[𝙋𝙧ó𝙡𝙤𝙜𝙤] 𝙎𝙖𝙣𝙜𝙪𝙚𝙨𝙨𝙪𝙜𝙖 𝘿𝙖 𝙁𝙖𝙢í𝙡𝙞𝙖

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"Nada, nada, nada... Porra nenhuma"-Pensou.

Sua caxa de e-mail de novo, estava vazia, igual nos últimos dias desde que você aplicou mil currículos à dezenas de lugares diferentes, mas nenhum deles havia mostrado interesse ainda.

"Nem mentir deu certo"-Pensava enquanto olhava os e-mails na sua caixa de spam na esperança de pelo menos um deles, não ser de telemarketing.

E não ser mentira também, óbvio.

Alguém bate na porta do seu quarto mesmo ela estando aberta, era o seu pai surpreendente, era a quarta ou a quinta vez que ele parecia tentar respeitar a sua privacidade.

-Filho? Seus tios chegaram com o aniversariante. Vai lá dá um oi.

-Ok.

"Isso explica o porquê da porta."
Depois de se vestir de uma maneira que a sua mãe consideraria "descente", você vai até a sala, cumprimenta seus tios e primos dando uma atenção especial ao mais novo, cuja era o aniversariante. Fazia um tempo desde que você via seus tios e pais tão contentes e calmos, em comparação a eventos passados que você vividamente se lembra quando todo mundo estava reunindo, os quebra paus que sempre aconteciam quando algo era interpretado errado. A imagem da sua tia jogando com toda a força dela as roupas do seu tio no rosto dele, foi algo que marcou não só a sua memória mas como o natal do ano passado.
E o chão da casa deles.
Difícil de lembrar exatamente o porquê deles estarem discutindo, mas impossível não lembrar o som de madeira podre se rachando quando seu pai tentou tirar o irmão dele do telhado que estava afogando as mágoas com uma garrafa que, estourou na cabeça dele quando ele caiu em cima do seu pai.

Mas tudo estava tranquilo, nem parecia que cada um naquela sala falava mal uns dos outros em grupos privados no whatsapp, sua mãe sendo responsável por maioria deles. Sendo sua mãe, uma perguntinha lhe veio a mente:
"Será que eu tenho um meu?"

A primeira resposta, sendo talvez. Sua mãe sempre te contava uma história diferente a cada barraco novo que acontecia na casa dos seus tios. Sua tia saindo com as más influências dela, resultando dela dar cima até em morador de rua quando estava bêbada. O seu tio que descobria ou vício novo a cada mês, indo de bebidas para maconha, da maconha para a heroína e da heroína para o crack. Deus que protegesse sua tia quando ele descobria em um fetiche novo.
Sua mãe vinha com uma história diferente a cada dia, quase literalmente. Com direito a continuação dependendo do quão você se interessava. Então, era provável que ela poderia ler entrelinhas inexistentes ou só cria uma fofoca falsa sem lógica alguma, como eram algumas dessas histórias.
Já a segunda e mais simples resposta sendo não, ela gosta de falar dos outros, mas será que ela gostaria se fosse ao contrário?

"E se eu fizer um?"

Uma pergunta estranha mas curiosa, pois ninguém da sua família conservadora sabia o óbvio, embora sua mãe tinha a proeza de ler entrelinhas, nem ela e seu pai viam o que estava estampado na cara deles, uma família que julgava os outros por se parecer perfeita, essa era a sua família, jogar uma bomba dessas seria o suficiente pra seus pais te expulsarem até da linhagem sanguínea deles. Por mais tentador que é, imaginando seu tio zoando com a cara do seu pai, não valia a pena se o preço fosse morar debaixo da ponte junto com os mendigos.
O risco de um deles conhecer a sua tia era algo assustador que você não queria pensar.

-S/N.

-Hm?-Seu priminho surge na sua frente, te torando do seu transe.

-A gente pode brincar lá fora? Os outros também vão.

-Cara acho que não. Bem, seu pai vai querer fazer um mini-churrasco antes de irmos passear no shopping, então ele não-

-Pizzaria

 Minha Zona de Conforto• • • •°𝙁𝙍𝙀𝘿𝘿𝙔𝙓𝙇𝙀𝙄𝙏𝙊𝙍°•Onde histórias criam vida. Descubra agora