𝐴𝑙𝑚𝑎𝑠 𝑝𝑒𝑐𝑎𝑑𝑜𝑟𝑎𝑠 - 𝑝𝑎𝑟𝑡𝑒 𝐼𝐼

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Continuando

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Continuando....

— Pode não acreditar, mas sim, é. — Ele girou a cabeça para o outro lado, dando de cara com um retrato, que pela fisionomia, era a mulher à sua frente. Ainda com o olhar colado no retrato, concluiu a sua fala. — Eu posso falar com eles, porque eles não conseguiram me matar há dez anos. Não poderiam, pois eu era de certa forma, puro. Eles me perseguiram, e corromperam minha alma, junto com aqueles malditos do manicômio, que alegam que estão me curando.

— Mas por que eles me querem?

O questionamento de Harley permaneceu flutuando sobre o ambiente, já que mesmo alcançado pelos ouvidos de Matthew, não pôde ser respondido, pois ele se manteve focado em seu retrato.

— Não mudou nada…

Escutando as palavras fracas de Davis, Harley moveu a cabeça para a mesma direção onde a atenção do homem foi roubada, e ela não deixou de ficar incrédula por ser seu rosto mais novo.

— Meu rosto não é importante — Harley pigarreou ao perceber que não tinha conseguido vidrar os olhos dele em si. — Olhe para mim.

Penosamente, Matthew girou a cabeça à ela, soltando um suspiro baixinho. Não era um homem de falar muito, talvez por isso seus músculos da boca pareciam tão cansados por dizer apenas algumas palavras insignificantes. Precisava de um tempo para descansar seus músculos exauridos, e assim, ele ergueu a mão, pedindo algum tempo.

Depois de dois minutos, sentindo-se pronto o bastante, ele reiniciou seu foco.

— Você é algo especial para eles. Podemos dizer que é uma mina de ouro — ele deu uma pausa, reformulando seu termo —, não. Uma mina de diamante para ser mais preciso no seu valor. Você é a única depois de tantos anos que parece ser pura, e depois de lhe contar isso, espero que esteja batizada. Irá precisar de muito mais do que só o sinal da cruz para bani-los da sua mente, quando eles decidirem que é a hora.

Harley soltou o ar de uma só vez, sentindo hiperventilar com a revelação de Matthew. Ela se inclinou, levando a mão até o coração, tendo consciência que no passar dos segundos, seus batimentos cardíacos aumentavam.

— Se… sabia de tudo isso, por quê? Por que deixou que aquilo acontecesse conosco? — A voz de Miller tremeu com a possibilidade de Matthew ser algum parceiro das almas pecadoras que ele citou.

— Não sou eu que faço as regras, jornalista — Matthew vacilou, deixando transparecer o quanto a desconfiança da Harley exibida nas entrelinhas das perguntas o magoou. — Sou apenas uma peça no grande tabuleiro deles. Não sou ninguém. Não tenho nome, identidade, sanidade, paixão, motivação. Um nada. Sou vazio. Eles tiraram tudo de mim, e querem mais. Você consegue pensar se colocar nessa situação, jornalista?

— Não… eu…

— Você não me entende, jornalista. Eu pensei que entendesse. — Ele continuou ignorando o olhar arrependido da Harley. Trincou o maxilar, antes de continuar entre dentes. — Mas agora você também pensa que eu sou o vilão. Eu não sou. — Ele ponderou pausadamente.

𝐄𝐏𝐈𝐒𝐎́𝐃𝐈𝐎 𝐃𝐀 𝐂𝐈𝐃𝐀𝐃𝐄 𝐁𝐎𝐃𝐈𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora