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Point of view
Xavier

Eu estou desenhando no meu quarto. Tô tentando distrair a minha cabeça de toda essa situação.

Mas minha paz nunca é duradoura. Logo alguém bateu na minha porta. Eu torcia para que fosse pelo menos a morte em pessoa.

- Wandinha? - falei ao abrir a porta - O que tá fazendo aqui?
- Sem enrolar, - entrou no quarto com pressa - me diz logo o que eu esqueci. Eu quero que me diga.

- Não foi nada demais... - tentei fugir disso tudo.
- Xavier, eu desci até a biblioteca Beladona a sua procura quando aquela louca me apagou. Eu sei disso. Eu lembrei disso. Por que eu fui a sua procura? E por quê eu parecia tão natural com isso?

É, acho que não dá mais para esconder. Bom, já que ela insiste, eu vou falar. Nem sei se ela vai acreditar, mas vou falar.

- Já que você insiste... - me sentei e minha cama - não sei se você vai acreditar nisso, mas não tenho porquê me preocupar.
- Quer parar de enrolar, Xavier?

Respirei fundo antes de começar a falar disso.
- A gente namorava. Eu e você. A gente namorava... - falei de forma pausada - há cinco meses.
- O que? Não, você está louco - ela virou de costas para mim e se apoiou em minha mesa.

Decidi ir acrescentando detalhes. Os quais seriam muito específicos para serem mentiras

- Você não lembra de nada que viveu comigo, então vou te falar. Você se aproximou de mim porquê eu precisava de ajuda. Porque eu não estava bem psicologicamente. No começo, você foi meio que obrigada a fazer isso por Ajax e Enid, mas depois, você passou a realmente se importar.

- Por que tá me contando isso? - perguntou com a voz fraca, ainda sem olhar para mim.
- Porque eu preciso que você acredite em mim, Wandinha. Você precisa acreditar em mim se quiser respostas.

Dei um tempo para que ela falasse algo, mas ela ficou quieta. Então eu continuei falando:

- Nós viramos amigos, muito amigos inclusive. As pessoas vivam insinuando que nós dois tínhamos algo a mais do que a amizade. - fiquei de pé, pois, estava ficando um pouco nervoso - Nenhum de nós se importava com isso. Nossos próprios amigos vivam falando coisas.
- Eu não sou de ser amiga de ninguém - falou ainda de costas.

- E também... - continuei a falar sem ligar para seu comentário - nosso primeiro beijo foi aqui, nesse quarto. Estava chovendo, eu estava desenhando, você veio procurar o Mãozinha, ele estava comigo. Tinha um rôle da Beladona e eu não fui, Enid foi com Ajax. Você ficou aqui, o que já era um costume, até mesmo antes de termos algo. Você se sentou no chão, e fez uma piada de mal gosto dizendo que eu teria metade do grupo da Beladona para seduzir...

Ouvi ela dar um leve riso com isso, mas ainda parecia tensa.

- ... bom, as pessoas que me interessavam, são pessoas que não deveria correr atrás. Foi isso que eu disse pra você. E depois do seu leve tic de lerdeza, eu te beijei. Fiquei com um imenso medo de não ser retribuído, de levar um tapa na cara. Mas você correspondeu, e até me surpreendeu. Depois, você aparentemente ficou nervosa, pegou o Mãozinha e saiu do quarto.

Ela finalmente virou de frente para mim. Seu olhar estava relaxado, como se tivesse baixado a guarda.
- Por que nada em mim diz que você está mentindo? - perguntou com a voz calma.
- Porque eu não estou mentindo. - digo - E se quiser, pode falar com a Enid depois. Mas diga que eu já te falei isso, só assim ela vai te dar alguma informação.

- Proibiu ela de me falar alguma coisa antes de você?
- Só precaução - dei de ombros.
- É muita informação para mim... mas isso explica algumas coisas.

- Como o que, por exemplo?
- Bom... no meu closet, tem uma caixinha, eu não lembrava dela, decidi abrir para ver o que tinha lá...
- E?
- ... e aí que tinha vários bilhetes assinados por você e direcionados a mim. Eu não contei isso para ninguém, queria acreditar que era mentira.

- E por quê isso?
- Porque eu me recuso a aceitar que eu me apaixonei por alguém, Xavier. Eu pensava que aquilo poderia ser alguma brincadeira minha, ou algo do tipo. Mas agora eu sei que não é, e isso vai me enlouquecer.

- Você não é obrigada a aturar tudo isso de uma vez, Wandinha...
- De acordo com você, namoramos há cinco meses, certo?
- Sim.
- Então deve saber que não me abalo fácil. Por que eu esqueci de você? E não venha com desculpas, eu quero saber.

- Bom... foi meu pai - falei, eu não tenho para onde correr mesmo - ele queria se vingar da minha "rebeldia". Enviou aquela feiticeira para apagar suas lembranças comigo e sobre mim. Fez isso para me atingir.
- Como assim "rebeldia"?

- Tem tempo para que eu explique?
- Tenho - se sentou na cama e eu sentei ao seu lado - por favor, fale.

Eu não vou falar de tudo que vivemos nesses meses, seria muita coisa e não quero sobrecarregar ela assim. E também não sei se estaria pronto para isso.

De qualquer maneira, é bruxaria, ela não vai se lembrar de nada, não importa o quanto eu fale.

Só vou contar da minha situação com meu pai, que foi o que causou a nossa aproximação e também a sua perda de memória. Veremos quanto tempo de conversa isso vai render.

Nota da Autora: Infarto? Tive. Até o próximo capítulo <3 (Não sejam leitores fantasmas, votem e comentem, please)

More than friends | Wavier - 2° Temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora