Os Deus conspiraram para que nos separássemos, planejaram cada passo que nos faria chegar até aqui. E eu lutei, lutei até que meu coração não aguentasse mais. Meus planos se moldaram com a mudança, o mundo gosta de machucar.
Me escondi com você dentro dessas paredes que agora são testemunhas do que vivemos. Seu fantasma espreita cada cômodo, me chamando para o abraço caloroso e o beijo suave que me cumprimentava todos os dias.
Parei de chorar na última semana de Setembro, quando os sol lá fora invadia nosso quarto e iluminava a única coisa que você deixou pra trás. Eu. Aquele que te amou, que ainda te ama, mas que agora não pode te alcançar.
Quando somos crianças, sonhamos com coisas grandes, coisas que queremos muito. Eu não sonhava com você. Quando eu fechava os olhos eu via tudo, menos você. Mas como uma faísca encontra a outra ao acender uma fogueira, eu te vi sendo meu sonho quando coloquei meus olhos, abertos, na sua direção.
Eu tive você e como a areia escapa por entre os dedos, eu deixei você ir.
Você olhou pra trás quando caminhou pra longe? Fechou os olhos e sonhou com a volta?
Nunca saberei as respostas para as perguntas que tanto ocupam minha mente. Sem respostas, porque você, não está aqui para responde-las. Seu cheiro já desapareceu do travesseiro e seu lado do armário é vazio como o buraco em meu peito.
A cozinha não acompanha mais o cheiro de comida caseira ou suas cantorias enquanto o rádio acompanha. O rádio nem liga mais. Encontrei consolo no silêncio repentino, porque nem mesmo um ruído se compara a saudade de sua voz.
Se eu tivesse chegado antes, você teria partido? Teria me perguntado meus motivos, minhas razões? Teria respondido meu te amo?
As vezes me questiono se era verdadeiro, se tinha amor, paixão, calor ou o que quer que fosse. O tempo passa rápido e agora me encontro novamente abraçado pelo silêncio da madrugada, enquanto escrevo isso. O peito de Freddie sobe e desce ao meu lado, ele é pequeno e ainda não sabe como o mundo machuca. Mas eu estarei aqui quando o mundo machuca-lo.
A sala silenciosa mudou com o tempo, agora existem cores e peças de plástico pelo chão e carrega a risada mais linda do mundo. Você amaria esse som também, porque ele acalma as preocupações e cessa a tristeza.
O peso que eu carregava já voo para longe quando coloquei os olhos na coisa que eu mais amo no mundo, a sua partida também me trouxe coisas boas, coisas que me questionei se valia a pena ter sem você.
Elas não valem, Harry. Mas eu fiz valer. Coloquei tudo numa bagagem e coloquei num avião sem passagem de volta. Me lembrei que algo pode valer a pena, mesmo que sem você, mesmo que meu coração apaixonado ainda bata por você.
O amor veio de forma diferente, não tinha seu selinho molhado e nem o tom da sua voz. Mas tinha dedos pequenos e olhos iguais aos meus.
Obrigada, Harry. Por ser aquele que me trouxe alegria, amor e carinho nos tempos que mais precisei. Por me deixar ama-lo. E por me amar de volta.
Louis