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Felix olha para o documento em branco que está aberto em seu laptop, tentando forçar seu cérebro a se concentrar, não conseguindo reunir uma única letra. Ele pega sua xícara da mesa e toma um grande gole de café, sabendo que a cafeína provavelmente perdeu seu efeito sobre ele há cerca de dois anos. Mesmo assim, ele toma diariamente, esperando que pelo menos funcione como um placebo.

Cada arrastar de cadeiras em sua proximidade ou um amassado abafado de papel rompe o minúsculo fragmento de paciência que Felix deixou neste momento. Ele ouve passos se aproximando de sua mesa, mas não tira os olhos da tela em branco.

- Este assento está ocupado? - ele ouve Minho perguntar ao seu lado, como se ele fosse um cavalheiro refinado que se interessa por pessoas em cafeterias regularmente.

- Não se você me pagar uma bebida -, diz Felix, desviando os olhos do laptop e olhando para ele.

Minho cai no assento como se seu próprio peso o estivesse puxando para baixo, pegando a grande xícara de café de Felix da mesa. Ele o sacode e bufa quando percebe que está quase vazio. - Chega de café para você, seu maldito maníaco. Durma um pouco de verdade.

- Não, eu preciso de uma bebida de verdade - Felix resmunga, afastando seu laptop e deixando cair a cabeça na mesa com um baque surdo. - De preferência algo que possa me deixar inconsciente por alguns dias.

- Você precisará encontrar um revendedor para o que quer que seja. - Minho dá um tapinha na cabeça dele com entusiasmo demais para ser considerado reconfortante.

- Você falou com Jisung? - Felix pergunta à mesa. - Ele está fazendo aquela apresentação hoje e não quero ligar para ele ainda, caso ainda não tenha terminado.

- Sim, ele me mandou uma mensagem tipo dez minutos atrás, - Minho diz, verificando seu telefone. Felix se levanta para se sentar corretamente, a tempo de ver o pequeno sorriso no rosto de Minho antes que coloque o telefone no bolso novamente. - Ele disse que correu tudo bem.

- Mm, - Felix cantarola baixinho. - Estou surpreso que você não tenha ido com ele para apoio emocional, - ele diz, tentando falar sério, mas falhando assim que o rosto de Minho fica ligeiramente nublado. - Você sabe, segurar a mão dele, dizer que ele fez o bem e tudo mais.

- Sim,- Minho diz inexpressivo, parecendo muito pouco impressionado. - Como você está, afinal? Ainda fingindo viver a vida de um padre?

Felix poderia ter previsto isso, honestamente. Ele sabia que o assunto viria à tona mais cedo ou mais tarde, ele só pretendia contorná-lo um pouco mais.

- Foda-se - diz ele, mas não pode evitar o sorriso que surge em seu rosto. - Se você quiser falar sobre Hyunjin, é só perguntar.

Minho olha para ele por um segundo, como se estivesse avaliando os méritos de interromper a conversa. Felix não gosta nada do visual, faz com que ele sinta que há algum problema ali que precisa ser resolvido.

Esta manhã, Hyunjin mandou uma mensagem para ele com o último vídeo de seu cachorro que sua mãe gravou. Ele começou a enviá-los regularmente depois que Felix perguntou o que ele estava assistindo que o fazia sorrir daquele jeito. Hyunjin insistiu que Felix precisa dessa dose de felicidade em sua vida e, com certeza, Felix não poderia discordar disso. Ele também gosta de como os olhos de Hyunjin brilham com a simples menção de cachorros, especialmente o dele.

Eles estão bem, nunca estiveram mal.

- O que quer que você e Hyunjin estejam fazendo, é problema seu, - Minho diz eventualmente, - Mas podemos conversar sobre isso se você quiser.

Mesmo que Felix tenha mencionado falar sobre isso primeiro, ele definitivamente não quer isso. - Você falou com ele? - Seus olhos voam para a vitrine da cafeteria enquanto pergunta, a pergunta simples de repente parecendo pesada. - Sobre mim, - ele esclarece, como se Minho pudesse entender mal de alguma forma.

Say yes to heaven; hyunlix.Onde histórias criam vida. Descubra agora