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•Narrador•

Ashley certamente não era a filha de sonho.
Suas atitudes, vícios, pensamentos, comportamentos, não eram os melhores, e sem dúvida errados.
Todos pensavam que ela era um caso perdido, ela nunca melhoraria e seria alguém em vida, ela mesma concordava, já que as brigas semanais e invasões de propriedade, comprovavam isso, não havia uma semana que a garota não fosse parar na delegacia ou na diretoria, então psicólogos aconselharam experimentar novos ambientes, testar se o problema era a garota, os pais, ou o lugar onde ela estava.

Sua mãe, Jeniffer, ligou para sua irmã, Susan, que mora em Hawkins, procurando encontrar um lugar para sua filha problemática ficar.
No final das contas ela conseguiu, moraria agora com seus "primos e tios", apesar de não confiar naqueles homens, na verdade, em quem Ashley confia mesmo? Nem nela mesma ela confia, quanto mais em Homens.

Uma das seiscentas merdas que Carl, pai de Ashley, falava era que o principal motivo de sua filha ter maioritariamente problema com homens, era de que ela é muito gostosa e chama atenção, então eles implicam com fim em flertar com ela, mas supostamente a menina se recusava, já que era uma lésbica de merda que merecia morrer. Sim, estarmos nos anos oitenta é apenas um dos pequenos porquês de Carl ser homofóbico.
Palavras dele.

Segundo Carl, os longos cabelos escuros e ondulados, olhos verdes azulados, como um lago no meio da floresta, pele pálida, corpo violão, sorriso bonito, lábios carnudos e juventude, era a paixão de qualquer homem, aquele era o sonho de mulher, dele e seus amigos... sua filha.

•Ashley•

Parei na frente da porta amarela com três vidros decrescendo em laranja, a porta de minha nova casa, na qual eu estava ainda decidindo o que estava sentindo, quanto aquela situação.
Já do lado de fora, podia escutar música alta, que certamente podia ser sentida em meus pés, mesmo estando do lado de fora.
Toquei a campainha e cruzei os braços, minhas costas doíam das malas e parecia que não tinha ninguém em casa, já que a demora estava sendo imensa.

De repente a música abaixou e a porta foi aberta, dando visão a um homem médio, loiro e com um bigode, padrasto de Max.
Ele me olhou e forçou um sorriso

- Você deve ser Ashley, sobrinha de Susan- Falou em um tom calmo, porém desconfiado

- Eu mesma, prazer- Falei ainda de cara trancada, esticando a mão pra ele apertar

- Neil, Neil Hargrove, marido de Susan, é um prazer te receber aqui, desculpa tornar a questionar seu nome, é que a última vez que eu te vi, você era um pouco mais nova, agora mudou muito- Apertou minha mão com um pequeno sorriso, olhou pra trás, parecendo se certificar de algo- Pode entrar, esteja à vontade- Abriu a porta, me dando espaço para entrar- Irei chamar Billy para te ajudar- Saiu de perto de mim

Eu aproveitei para olhar em volta, eu costumava ir ali, tipo uma vez no ano, eles estavam morando aqui à dois anos, então eu estava vindo aqui pela segunda vez, eu sempre ficava por volta de um mês, coisa assim.

- Quem diria que Ashley Burton, seria minha colega de casa- Escutei uma voz masculina atrás de mim, me virei e vi um rapaz loiro, olhos azuis, bigode, corpo largo e alto, com uma regata branca decorada com um colar dourado que caía sob ela e uma bermuda preta. Não precisava de olhar por muito tempo, pra saber que era Billy Hargrove, meu "primo", que agora estava completamente mudado

- Mayfield, Billy... Mayfield- Corrigi sua frase, ele me analisava atentamente de cima abaixo

- Bem vinda ao inferno, princesa- Pegou minhas malas que estavam no chão e saiu de perto de mim, eu o segui, pois sabia que estava indo em direção de meu novo quarto- Aqui, seu novo quarto, decorado por Max- Ele entrou no quarto à frente do de Max e do lado do seu- Vou já passar as regras- Colocou as malas em um canto- Nada de garotos, não sai de casa sem avisar ou pedir permissão, não está em sua casa, tenha isso em conta, por isso pouco barulho, não sou seu pai então não tenho que aturar suas birras, aproveite sua estadia- Forçou um sorriso, saindo de meu quarto e batendo a porta

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