê-lo. Mordo meus lábios com força. Conheço a casa do antigo treinador do meu pai, sei que sua nomenclatura é a mesma do gatão que estou treinando, me questiono o motivo de Chad simplesmente precisar da minha ajuda, sou boa mas ele vêm dos melhores.

— Prada me lembra a Summer, uma vez a loirinha me fez usá-las em uma entrevista — ela diz como se fosse um segredo.  Ela continuou em um bom tom quando os braços do marido seguravam sua cintura: — Contei a Connely que estávamos juntos, um namoro de mentira.

— Foi um ótimo acordo para mim, sou um desgraçado sortudo, meu time e eu o Frozen Four naquele ano — ele declara distribuindo um beijo no topo da sua cabeça.

    É uma má ideia. Quando eu menti sobre meu estágio fiz um acordo com Chad Connelly e não imaginei ter que fazer tanta coisa para merecer. Claro, não gosto de coisas fáceis, tenho cedido horas de sono para treiná-lo e conseguir minha parte na barganha, mas ter que dirigir com um farol queimado é uma merda ainda mais quando ele é jogado para o banco reserva após minhas claras instruções sobre trapaças. Agora, tenho que fazer uma entrevista de estágio. Não estou satisfeita e estar sentada na frente do seu pai na mesa de jantar é um controle, porque prestes a enforcá-lo.

— Graham. Certo, você faz jus ao seu nome! — Jake diz brincalhão, dou um sorriso satisfeito. — Ser uma capitã é uma grande responsabilidade.

     Meus lábios contém uma risada cômica, enquanto minhas mãos percorrem sutilmente os ombros do seu filho. Chad e eu não éramos amigos na época, mas doeu vê-lo pensar tão pouco em mim, e, por mais que seu esclarecimento fosse decente e agora eu fosse sua treinadora, me divertir com a situação pareceu algo justo. Dou três tapinhas em suas costas antes de dizer:

— Alguns caras sentem medo — os olhos de Brenna estão curiosos. Eu continuo, dessa vez murmurando baixinho: — Por ser uma mulher no comando, e jogando melhor do que eles. Não me acham uma boa capitã, na verdade nem me consideram uma.

— Malditos jogadores de hóquei, alguns são inúteis, pinto pequeno e ego inflado, esses são os piores — estou sorrindo involuntariamente. Chad está corado e seu pai parece se divertir, embora o tom rosado que suas bochechas assumiram.

— Você é uma boa capitã — meus olhos encontram os de Connelly, ele sorri sem graça. Agradeço com um sorriso, então ele termina: —  Não é do tipo que precisa ser protegida, você faz mesmo jus ao nome Graham.

     Chad não pode jogar hoje, foi posto no banco de reservas na última partida. Logan também não pode, há semanas ele está escondendo uma lesão e já não conseguia mais esconder. Estou aborrecida, o jogo era na casa dele, digamos que estavam indo bem, mas então Chad cedeu as provocações e quase quebrou o pulso do adversário, e em questões de segundos Logan perdeu o equilíbrio desmaiado no gelo.  A universidade de Brair  possui bons jogadores, mas nenhum deles é o meu. Não deveria estar brava todavia estou. Naquela mesma noite, fui à república vê-lo e me decepcionei. Beau e eu tivemos que buscá-lo em um bar. Chad Connelly estava bebendo com os caras que riram de mim, eu queria chorar, dizer que nunca mais iria treiná-lo mas só fiquei aliviada pelo seu rosto não estar deformado como imaginei.

— Obrigada pelo jantar, foi maravilhoso.

    Brenna e eu estamos terminando de secar a louça, ela é incrível, a figura esportiva que eu quero ser. Conversamos sobre hóquei, seu programa, sua trajetória no esporte e então estou suspirando eufórica com seus comentários. Essa mulher é incrível, estou enamorada. Seu pai e a esposa não estão em casa, a irmã de Chad está dormindo e pelo que ela me diz seu filho e o marido foram aqueles que cozinharam para mim.

— Chad me disse que você está interessada em fazer seu estágio de comunicação comigo? — Afirmo mordendo meus lábios inferiores com força. Me sento ao seu lado, pretendo dizer meus motivos… Brenna continua: — Você é uma capitã Graham, vou adorar tê-la na minha equipe. Conte comigo, mulheres precisam ser inseridas no esporte.

     Meus olhos lacrimejaram, sinto vontade de chorar. Brenna abre seus braços me dando abertura para abraçá-la. Embora eu quisesse o estágio para firmar meu time e ter segurança no curso, ter Brenna como tutora é incrível. Duas figuras nos observam na porta, agradeço sem delongas mas meu corpo começa a suar quando ela diz:

— Oh, querida... Só não comente que é a namorada do meu filho.

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